Minha vingança começa agora.

— Felizmente, você não tem escolha.

— Isso é o que vossa Majestade pensa.

— Eu tenho certeza, Bryanna.

Ele sorri e puxa-me pela cintura. Esse homem parece ter vindo de outro mundo. O seu jeito de falar, seu comportamento, tudo isso parece tão... futurista. E as vezes eu também falo de modo estranho.

— Ora, solte-me. Não fique muito perto. Não lhe dei esse direito.

- Meu bem, você não precisa dar-me direito algum. Eu já tenho todo o direito sobre você. Faço tudo o que me convém.

— Majestade.

Umas das várias concubinas vem até nós. Consigo afasta-me desse pervertido. Elas o reverenciam.

- Majestade, eu, Lilian e Karla termos que anunciar uma coisinha.

- Façam logo.

Olho para ele. Que homem rude, meu Deus.

- Estamos a esperar filhos de vossa Majestade.

Diz Lilian sorridente. Karla e Paulina sorriem. Olho novamente para ele e vejo apenas os seus olhos vazios.

— Isso é maravilhoso. Finalmente, ganharei netos.

Diz a antiga Rainha, Sarah, que acaba de chegar com o antigo Rei, Liart. Todos escutaram isso e os murmúrios começam. Apolo pega a minha mão e sai a andar, me puxando junto.

— Ei. Por acaso está a fugir?

— Não. Eu só não quero escutar essa lenga-lenga.

— E por que está-me a levar junto, então?

— Quero você perto de mim.

— Eu já falei para o senhor que eu não vou ser nada sua.

— É o que veremos.

Ele bate-me em uma das colunas do salão de baile, colocando as mãos em cada lado da minha cabeça. Me prendendo ali. Sinto olhares vindos de todos os lados.

— O que mais me fascina em você é esse seu jeito distante, observador, calculista, inexpressivo e frio. O seu olhar de superioridade me faz querer-te mais, Bryanna.

— M-majestade, por favor... se afaste de mim, eu realmente não quero machucar-te.

O olho nos olhos, com firmeza. A minha vingança vai machucar muitas pessoas e ele será uma delas.

— Mesmo machucado, eu ficarei com você, ao seu lado.

— Você não sabe o que diz.

- Você não sabe o que é sentir o que eu estou a sentir, porque você é A famosa Senhorita abismo, não é mesmo? Eu pergunto-me todos os dias, sempre, o porquê dessa frieza e esse olhar amargurado. Você pode dividir isso comigo. Eu irei te ajudar, você não precisa fazer tudo sozinha, Bryanna.

Olho nos seus olhos castanhos escuros. Ele não sabe o que diz. Ele não sabe o que é ser torturada e abusada dia e noite todos os dias. Ele não sabe o que é se sentir inútil, se sentir um lixo, se sentir um nada. Eu sofri tudo de ruim na minha vida passada. Hoje,... nessa minha segunda vida, farei valer a minha primeira morte. Eu farei todos eles pagarem. Todos levem devem conhecer o verdadeiro inferno, mesmo que eu tenha que matar as suas joias mais preciosas, quem eles mais amam.

— O que eu tenho que fazer, está longe do seu alcance.

Digo, meu pai e a família real se aproximam, sem eu perceber.

— Você não faz ideia do que eu... de tudo...

Não consigo terminar as frases.

— ~Tudo... tão doloroso.

— Você está bem, filha?

— Estou... bem.

Digo me virando para vê-lo.

— O que foi tão doloroso?

Pergunta a Antiga Rainha, Sarah.

— *Coisas do passado, nada de mais.

— Não parecia nada de mais*.

Deito a cabeça no ombro do meu pai e sinto os seus dedos acariciando o meu cabelo. Isso faz-me querer dormir. Olho para frente e lá do outro lado do salão, constato Mathias me olhando. Que ser nojento!

— o Conde Mathias parece ter gostado de você, Senhorita Castel. Vocês já se conheciam?

Pergunta uma das concubinas.

— Eu não gosto de ter contato com ralé.

Digo, severamente.

— Você desconsidera muito os nobres de alto nível, sendo que você mesma é um nada, apenas uma princesa ***ilegítima.

— Essa é boa. Faz anos que ninguém diz que eu sou uma Princesa, mesmo ilegítima, eu continuo a ser uma PRINCESA***. Então, ponha-se nos seus lugares e não é VOCÊ, sim, ALTEZA, ENTENDERAM?

Olho para elas com os olhos vermelhos. Elas estremecem.

— Eu não escutei ainda.

— Entendemos, vossa alteza.

— Vocês estão sendo muito bem-educadas. O harém tornou-se algo tão... desrespeitoso. Antigamente não era assim. Lamento-lhe informar, vossa Majestade, mas os professores que deviam educar as suas concubinas estão, apenas, lhe passando a perna. O que vocês estão aprendendo?

Elas ficam em silêncio.

— Foi uma pergunta... vocês ficaram surdas de repente? E mudas também?

Massageio as têmporas. Mantenha a calma, Bryanna Dominick Castel. Mantenha a calma.

— Esse silêncio significa que não estão a aprender nada. Está na cara, não é mesmo? Porque vocês são medíocres, burras e tem mais... tudo o que vocês fazem para ser Rainha ou algo do tipo chega a ser bem patético, não vai fazer vocês subirem de posto tão rápido. Esse é o meu conselho.

Saiu andando. Já deu. Chega desse baile por hoje. Vou andar um pouco pelo campo. Saiu do salão e depois do castelo. Eu suspiro fundo, olhando para o céu azul-claro. Ando pelo campo, levantando um pouco o vestido, a grama está um pouco molhada e a terra, úmida. Choveu e eu não percebi.

— Que linda cena. A senhora é muito sábia, Senhorita Castel.

Me viro e constato o Mathias. Aff, meu Deus, livre-me desse estrume.

— *O que você quer?

— Eu quero você.

— Você acha mesmo que eu daria alguma oportunidade para você? Logo você? Um ser inutilmente existente e sem classe?

— Ora, sua... Você será minha querendo ou não*.

Como eu tinha planejado. O peixe podre mordeu a isca.

Ele vem para cima de mim, e me pega pelos braços com força. Começo a chorar e a gritar superalto. Ele tampa a minha boca. Escuto estrondos de relâmpagos.

— Você não tem medo da morte?

A voz rouca, sensual e fria do Apolo faz o Mathias estremecer e soltar-me na hora. Caiu no chão, chorando muito.

— *M-majestade, não é nada disso que pensas. Essa concubina começou a se oferecer para mim.

— Vossa Majestade, está doendo muito*.

Apolo vem, quase correndo até mim e me pega no colo (estilo noiva). Choro muito no seu pescoço.

— GUARDAS.

Os guardas vem correndo.

- LEVEM ESSE MISERAVEL PARA O CALABOUÇO E O TORTURE, MAS NÃO O DEIXEM MORRER. NÃO DEEM COMIDA OU ÁGUA A ELE.

Eles o pegam e ele fica gritando, me xingando de mil coisas e dizendo que é mentira o que eu disse. O que é seu ainda está guardado, Mathias Drummond.

— Vamos entrar. Vai chover.

Ele entra no salão comigo nos braços, fazendo todos olharem.

— *Me leva para os meus aposentos?

— Claro, minha flor rosa.

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