Não irei morrer, sem lutar.

10/06/1224

Madeleine Narrando.

Sabe aquele sentimento... de que algo está prestes a acontecer?

Então, estou a pressentiar algo e não é coisa boa, não.

Eu sento-me no chão frio da minha cela. Olho ao redor. Escuto vozes e passos. E um tremor toma conta do meu corpo. Mathias aparece e o meu coração acelera na hora.

Por favor, que não seja aquilo de novo.

-- Oi, minha linda meia-irmã bastarda.

Ele sorri ao ver que eu estou muito assustada. Mathias e Mathel parecem amar ver-me como um bicho acuado e machucado.

-- Levem na para o campo e preparem tudo. A quero em meia hora lá.

Ele se vira para mim e diz:

-- É uma pena constatar uma beleza dessa virar carne viva.

Depois de dizer essas palavras, Mathias sai do calabouço, rindo.

O que ele quis dizer com isso? Eu não faço a mínima ideia.

A minha cela é aberta e um dos guardas me pega pelo braço e sai-me puxando da cela até as escadas.

O que está a acontecer? Estou com medo e esse pressentimento de que algo mau vai acontecer comigo só cresce cada vez mais. Parece que estou a ser levada para forca.

Pouco depois, chegamos ao campo e vejo muitas pessoas com vestimentas de luxo e bem feitas. Espera, são nobres. Os guardas me jogam no chão, de frente a eles. Mathias, Mathel, Graziela, Gisela e Serafina. A Família que deviam me amar, mas não me amam, eles me odeiam. Sinto uma queimação nas costas, e estremeço. Não irei gritar e alimentar a diversão deles em me ver sofrendo. Seguro a grama, com as mãos em formas de punho. Não irei gritar. Não posso.

-- Que comece a execução.

Escutar essas palavras saindo da boca do meu próprio pai, o homem que devia-me amar, fez o meu coração escurecer, doer, rachar e logo se quebrar em mil pedaços. Os meus olhos ficam marejados, e logo as lágrimas molham as minhas bochechas. E chego a uma conclusão.

Se é para eu morrer, eu vou morrer a lutar bravamente, até eu não conseguir mais, até os meus olhos escurecerem e eu ver o caminho da morte.

Me ajoelho e sinto duas chicotadas nas costas. Chicotes com espinhos. Sinto a minha carne rasgando e abafo o grito mordendo o lábio, o ferindo. Sinto o gosto de sangue na minha boca. Sinto mais e mais chicotadas, uma atrás da outra. Não sinto o meu braço esquerdo. Olho para ele e vejo apenas... um nada. Apenas uma poça de sangue na grama.

SE EU VOU MORRER, EU VOU LUTAR. LUTAR MUITO, ATÉ EU NÃO CONSEGUIR MAIS.

Com a ajuda do meu outro braço, eu levanto-me, com as pernas trêmulas. Dou uns passos, cambaleando. Eu sorrio, mesmo com o enorme corte no meu rosto. Olho ao redor. E olho para o céu, nublado.

-- Mesmo que seja o fim agora. O inferno se paga na terra. E vingança é algo que se paga uma hora ou outra, quando a pessoa menos esperar. A pressa é inimiga da perfeição. E eu não tenho pressa.

Dou uns passos em direção ao penhasco que há em um dos lados da mansão do Duque Mathel. Fico na ponta. Me viro e o olho.

-- Eu sinto muito por você, Duque Mathel. A sua hora vai chegar. A hora de todos vocês vai chegar. Isso não é uma ameaça, é um aviso.

Dou um passo para trás e sinto o meu corpo caindo. Fecho os olhos e deixo uma única e última lágrima caí. Esse é o meu fim. Sinto que a minha morte está vindo em câmera lenta, solto o meu último suspira e deixo o breu consumir-me.

Nada mais importa. O que importa é a VINGANÇA que a minha alma vai fazer? Sim.

Irei massacrar todos que me fizeram mau. Rezo para que a minha próxima vida seja completamente diferente dessa. E ela vai ser. Eu aprendi a voar e nenhuma queda vou sofrer no futuro.

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Comments

Fabiana Dantas

Fabiana Dantas

perfeito!

2023-04-11

2

LUZDAMEIANOITESANTOS

LUZDAMEIANOITESANTOS

passada! chocada ! 😱

amando a história ❤️

2023-02-06

2

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