《Equipe Harley》

(Flash Back)

Império Wolfsburg

Em uma sala escura, pois as cortinas das grandes janelas estavam fechadas, uma garota recebia instruções do que deveria fazer. Ela usava o uniforme branco e dourado do Império Wolfsburg. Havia um homem à sua frente, que lhe entregava um papel.

— Recebi essa folha de outra informante. — A folha era o anúncio de recrutamento de Garden. — Reúna o máximo de informações; atacaremos Laiden na primavera. O Império Wolfsburg não está nada bem; se descobrirem que nosso Rei Celestial fugiu, vamos perder esta guerra.

— Certo, ministro!

(Flash Back off)

《♤♡◇♧》

Akemi arrumava apressadamente suas coisas em uma mala. Após ter enchido a mala, ela tenta fechá-la, mas sem sucesso. Determinada, prende seus cabelos pretos fazendo um rabo de cavalo, passando a mão sobre a testa, dizendo para si mesma:

— Vamos lá!

Com seu olhar castanho-escuro ela analisa a mala, procurando a melhor forma de fechá-la, até que escuta uma batida na porta.

— Entre! — diz a garota, ainda analisando a mala e pensando no que deve deixar para trás.

— Você já vai? — major Roger olha para a mala que ela tentava fechar.

— Sim, tenho que estar lá às dez, no meio do nada. — Ela suspira desanimada ao lembrar-se da localização de seu novo QG.

Roger senta na cama ao lado da mala aberta, e então pega um boneco de porcelana que havia ali; o boneco tinha longos cabelos roxos, olhos negros e um semblante melancólico, que dava a ele a aparência de estar vivo.

— Vai levar essa coisa medonha? — ele encara o boneco, que parecia o encarar também.

— A Lucy me disse uma vez que muitas vezes parecia que ele estava olhando para ela.

Ele então larga o boneco sobre a mala.

— Se eu fosse você me livraria desse treco, vai que ele está possuído!

— Não vou fazer isso, foi a única coisa que sobrou da minha irmã.

— Por falar em irmandade, você não contou para o Henry que o estou investigando?

Roger Lock, filho mais velho do rei Alexandre Lock e da rainha Elisabeth Lock, conseguiu sobreviver ao assassinato da família real principal, em 1837, pois sua avó materna estava cuidando dele na época. Como ele não havia nascido com o poder celestial de Garden, o sucessor do rei Alexandre seria seu irmão mais novo, que havia acabado de nascer, apesar de todos dizerem que seu irmão havia morrido junto à sua mãe. Roger acreditava que ele ainda estava vivo em algum lugar, pois seu corpo não havia sido encontrado, então ele mesmo fazia sua investigação à procura de seu irmão mais novo.

— Ainda não. Quer minha opinião? Penso que está se iludindo de novo. Você conhece o Henry desde que era criança, só porque ele é adotado não quer dizer que ele seja seu irmão; deve ser seu eu interior querendo que ele o seja, porque passaram a vida juntos.

— Você pode ter razão, mas por via das dúvidas, investigarei.

《♤♡◇♧》

As nuvens cobriam o sol, escurecendo a paisagem. O vento trazia a brisa gelada de inverno junto a ele. Harley encarava todos de sua equipe de braços cruzados, esperando pacientemente por Akemi, que estava atrasada.

— ATRASADA! — Harley olha para a recruta ofegante, que carregava duas malas. — Que foi, veio correndo, é? — ele diz em um tom sarcástico.

— O cocheiro disse que não vinha até aqui, então tive que andar setenta metros com essas malas de mer…

— Vocês têm 30 minutos para arrumarem suas coisas. Temos três quartos; as garotas ficam em um, os dois garotos ficam em outro, e o que sobrou é meu.

— Não quero ficar no mesmo quarto que alguém do oriente, eu me recuso! — Judith cruza os braços.

Mesmo não tendo as características asiáticas, Akemi ainda possuía seu nome vindo do império Okami, o que era motivo de sofrer certo preconceito, mas isso não importava para Akemi; ao contrário, por certo motivo, a garota se orgulhava do nome que carregava.

— Ok, quem disse que tem escolha?

— Por que não fazemos duplas? Não vejo problema em dormir ao lado de alguém do oriente. — Luke sorri para Akemi, acenando gentilmente para ela.

— Ok, que saco, viu! Até isso vocês vão complicar? Então será assim, eu e John, Luke e Akemi, Amélia e Judith. Por conta dessa discussão vocês têm cinco minutos para arrumar suas coisas. Não quero nada fora do lugar.

《♤♡◇♧》

O major Roger está sentado em frente ao coronel Klaus, que bebe uma boa xícara de café.

— Alguma novidade do paradeiro do seu irmão?

— Já tenho uma noção. O Henry, ele…

Coronel Klaus suspira interrompendo Roger.

— Você não está se enganando de novo?

— Vou até o orfanato onde ele cresceu, saber como ele chegou lá, investigar mais.

— Faça como quiser.

— Temos que achá-lo antes de o reino de Wolfsburg conseguir um suporte.

— O único dos quatro grandes reinos que possui um suporte é o reino Iskald, e eles já deixaram mais do que claro que não querem se envolver nessa guerra.

— Ouvi dizer que o império Okami possuía um suporte, mas o rei deles foi capturado por Wolfsburg.

— E o povo oriental virou escravo e ficou à mercê de Wolfsburg.

Klaus levanta e vai até a janela, avistando vários soldados treinando do lado de fora do prédio.

— E nós, o que fizemos?! Mandamos exterminar as vilas de orientais de Garden — Roger diz com certo repúdio em seu tom de voz.

— Eles nos traíram. Tínhamos um tratado de não agressão. Eles se aliaram a Wolfsburg para nos atacar, não podíamos deixar barato.

A história que é contada ao povo de Garden transforma o império Okami em traidor. Ele rompeu o tratado de não agressão que ambas as nações possuíam, aliando-se a Wolfsburg em um ataque contra Garden, o que resultou em guerra. Logo depois, Wolfsburg escravizou o povo do império Okami, alegando que ele era um traidor, obrigando-o a ir para a linha de frente da guerra. Por sua vez, o rei celestial de Okami, Ayato Hamada, foi preso no calabouço do castelo de Wolfsburg.

《♤♡◇♧》

Harley encarava cada um de sua equipe com um semblante sério. Seus olhos turquesa transpareciam desprezo.

— Quero saber como usam seus poderes mágicos e como estão de luta corpo a corpo. Quero que, um por um, ataquem a mim com tudo que vocês têm.

Ele joga a capa azul escura que usava contra o vento, fazendo com que o vento a leve, parando no chão. Logo em seguida, ele olha para o céu. — Ainda bem que estamos no inverno, odeio verão.

Ele então volta sua atenção para Luke; o garoto tremia e orava mentalmente para não ser o primeiro. Luke percebe que suas preces não haviam sido atendidas quando Harley para na frente dele, encarando-o seriamente:

— Você! Será o primeiro.

Luke invocava vários escudos, uns laranjas, outros vermelhos. Sem dificuldade alguma, Harley os quebrava com a espada que carregava em mão. A espada era envolvida de escuridão, e sua ponta lembrava o rabo de um escorpião, por isso a cimitarra levava o nome de “Escorpion”.

Harley se enfurece com o garoto, que estava na defensiva, e decide por um fim na defesa do garoto; ele quebra o escudo de Luke.

— Sua defesa é fraca! Precisa de mais uns dez anos de treinamento para me vencer, garoto.

— E-e-eu não quero vencer, só-só me defender.

— O inimigo não terá pena de você! — Harley mais uma vez quebra o escudo de Luke rapidamente, derrubando-o antes de criar outro escudo, e pisando em sua mão. — Agora você não consegue criar mais escudos. E aí, vai lutar como homem ou continuará sendo um “f-f-fra-frango”?

— S-Se-Seu nanico! — Luke não havia pensado antes de insultar seu comandante, o que o faz levar um chute no estômago.

— Os que não têm poder continuam oprimidos. Você vai se levantar e lutar ou vai ser um dos oprimidos? — Luke recebe vários chutes enquanto está jogado no chão.

Todos da equipe observam apavorados e temem ser os próximos a lutarem com Harley, ou melhor, a serem massacrados por Harley.

— Se você morrer no campo de batalha, eu mesmo vou te reviver, só para te matar de novo — ele fala olhando diretamente nos olhos castanhos de Luke, que tenta ficar em pé. Quando o garoto finalmente consegue ficar em pé, Harley o derruba novamente, só para ver Luke ficar de pé mais uma vez, e se colocar em posição de luta.

— E-e-eu não quero morrer jovem! Ensine-me a sobreviver! — Luke se curva diante de Harley, demonstrando respeito.

— Ok, a partir de agora anotem tudo o que eu disser e fizer.

Luke treinava com uma espada de madeira, tentando se igualar a Harley, mas parecia que a cada dia que treinava menos conseguia usar uma espada. Assim como ele, todos da equipe treinavam individualmente, e em conjunto. A equipe não estava em sintonia, ainda, mas com treino e um pouco de tempo eles estariam mais unidos. Luke lutava contra Judith; a garota o atacava com uma lança de madeira, enquanto ele tentava atacar com uma espada do mesmo material.

— Ok, agora chega! Você só está se machucando, não consegue usar uma espada. Treinei minha vida toda para me aperfeiçoar na arte da espada. Só existem dois homens mais polidos que eu na arte da espada, e um deles foi quem me ensinou. Sei reconhecer alguém que tem futuro.

— Talvez possamos encontrar outra arma para ele usar.

— Judith está certa, mais tarde te ajudo a escolher.

— Certo, comandante Harley!

Harley havia dito a Luke que não adiantava somente defender, era preciso atacar, por isso o garoto aperfeiçoava sua magia de abjuração protetora e tentava aprender a usar algum tipo de arma, além da de fogo. Luke Fallett era um garoto vindo do subúrbio de Garden, mas suas atitudes se comparavam às de um nobre. Sempre carregava um sorriso no rosto e tentava trazer alegria para a equipe, mesmo em tempos como esse. Quem via o garoto assim não imaginava o que ele já havia passado até chegar ali, ou toda a dor que ele sentia quando apanhava de seus irmãos mais velhos.

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