...Bella ...
07h00
Acordo e olho no despertador, já estava atrasada, levanto correndo tropeçando nas caixas que ainda estavam no chão, e enquanto escovava os dentes procurava um sapato no meio das caixas no closet. Eu deveria ter arrumado, eu sei. O que posso dizer? As vezes eu fico adiando o que precisa ser feito.
Sabe o problema de pessoas com deficit de atenção? É fazer inúmeras coisas ao mesmo tempo, sem concluir nenhuma. A água para o café evaporou enquanto eu procurava a pasta de documentos no meio da bagunça, olhei no relógio e já eram quase oito horas!
Desliguei o fogo, achei a pasta e prendi o cabelo, calcei os sapatos e ainda voltei para conferir três vezes se de fato havia desligado o fogo e o modelador de cachos. Saio correndo e gritando para segurarem o elevador. O Senhor Certinho estava no seu terno perfeitamente alinhado com uma pasta na mão, ele me olhou de cima a baixo enquanto eu segurava a pasta e tentava guardar as chaves na bolsa, tudo isso enquanto tentava me lembrar se havia fechado a porta.
Ele estava imóvel, uma postura um tanto intimidadora, e para dissipar aquela aura negra do carrancudo eu comecei a cantarolar e a me mexer levemente. Ele me olhou como se eu estivesse fazendo algo de outro mundo.
Desastre ambulante. — ele não estava tão errado. Quando cheguei na imobiliária para fechar o negócio descobri que tinha esquecido a pasta principal em casa. Ótimo. E ao voltar para casa, descobri que tinha deixado o apartamento aberto. Gargalhei da minha falta de atenção. Peguei os papéis e conferi a porta e retornei para imobiliária. O novo escritório já estava pronto, precisava apenas instalar um sistema de segurança. Lauri já havia cuidado das contratações, e viria para cá essa semana auxiliar no que fosse preciso. O dia passou exageradamente rápido e eu não consegui fazer metade do que tinha planejado na minha cabeça. Retornei para casa, e depois de um banho, e ter feito um lanche de sobrevivente, e aqui cabe um espaço para dizer que Diná me faz falta. Além do amor e carinho a comida dela era especial. Me sentei no sofá e fiquei rindo do meu vizinho. Que pessoa mal-humorada, cheio de si, o que tem de lindo tem de grosso.
....♤....
...Santini...
07h00
Eu precisava fazer uma breve viagem. Minhas coisas ja estavam arrumadas e no carro, e como todos os dias eu sigo a minha rotina. Alongamento, escovar os dentes, exercícios e o meu café. Peguei a minha bolsa e saio. Entro no elevador e quando a porta estava quase fechando ouço um "Segure a porta!". Eu estava mesmo disposto a deixar a porta fechar. Mas acabei segurando. Ela entrou como um furacão do elevador. Chaves, celular, pasta e bolsa — ela era uma infame equilibrista. E sua aparência tentava ser "formal", mas beirava o desajuste. Por fim ela começa a cantarolar e a se mexer no ritmo que cantarolava. Eu devo ter feito uma expressão de confusão por que agora ela estava rindo.
— Bom dia senhor certinho!
— Não me chame assim.
— Eu te chamaria do seu nome, se eu soubesse.
— Por que diabos essa mulher estava sorrindo e cantarolando em plena segunda feira as oito da manhã?
— Meu nome é Santini.
— Ainda prefiro senhor certinho. Combina muito com você.
— Nem queira saber que nome combinaria com você.
— Ah então voce pensou em um nome para mim.
— O que te fez pensar que eu pensei em você?! Mas se quer tanto saber o que combina, certamente seria desastre ambulante.
— Sabe o que é mais chato nisso tudo? Nunca vou poder bater na sua porta e pedir uma xícara de açúcar. Por que não deve ter isso na sua casa, já que é tão amargo. — Ela pisca para mim, a porta se abre e ela me deixa completamente confuso. — Bom dia senhor certinho.
Poucos segundos e essa mulher já conseguiu gerar estresse por um dia todo. Entro no carro, e quando eu vou sair ela passa na minha frente e ainda teve a audácia de dar um sorriso. Essa mulher precisa urgentemente de bons modos.
Precisava passar no escritório antes de viajar, Grave estava chegando também.
— Bom dia senhor Lacerda.
— Bom dia Grace. Pode me chamar de Santini.
— Eu pensei que esses dias poderíamos almoçar juntos, Santini.
— Grace, eu não costumo sair com colegas de trabalho. — Grace soltou todo ar, demonstrando frustração. Parece que meu mal humor causava estragos onde passava. Me senti culpado, vendo a cara que ela fez. — Mas vemos isso depois ok?
— Sim senhor. — Dessa vez ela nem mesmo me olha. Felizmente não precisaria lidar com o Henrry, pois ele estava em reunião. Resolvi o que tinha para resolver e segui para o aeroporto.
Eu gostava da solitude. Ou talvez tenha me acostumado a estar sozinho. Ao entrar no avião coloco meus fones de ouvido e fecho os olhos, era um ótimo jeito de evitar qualquer aproximação alheia. Mas nesse vôo tudo o que conseguia pensar era como me sentia irritado, irritado por ter sido enfrentado por alguém com um senso de humor questionável e visão de mundo amabilista, ela parecia sempre me deixar sem resposta e era uma droga. Aposto que ela é uma dessas princesinhas que nunca tiveram que abrir mão de nada na vida, e cresceu num lar estruturado e teve tudo na mão, e aí pensa que todos ao redor devem ser do mesmo jeito. Depois de uma hora chego ao meu destino. Um carro ja me aguardava eu vou até o empresarial da T.T.I, geralmente sou eu que faço essas visitas técnicas para levantamento de dados financeiros. E assim foi, retornaria para casa no seguinte e depois de fazer tudo o que precisava ser feito,me hospedei em um hotel. O dia havia sido exaustivo, pedi serviço de quarto.
Mas essa noite me faltou o sono, que droga. Por que ela não sai da minha cabeça? Por que essa mulher insolente e implicante não sai dos meus pensamentos? Além de me irritar profundamente, sua audácia e argumentos infantis não saem da minha cabeça, junto com aquele cantarolar e dança desengonçada, sem contar aquele sorriso tripudiador.
Merda!
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Atualizado até capítulo 59
Comments
morena
eita colo adora julgar sem nem conhecer 🥴
2024-09-03
1
morena
ensina pra ela 😏
2024-09-03
0
morena
🤣🤣
2024-09-03
0