RENDIÇÃO - SANTINI
...Santini Lacerda...
A vida é cheia de ironias. E isso eu posso provar.
A minha mãe morreu cedo, o primeiro luto que tive que enfrentar, eu tinha apenas sete anos. Depois disso eu que já era retraído,tornei-me ainda mais introvertido. Meu pai, um militar disciplinado e rígido, nunca aceitou nada menos do que a excelência, e cobrava de mim a perfeição. Se é que ela fosse possível alcançar, visto que cada vez que eu pensava ter alcançado surgia uma meta nova. Desde a maneira de dobrar as roupas, até as minhas notas. Tudo deveria ser excelente. E nada menos que isso. Acredito que eu nunca tenha deixado meu pai satisfeito e orgulhoso. E chegou um ponto da vida que eu simplesmente desisti, desisti de conviver com quem apenas me cobrava.
Um dia você vai entender ele dizia. E caso não saísse como ele queria, haviam disciplinas e correções, e um militar da patente dele conhecia inúmeras disciplinas. Não havia espaço para brincadeiras ou coisas de criança, apenas exercícios para atingir a perfeição que o meu pai tanto queria. Foi assim que ele conseguiu me mandar para um internato na Inglaterra. E nesse internato conheci Henrry Toffel. Nos tornamos amigos desde então. Henrry era dois anos mais novo, porém a "vida" o fez amadurecer antes do tempo. Compartilhávamos do mesmo sentimento que permeava a nossa existência: A vida era uma constante ironia. Havia levado pessoas doces como as nossas mães, que só conheceram maldade e dor, e em troca deixou pessoas amargas e sem escrúpulos como os nossos pais. Apesar do berço de ouro, sua história era terrível, e essa era outra coisa que tínhamos em comum. Henrry foi embora algum tempo depois, quando a sua mãe faleceu, mas mantive contato, não apenas como amigo, mas como um irmão e quando atingi a maioridade cortei laços com o meu pai, e nunca mais o vi.
Eu já trabalhava na empresa que pertencia ao pai do Henrry, e quase me formando na faculdade, ele a todo custo tentava fazer seu amigo " engomadinho, inho, inho" como ele me chamava, ter a mesma vida desregrada dele, costumava dizer que Henrry era um canalha com escrúpulos, nunca abusou de ninguém, sempre deixava claro suas intenções para as mulheres a sua volta. Dois anos depois, Henrry também se formou, e quando o pai dele faleceu, ao invés de lágrimas ele suspirou aliviado, foi ao enterro apenas para manter as aparências da família, já que estava sempre nos holofotes da grande mídia. O seu pai havia deixado um mau exemplo e um império que Henrry não apenas assumiu, mas fez se tornar a maior e melhor empresa de tecnologia. Apesar da indisciplina ele era brilhante, me tornei o segundo a comandar as empresas de Henrry, era um trabalho que preenchia o vazio da minha existência vazia e complexa. Metódico, perfeccionista, e antissocial. Eram adjetivos que me resumiam, eu não costumava ser a pessoa mais habilidosa socialmente. Costumava ser intransigente não gostava de visibilidade, levava uma vida longe dos holofotes.
Eu estava terminando uma falsidade e já fazendo uma pós em ciências contábeis. E nesse dia ao chegar na faculdade atrasado, pois havia acabado de sair de uma reunião com gerentes de filiais, alguém esbarra em mim, todas as coisas que ela levava foram ao chão, além dela.
— Deus! Estou muito atrasada. — Diz o desastre ambulante.
— Certamente. Artes cênicas é do outro lado do campus. — Ajudei a moça a se levantar, e pegar as coisas que caíram, ela tinha uma boa aparência, um ar jovial e leve, as roupas eram largas e folgadas, e passavam um ar de desleixo com as normas de etiqueta.
— E o que fez você pensar que eu curso Artes cênicas? — Olhei ela de cima a baixo a arqueei as sobrancelhas, ela fixou os olhos em mim e entendeu imediatamente o que o meu olhar quis dizer. Eu apenas me virei e quando ia sair ela segurou meu braço. — Ciências contábeis. — ela disse me mostrando um papel de transferência, quase dei risada, mas achei impróprio, ao invés disso revirei os olhos ao ver em seguida que ela estava na mesma sala que eu.
— Ali, a direita. Segunda porta. — Ela saiu correndo como um furacão e foi até a sala, ajeitei o terno e segui até a sala. Quando eu entrei ela estava sentada bem do lado que eu costumava sentar, e eu me senti ligeiramente irritado pela desorganização dela, mochila jogada no chão, notebook torto,e lápis espalhados. Quando ela me viu foi a vez dela revirar os olhos. Podia jurar que ouvi ela resmungando "ótimo, não acredito nisso". Fiquei tão irritado ao longo da aula com os trejeitos dela que me mudei de lugar tentado prestar atenção na aula, quando acabou, arrumei minhas coisas e sai da sala, dirigi até o meu apartamenro como costumava fazer toos os dias e ignorei as ligações de Henrry, a esse horário a única coisa que o faria ligar para mim era o convite para uma mais uma balada. Não é o tipo de ambiente que me deixe confortável.
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Atualizado até capítulo 59
Comments
Diva
Uaaaaaaai!
Que Delícia!!!!
Aaaaaaaamei!!!!!!
2025-09-13
0
Diva
Isso é muito triste!!!
2025-09-13
0
Deisinha Silva🐶❤🐱
inho inho kkkkk
Henry 🥵
2024-06-26
3