Capítulo VI

O dia logo amanhece, e Larissa abre lentamente os olhos. Ao levantar cuidadosamente a cabeça, ela observa o semblante tranquilo de Jordan, que logo dá um largo sorriso ao se sentir observado pela moça.

Larissa: Bom dia, dorminhoco!

Jordan: Bom dia, bela adormecida! Dormiu bem?

Larissa: Melhor, impossível. Eu tive o melhor travesseiro.

Jordan: É, eu percebi. – Ele ri.

Larissa: É, você? Dormiu bem?!

Jordan: Maravilhosamente. Eu não dormia tão bem assim há muito tempo. Nem me lembro quando foi a última vez!

Larissa: Olha só! Fico feliz em saber disso.

Jordan dá um sorriso, puxando novamente Larissa para cima do seu peitoral. A moça dá um sorriso, passando o braço em volta da cintura dele.

Jordan: Hoje você vai passar lá na dona Rosa?

Larissa: Vou sim. Quero conversar com ela, sobre voltar a trabalhar lá com ela. Porém, eu morro de medo do Pardal aparecer por lá, e armar os espetáculos dele, como ele sempre fez. Sendo esse, o motivo pelo qual eu saí de lá.

Jordan: Pois, pode ficar tranquila quanto a isso. O Pardal não será nem louco de ir lá. Em primeiro lugar, porque ele não é nada seu. Segundo, porque, eu não sou o antigo dono desse morro, que deixava quem bem quisesse, fazer bagunça. Todos os seguranças, e principalmente, vapores, possuem ordens expressas, para não permitir que o idiota do seu ex se aproxime.

Larissa: Obrigada por isso! Não sabe o alívio que me dá. Eu, graças á Deus, pude me livrar dele.

Jordan: E, a sua mãe? O que ela dizia sobre isso?

Larissa: Bom, não posso chama-lá de mãe. O termo, que mais define é "a mulher que, me colocou no mundo." Ela nunca se importou comigo. Ela mesmo fez questão de deixar bem claro, que não me ama. Ela nunca me amou, e nunca nem se deu ao trabalho de fingir. Eu fui criada pela minha tia, que sempre cuidou de mim com todo o amor e carinho do mundo. Porém, a minha tia desapareceu, misteriosamente. Eu sofri muito quando ela desapareceu. Na realidade, sofro até hoje, por não ter notícias dela. A mulher que me colocou nesse mundo, sempre foi uma mulher da vida. Ela sempre se prostituiu, e isso não acabou nem quando ela se casava, porque, ela pagava a dívida dos homens dela, com sexo. Eu já presenciei diversas cenas de sexo oral, anal, ménage e até mesmo, grupal. Ela nunca teve pudor. Ela nunca me respeitou. Até que, ela arrumou esse atual marido. Quando conheci o Pardal, ele não era vapor ainda. Ele era somente um fogueteiro iniciante. A minha mãe não ficou nada satisfeita com aquilo, porque, ela tinha planos de vender a minha primeira vez. Ela queria que eu me tornasse uma prostituta como ela. Essa é a verdade! A mulher que me colocou nesse mundo, me espancava o tempo todo. Me deixava sem comer, sem beber, e já me queimou com ferro de passar, com cigarro, comida quente. Ela nunca teve piedade de mim. Ela me colocou para fora de casa, depois do meu "padrasto" dizer que, compraria a minha virgindade. Ele perguntou para ela, quanto que ela queria, e ela surtou. Porém, ela não disse que a culpa era dele. Ela disse que, a culpa era minha, que eu estava seduzindo o marido dela, que eu era uma falsa traidora, e que, ela não me queria mais na casa dela. Assim que o Pardal soube, eles tiveram uma discussão feia, e ele me colocou dentro de casa. O que eu pensei que seria o fim do meu inferno, foi na verdade, somente o começo dele . Os primeiros dias de casados foram bons. Foram um sonho. Até que, veio o primeiro tapa, seguida de uma primeira vez violenta. Do primeiro tapa, veio o primeiro chute, as humilhações, e a descoberta da primeira de muitas traições. Quando as amantes de se juntavam para me bater, além de proibir os outros de me ajudar, minha "mãe" dava risada. Dizia que, era bem feito, porque, se eu desse direito, ele não iria procurar na rua, e baixarias do tipo. Ele começava a me humilhar, ela continuava. E, vice versa.

Jordan: Eu juro que estou pensando seriamente, em matar a sua mãe, juntamente com o "marido" e deixar somente o Pardal vivo, para fazer ele pagar tudo que já lhe fizeram.

Larissa: Eu quero que, paguem. Eu quero que paguem por tudo. E, tudo é muita coisa que fizeram de ruim, que nem a morte mais lenta e dolorosa, serão o bastante.

Jordan: É, de fato não é! Exatamente por isso, que o Pardal está vivo. A vida dele será um inferno muito maior, e dez vezes muito pior. Tomarei todo cuidado do mundo, para que ele não chegue perto de você, durante todo esse processo, mas, ele pegará o dele. Assim como todos eles.

Larissa: Eu confio plenamente em você. Te agradeço muito por tudo isso que tem feito por mim.

Ela olha para ele, acariciando a barba dele. Jordan sorri, dando um beijo na testa dela.

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