Após pentear os cabelos, prendi-os e fui alimentar os porcos. O sol já iluminava o lado de fora, anunciando que já era hora das crianças acordarem.
Tomamos café juntos e depois ajudei Maria, minha pequena, a pentear seus longos cabelos castanhos escuros, colocando um pequeno laço vermelho em seguida.
Resolvi passear com meus filhos Antônio e Maria, para me distrair um pouco. Estava um dia quente, então propício para caminhar, diferente do friúme das manhãs anteriores.
Trajando meu tailleur de tons cinzas, parecia ajudar a esquentar muito mais meu corpo e a refletirem o sol diretamente em mim, fato esse rechaçado por Antônio que chamava-me de exagerada.
— Mãe estás a exagerar, estás um ótimo dia para brincar.
Maria estava mais agitada, não havia puxado a personalidade do pai. Ela era faladeira e expunha opiniões a todo momento. Enquanto Antônio limitava-se a pequenos gestos corporais, sendo a cópia de seu pai.
Havia uma animação ímpar na cidade, alguns homens tinham chegado à cidade para a reforma da unificação das redes dos trilhos, nossa cidade deixaria de ser apenas uma baldeação para trens de carga.
Finalmente teríamos uma Maria Fumaça passando por nossa cidade, facilitando muito o sonho de conhecer a capital. Fiquei imediatamente empolgada com essa ideia, seria algo esplêndido.
Enquanto meus filhos brincavam com seus amigos, acomodei-me em um banco que estava próximo deles, assim poderia vigiá-los e ao mesmo tempo curtir o belo dia.
Estava distraída olhando para Maria que brincava de amarelinha com outras crianças e não percebi que alguém havia sentado ao meu lado.
— Dia quente hoje, não acha?
— Ah... É sim. — Respondi com acanho.
— Que descuido de minha parte. Desculpe-me pela falta de educação, Meu nome é Dário. E o seu, senhorita? — Perguntou tirando o chapéu em forma de educação.
— Senhora… Sou casada. Desculpe-me, mas não te conheço, és novo aqui na cidade?
— Desculpe Senhora, e sim. Vim a trabalho como muitos outros.
— Espero que consigas algo.
— Na verdade eu já consegui. Sou um dos que estão trabalhando na reforma da estação aqui de Taubaté.
— Nossa, que espavento! — Tentei ser simpática, mas sem dar muita conversa.
— Nem tanto... Mas pelo menos é um bom trabalho.
— És de qual cidade? — Eu tentava não demonstrar arroubo.
— De São Paulo, capital.
— Desculpe a bisbilhotice da minha parte, mas por que alguém da capital procurarias trabalho no interior?
— Tenho de irdes onde estás em demasia, e no momento a estrada de ferro és a melhor alternativa.
— Tenho de corroborar com você.
— E pretendes voltar para a capital quando acabares o trabalho?
— Não sei... Nunca sabemos para onde o vento poderá soprar. — Respondeu soltando um sorriso encantador. — Conheces a pousada da Dona Joana? És onde estou com alguns amigos, Se quiseres, poderia mostrar-me a cidade, pois ainda não a conheço muito.
Na hora fiquei nervosa com o convite, não era certo aceitar, como mulher casada deveria colocar-se em tal lugar, mas algo dentro de mim gritava para que aceitasse, porém antes que pudesse responder, fomos interrompidos.
— Mamãe! O Antônio machucou-se jogando bola.
— Oi filha... O quê? Onde estás ele?
— Lá, caído no chão. — Ela apontava para o lado oposto de onde estávamos.
— Estás tudo bem Mãe, só ralei o joelho. — Antônio gritavas com cara de dor, vindo manquitola em minha direção.
— Então és casada mesmo? — O homem perguntou um pouco surpreso.
— Sim. Casei-me há 8 anos, já tenho dois filhos como podes ver...
— Que pena! Julgo que cheguei tarde... — Falou Dário, ruborizando meu rosto.
— Preciso ir... Foi um prazer conhecê-lo, senhor Dário! — Falei levantando-me apressada, indo na direção do meu filho que ainda mancava bastante.
— O prazer foi meu, senhora.
Depois de nos afastar alguns passos, pudia ver no olhar da pequena o anseio de curiosidade que transborda de toda criança.
— Mamãe, quem eras esse homem? — Perguntou Maria sem disfarçar a curiosidade.
— Um amigo, filha. Você promete uma coisa para a Mamãe? — Virei-a de frente a mim. — Não contes para o papai, ele poderá ficar bravo com a mamãe, estás bem?
— Por que o papai ficarias bravo com a senhora? — Havia uma inocência angelical no rosto da menina.
— Porque o papai às vezes é rude, e tu não vai quereres que ele fique enfurecido comigo, estás entendida amor?
— Sim mamãe. — Ela sorria gentilmente.
— Então dê-me um abraço bem forte.
Enquanto acudia Antônio e via seu ferimento, não conseguia parar de pensar em Dário. No auge de seu vigor físico, ele aparentava não ter mais que 25 anos. Moreno e bem alto, vestia uma calça de tecido e uma camiseta simples, um pouco surrada provavelmente pelo trabalho braçal que fazia.
Após fazer alguns mimos em meu filho, ajudei-o a levantar e assim voltamos para casa. No caminho passamos na mercearia do Senhir Calil e pegamos pães e leite. O dinheiro estava um pouco curto e por isso não havia espaço para comprar muitas coisas.
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Atualizado até capítulo 78
Comments
Valdirene santos
esse Dário é bem direto gostei dele 🌹
2023-07-02
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ANA LUCIA VANDAM DE SOUZA
Ho Deus como não cair numa tentação novinho desses..Jesus kkkk
2023-06-22
0
Deia
Esse Dario do jeito que descreveu ele deve ser um moreno gato daqueles bem bonito. Ele já deu em cima dela na maior cara de pau 🤣🤣🤣🤣
2023-05-03
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