Rei Celestial

Rei Celestial

《Capítulo 1: Garden》

《♤Tragédia》

(1837) Capital de Garden: Laiden

O sol iluminava a praça da capital naquele dia, e havia várias pessoas reunidas por lá, gritando palavras de ordem como "Morte ao traidor!", "Traidor!", "Iria entregar a nação ao inimigo!". Algemado, acompanhado de dois homens que o escoltavam, usava roupas simples e nada dignas de um rei. Caminhando sobre uma estrutura de madeira, onde havia uma corda mais à frente, ele para e olha para multidão, analisando cada um dos presentes, como se procurasse alguém em especial.

—Anda logo! — um dos carrascos diz ao mesmo tempo em que o empurra.

Alexander tinha cabelos loiros como raios de sol, e olhos castanhos que agora estavam com um semblante triste e vazio. Com a cabeça baixa ele para em frente à corda, que é logo colocada em volta do seu pescoço por um dos carrascos. Alexander olha para a frente, encarando as pessoas que ali estavam testemunhando sua morte. Seu último pensamento foi sobre sua família; seus filhos estariam bem agora? E sua esposa, ela seria morta também? De repente, com um empurrão na alavanca, Alexander Lock, o último rei de Garden, perde sua vida.

Naquele mesmo dia uma forte chuva começava a cair durante a noite, dificultando o avistamento da lua e das estrelas. Uma mulher com longos cabelos negros, olhos azuis quase sem vida, pele branca e gelada por conta da chuva que se intensificava a cada minuto, carregava em seus braços algo enrolado em panos brancos, enquanto corria o mais rápido que podia. De repente ela escorrega na lama que havia se formado e, ao olhar novamente para cima, avista uma figura usando um sobretudo preto. Sua face está coberta por uma assustadora máscara de raposa negra, e mantém as mãos nos bolsos, aparentando calma e tranquilidade.

O homem por trás da máscara suspira e olha para cima, apreciando a chuva que cai. A mulher, com medo do que está por vir, começa a chorar.

— Por favor, não! — ela diz ao ver uma arma apontada para si. Nesse momento, um choro de bebê toma conta do cenário. O homem olha para o pano branco que ela carregava e abaixa a arma.

— Isso é... Solte-o!

Em meio às lágrimas ela começa a cantar uma canção com uma linda melodia, acalmando o filho em seus braços —"Somos pinturas temporais, e o destino é o autor, como um quadro em branco ganhando cor...". — Enquanto canta, ela larga lentamente o bebê no chão. Ao parar de cantar, o homem aponta a arma para ela novamente.

— Posso me despedir?! — ela diz olhando para o bebê enquanto tira um colar que estava usando para colocá-lo na criança. A moça, então, dá o último beijo na testa de seu filho.

— Você já aceitou seu destino. Não se preocupe, alguém vai encontrar ele pela manhã.

Um raio corta o céu no momento do tiro, fazendo com que os dois sons tornem-se um só. O sangue da moça se espalha pelo cenário, e seu corpo sem vida cai no chão, ao lado de seu bebê. O homem se vira para sair dali quando, então, a criança começa a chorar; ele segue andando, mas logo decide parar. Então dá meia-volta e pega o bebê em seus braços.

— Mas que criaturinha bonitinha! — Ele olha para o bebê e sorri por trás da máscara. — Vai ser bom ter alguém — diz enquanto conversa com a criança, e segue andando. — Bem, qual vai ser seu nome? Rodeado pela morte desde que nasceu... Que tal...

No dia seguinte o sol brilhava sobre uma nova Garden. Um garoto vendedor de jornais gritava as manchetes do jornal em suas mãos para as pessoas que passavam por ali:

— "Ex-rainha de Garden, Elizabeth Lock, é encontrada morta!", "Protestos no país todo pedem votações para eleger representante do povo", "Onde estará o poder celestial de Garden?".

Dois militares que liam o jornal ali conversavam sobre a situação em que seu país se encontrava:

— Agora só há dois caminhos para Garden, guerra civil ou aceitar que se torne uma república.

O outro militar que estava com ele argumentava:

— Mas estamos em guerra contra o Reino de Wolfsburg! Garden não vai aguentar uma guerra civil! — fala olhando para o jornal.

— O melhor para Garden, no momento, é aceitar se tornar uma República. — Ele olha para o céu azul sem nuvens, onde alguns pássaros voam livremente. — Parece ser um novo tempo.

Nesse mundo algumas pessoas conseguem usar magia, mas existe uma que somente os reis das quatro grandes nações conseguem utilizar; essa magia é chamada Magia Celestial. A pessoa que a utiliza pode invocar exércitos inteiros, e essa habilidade, após a morte do rei, é passada para um dos seus filhos. Mas há um "porém": para utilizá-la, o rei deve ter ao seu lado um abjurador com poderes de cura, ou, como dizem, um "suporte", já que após usar a Magia Celestial o corpo se torna muito fraco, por conta do tanto de energia gasta.

《♤♡◇♧》

(1857) Fronteira terrestre entre Garden e Wolfsburg

Dmitry estava sobre o chão, havia sangue por todo lado, manchando suas madeixas brancas. Seus olhos de cor púrpura cada vez mais perdiam o brilho e a vida. Ao olhar para a frente, com a visão turva, só podia enxergar a silhueta borrada de quem o deixou no estado moribundo em que se encontrava, aquele em quem mais confiava e considerava como irmão. Tomado pelo ódio, Dmitry, com o sangue fervendo, usa suas últimas forças para jurar morte e vingança àquele que o deixou de tal forma.

O pôr do sol manchava o céu de um laranja-escarlate, assim como os corpos dos soldados manchavam o solo de vermelho, marcando a batalha ocorrida há algumas horas. Infelizmente não houve sobreviventes de ambas as nações, e tampouco vencedores, pois em uma guerra ambos os lados perdem. Em meio aos corpos ele anda sem rumo, tentando deixar para trás o que acabou de fazer. Ter que assassinar Dmitry foi a gota d'água, e seus olhos turquesa transpareciam toda a raiva e dor que sentia naquele momento. Ele retira seu sobretudo vermelho, com estampas que lembram a carta de ouros do baralho, e logo em seguida desembainha a espada que carrega na cintura.

— Não quero morrer como um verme — aponta a espada para o próprio pescoço, sendo tomado por um desejo de acabar com o sofrimento que tortura sua mente.

Mas antes de concluir seu ato suicida ele desvia o olhar para o lado, avistando um soldado ainda vivo, dando seus últimos suspiros. A farda azul indica ser um soldado de Garden.

— Você é de Garden... — Ele se agacha, pegando a identificação do soldado. Nela está o nome "Harley Barnes".

Ambos aparentavam ter a mesma idade, a mesma cor de cabelo, apenas o que diferenciava era o corte, o que poderia ser facilmente resolvido. Sem pensar duas vezes, ele pega a identificação do soldado moribundo, pensando ser essa a oportunidade perfeita para fugir de seu passado sangrento. Viver em busca de redenção não seria tão ruim para uma alma pecadora, a qual já havia tirado tantas vidas sem questionar. 

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Ana Regina Fernandes Raposo

Ana Regina Fernandes Raposo

VAMOS VER SE COMPREENDO AS COISAS QUERO VER O QUE ACONTECE.

2023-07-19

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