Um Pequeno Acidente.

Eu estou frustrada, não queria cair na frente dele. Não quero mostrar vulnerabilidade, acabo chorando por ter caído e me machucado na frente de alguém que não quero mostrar fraqueza.

Bernardo ao ver o que aconteceu desligou na cara da Aline e veio até mim demonstrando preocupação. Por que ele está fazendo isso? Não estou acostumada com essa empatia dele. Antes Bernardo era distante e frio, mas agora está desse jeito fazendo minha mente e sentimentos entrarem em uma luta interna.

— Bernardo, não precisa me ajudar estou bem. Por favor, vai embora.

Falo isso enquanto tento me colocar de pé, mas a dor intensa me impede de apoiar meu pé e acabo caindo sentada novamente e Bernardo fala irritado;

— Deixe de ser orgulhosa, Milena! Mal consegue se por de pé. Vou levá-la para o seu quarto.

Ele me pega no colo mesmo com meu protesto exigindo que me deixe sozinha. No meu quarto me sinto péssima assim que ele me coloca na cama e exige olhar meu tornozelo e meu pé.

— Parece que por sorte foi apenas uma torção, um pequeno acidente. Vou pegar gelo para você!

— Pare, Bernardo! Não faça nada por mim! Apenas vá embora!

Ele para onde está e o vejo cerrar os punhos, ele se vira para mim e diz enquanto me olha nos olhos;

— Não vou embora enquanto não tiver certeza que está bem. Você ainda é minha esposa no papel, só estou fazendo a minha parte.

Depois de dizer isso Bernardo sai do quarto e volta com uma bolsa de gelo após 8 minutos. Ele tem todo um cuidado enquanto coloca o gelo no local.

Isso me incomoda muito, não quero que isso influencie em nada. Por que ele tem que ser tão cuidadoso justo no momento que tem a chance de se afastar de mim?

Tudo aqui está errado, eu queria ele assim antes de ser obrigada a assinar aquele documento. De que adianta isso agora?

— Milena, vou até uma farmácia 24 horas comprar alguns remédios para aliviar sua dor.

— Não precisa, Bernardo. No momento só quero ficar sozinha!

— Não vou demorar.

Ignorando meu apelo Bernardo sai do quarto. Por sorte ainda estou com meu celular em mãos e ligo para Virgínia:

— Vih, oi, você está ocupada?

— No momento estou, mas pode falar. Você parece aflita.

— Eu torci meu tornozelo, preciso da sua ajuda.

— Mih, como você torceu seu tornozelo? Que mole você deu?

Nesse momento conto para Virgínia tudo o que aconteceu até o momento da queda em que me machuquei e ela fala irritada;

— Mas que merda, Milena! Como vou te ajudar estando tão longe!!!

— Estando tão longe? Como assim? Você não está no Rio?

— Não amiga, estou no Maranhão conhecendo a família do José Carlos. Estou namorando.

— Nossa... É... Fico feliz por vocês. Ele realmente não desistiu de você e conseguiu jogar um laço na solteira mais desejada do Rio de Janeiro.

— Digamos que o cajado dele tem o tamanho que toda mulher enlouquece só de sentar... Não posso deixar um homem desse passar batido, né amiga?

— Claro que não! Vai fundo... Desculpa, não foi no duplo sentido.

— Eu sei, amiga. — Falo dando risadas.

— Vih, fique tranquila, darei um jeito aqui.

— Mas ainda assim me preocupo.

Conversamos mais um pouco, a doida me coloca para falar com toda a família do José e diz para todos que sou sua irmã e eles acreditam. Depois nos despedimos e eu desligo.

Acabo pegando no sono, tive sonhos malucos com o Bernardo. Mas não quero mais sonhar com ele, acordo com um pouco de calor. Quando abro meus olhos vejo Bernardo deitado do outro lado da cama e acabo me exaltando:

— Por que está deitado em minha cama? O que está fazendo?

— Nossa, Milena!! Você me assustou! Quando voltei com os remédios vi que tinha pegado no sono e não quis acorda-la, me deitei aqui para caso precisasse de algo e acabei dormindo.

— Por que você não está agindo como antes? Por que está querendo cuidar de mim agora? Você não era assim antes.

Ele apenas abaixa a cabeça e não me responde nada. Bernardo se levanta e pega um copo de água para mim me entregando a bolsa com os remédios.

Assim que pego tudo ele recebe uma ligação e sai do quarto. Para mim está parecendo muito difícil toda essa situação, um homem que até alguns dias atrás mal percebia minha presença na vida dele e agora faz parecer que sou algo importante para ele.

Não fique vulnerável, Milena! Você não pode, seja forte. Ele não te ama, está apenas brincando com você.

Queria ter uma mãe presente agora, para me abraçar e dizer que vai ficar tudo bem, que eu não preciso ter medo, que sou forte e corajosa apesar de pequena.

No final de tudo sou apenas eu por mim mesma.

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