《Equipe Harley》

Ele estava em pé, de frente para uma janela, olhando as estrelas que brilhavam naquela madrugada fria, com sua espada, a Escorpion, sempre ao seu lado. Em suas mãos uma folha, que passa a ler com atenção: “Sua primeira missão será escoltar o representante do Reino de Iskald. Ele desembarcará na cidade portuária do sul…”. Harley esfrega os olhos e, logo em seguida, leva a mão ao peito, procurando por seu cantil, quando percebe que está de pijama. De repente, escuta um som vindo da sala do QG, e num instinto defensivo ele pega a espada e vai lentamente até a origem do som, deparando-se com Luke e Akemi, que estavam sentados no chão, comendo chocolate.

— Mas que porra…

— Foi ele!

— Foi ela!

Um aponta para o outro, na tentativa de se livrarem da bronca. Harley, indignado e bravo, pega a caixa de chocolate das mãos de Luke.

— Quem deu permissão para vocês saírem do quarto, e ainda mais para comer? — Ele coloca um chocolate na boca, fazendo Akemi protestar.

— Ei! Foi um presente de despedida do major Roger.

Harley, que já estava em seu terceiro chocolate, engasga ao ouvir o que a garota acaba de falar.

— Cof… Cof… Falasse antes! Pode estar envenenado.

Ele começa a analisar o ambiente com seu olfato, sentindo um aroma fora do comum. Parecia ser cheiro de carne e vegetais cozidos.

— Que cheiro é esse?

Com a boca suja de chocolate, e um sorriso sacana no rosto, Luke se pronuncia:

— É que chocolate me dá gases.

— Não, não é um cheiro ruim, é cheiro de comida.

Enquanto se dirige à cozinha, ele dá sua última ordem para Luke e Akemi:

— Os dois, VÃO DORMIR!

Ao chegar à cozinha, ele se depara com John. Seus olhos castanhos em um tom escuro estavam brilhando mais que o normal, enquanto manuseava uma panela sobre o fogão. Uma bandana laranja prendia seus cabelos negros. Com uma faca na mão ele cortava e descascava vários legumes e vegetais, jogando-os na panela. O vapor que saía fazia sua pele morena suar. Ao avistar seu comandante, ele presta continência.

— Comandante Barnes!

— Ok, vocês sabem que horas são?

Amália estava sentada com a cabeça apoiada na mesa. Ela esfrega seus olhos de cor púrpura e boceja.

— Duas e meia da madruga? — A garota passa a mão em seus cabelos castanhos, na tentativa de ajeitá-los. Então deita a cabeça novamente na mesa. Sua pele branca estava agora vermelha por conta do frio que fazia naquela madrugada.

— Por que vocês não seguem o exemplo da Judith e vão dormir?

— Ela saiu… Disse que ia dar uma volta para respirar.

— Ok, vocês só podem estar de brincadeira com a minha cara… Vão dormir, AGORA! — Ele respira fundo, tentando não se estressar. — Amanhã temos nossa primeira missão.

— Mas já?

— Parece que o Conselho de Garden quer que entremos em cena o quanto antes.

— Mesmo com quase nada de treino?

— Quem vocês acreditam que é o inimigo? Agora vão dormir logo, antes que eu decida puni-los.

《♤♡◇♧》

Cidade portuária ao sul de Garden: Henoria

Os cavalos corriam levantando poeira na estrada de terra. Em meio ao som das patas dos cavalos batendo no chão, Harley explicava a missão à sua equipe.

— Vamos até Henoria para escoltar um representante do Reino de Iskald. Se Wolfsburg atacar, será no nosso porto, pois ninguém entra e nem sai de Iskald.

Iskald é um reino fechado ao resto do mundo, nem mesmo espiões conseguem entrar lá, e os que se arriscam a tentar não retornam. Com exceção de um único representante, ninguém sai de Iskald. Os rumores dizem que espinhos de gelo gigantes rodeiam todo o reino, e se alguém tentar entrar lá é perfurado na hora.

Longe dali, o sol estava indo se esconder atrás dos montes verdejantes da região. Seus últimos raios banhavam o horizonte, dando aquele ar de paraíso. O céu, tingido em tons de amarelo, laranja e azul, esboçava a mais bela pintura natural já presenciada pelos olhos humanos. Pássaros voavam em direção ao astro-rei e embelezavam ainda mais a paisagem. Major Roger desce de sua carruagem vestido com uma roupa formal, um colete escarlate, um casaco comprido no mesmo tom, que tinha botões pretos, e calças e sapatos na mesma cor. Roger olha em volta e vê várias crianças que brincam, correm e gritam na grama verde do local.

— Senhor Locke! — uma senhora com a pele cheia de marcas temporais, vestindo trajes de freira e com um sorriso no rosto, estende a mão para cumprimentá-lo.

— Irmã! Eu queria informações de uma das crianças que veio deste orfanato, por volta de 1837.

— Vamos, levarei o senhor até a sala onde guardamos as fichas.

Eles passam por diversas crianças que corriam para lá e para cá alegremente. Algumas freiras cuidavam do local. As paredes de tijolos cinza e as grandes janelas de vidro do orfanato remetiam a uma igreja, pois o local era mantido pelo clero.

— Guardamos as fichas mais antigas aqui. — Ela para em frente a uma sala com uma porta em tom marrom.

Ao entrar, Roger se depara com várias gavetas. Estão organizadas por data, e as fichas, por ordem alfabética.

Roger vai até a gaveta com a etiqueta de 1837. Ele abre a gaveta procurando pela letra “H”, mas não encontra o nome de Henry.

“Mas é claro, ele não se chamava Henry” — pensa ele, fechando a gaveta.

— Henry Campbal; ele vem desse orfanato? Foi adotado pela matriarca da família Campbal.

— Ah, sim! O pequeno Lancelot. — A senhora tinha um semblante amigável e sereno. — Onde eu estava com a cabeça? As fichas das crianças que foram adotadas ficam em outro lugar. Se não se importar de esperar aqui, vou buscá-la.

Roger confirma com a cabeça. Ao sair da sala e dar as costas ao oficial, o semblante da velha freira muda drasticamente, de amigável para sério. Ela murmura um “enxerido”, enquanto anda pelo longo corredor. Um minuto depois ela retorna com uma pasta nas mãos, entregando-a para Roger.

— Aqui está.

Roger analisa a pasta. Ao abri-la, ele percebe diferir das outras que viu. Estava com o papel amarelo, devido ao tempo, e a tinta quase se apagando em algumas palavras.

— Diga-me, senhora, Henry nasceu em 1837?

— É o que está na ficha.

Roger sorri amigavelmente.

— Está bom; é melhor eu ir, mas antes eu poderia tomar um pouco de água?

— É claro! A cozinha fica no fim do corredor.

Enquanto andava pelo longo corredor, ele se perdia em seus pensamentos, franzindo a testa: “Nem ferrando que o Henry nasceu em 1837. A ficha aparenta ser mais velha, então ele é mais velho do que diz ser; e essa velha, parece que ela esconde algo”. Ele chega à cozinha e vê uma das freiras picando várias batatas. Roger pensa em perguntar-lhe o porquê de terem mentido na ficha de Henry, mas a moça parecia ser nova ali, por conta de sua aparência jovem.

— Olá! Posso ajudá-lo?

— Uma informação! Você já ouviu falar de Henry Campbal, ou Lancelot?

A moça então para o que está fazendo, e vira sua atenção totalmente para Roger.

— Sou nova aqui, mas conheço uma história. Dizem que certa noite, em 1830, um lobo se apaixonou por uma rosa. Ela morava em um grande jardim, por isso não puderam ficar juntos, e do amor dos dois nasceu um menino, chamado Lancelot.

Em sua carruagem, major Roger retira do bolso de seu casaco um bloco de notas e uma caneta. Ele suspira, risca o nome de Henry de seu caderno e, antes de guardá-lo, retira uma folha. Ela estava gasta, com marcas de dobras, e nela havia um retrato falado de um homem, que usava um chapéu, com os cabelos até os ombros. Os olhos se igualavam aos de uma águia, e tinha um semblante assassino. O major olha pela janela, avistando as poucas estrelas que já apareciam no céu azul-escuro enquanto grandes pinheiros eram deixados para trás, dando lugar a imensos campos com flores violeta. Roger se pega pensando na história que a freira havia lhe contado. O que ela queria dizer com “o lobo se apaixonou pela rosa”? Certamente a pergunta não sairá da cabeça de Roger até que ele entenda o significado.

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