Depois do Amor.

Adormecemos depois da noite intensa, enquanto a tempestade lá fora devastava tudo aqui dentro nos fazíamos a nossa própria tempestade. Tudo aconteceu de uma forma tão abrupta que nos consumiu como fogo.

Adormecemos nos braços um do outro... Como o casal que deveríamos ser antes e não éramos. Assim que amanhece e vejo a hora me levanto correndo indo em direção ao banheiro.

Depois do banho me enrolo na toalha e vou pegar uma roupa para vestir até que me dou conta que Bernardo está na minha cama com apenas um lençol.

— Milena, precisamos conversar sobre o que aconteceu essa noite!

Olho para ele e vejo culpa em seus olhos, não vou deixar ele estragar o que eu quero guardar para mim como um momento único.

— Bernardo, não temos nada para conversar! Apenas vista suas roupas e saia da minha casa! Preciso ir trabalhar e se eu continuar falando com você vou me atrasar!

Ele me olha sem entender nada e para não dar mais assunto apenas me visto rapidamente o ignorando por completo.

Bernardo se levanta puxando o lençol para cobrir parte de seu corpo nu, estou no espelho me maquiando e vejo a reação dele ao ver no lençol uma pequena marca vermelha.

Ele olha para mim pasmo e depois olha novamente para a marca, acho que ele acabou de descobrir que eu era virgem e me entreguei para ele ainda dentro do casamento.

— Milena... Nós...

— Bernardo, você tem exatamente dois minutos para se vestir ou o colocarei para fora enrolado no lençol. Não vou deixar você me atrasar.

Termino de me maquiar e saio do quarto. Logo ele aparece na sala vestido e parece querer falar algo, mas eu abro a porta sem olhar para ele e sinalizo para fora.

Assim que ele passa por mim me lembra de algo que eu não quero mais fazer;

— Não esqueça que hoje temos que jantar com minha família! Ainda estamos casados e você precisa comparecer!

— Por enquanto, Bernardo!

Ele está do lado de fora e quando iria falar algo fecho a porta na cara dele. Vou até a cozinha e o café já está pronto, tomo uma xícara, pego minhas coisas e saio para trabalhar.

Meu dia no trabalho foi incrível, mas o jantar de hoje martela em minha mente. Tenho que ser sincera com todos já que Bernardo não consegue. Não gosto de mentir ou enrolar, hoje pedirei os documentos que estão com eles.

— Milena? Estou achando você distraída hoje. Espero não ter te arrumado muito problema ontem.

— Théo, você não me arrumou problema algum. Bernardo está confuso e não sabe o que quer... Mas o fato é que assinamos os papéis para o divórcio.

— Então, logo você estará solteira, né?

— Assinei o acordo de divórcio já faz uns dias, mas não estou com alguns documentos necessários para o andamento.

— Como assim não está? Você perdeu seus documentos?

— Não! É algo complicado de se explicar, mas para resumir... A família do meu marido decidiu guardar alguns documentos quando nos casamos porque tinham medo que Bernardo desse entrada no divórcio na época em que nos casamos.

— O que não impediu dele fazer agora... Mas pelo pouco que entendi esses documentos são importantes para finalizar, né?

— Sim, são... Mas o que importa é que hoje irei resolver isso.

A noite cai mais rápido do que eu gostaria. Bernardo queria ir até meu apartamento me buscar, mas recusei! Quero ir no meu carro e voltar para casa no meu carro... Sozinha.

Assim que chego na mansão da família Góes sou bem recebida por todos como sempre, mas estranham me ver chegar sozinha. Logo Bernardo chega e eu já estou na minha quarta taça de champanhe, estou nervosa.

Ele olha para mim, seu olhar varre meu corpo e isso me deixa quente. Tento ignorar e olho para o outro lado. Assim que nos sentamos para o jantar me sinto um pouco embriagada, será que foram as quinze taças de champanhe que tomei?

Perdi as contas... Ao virar mais uma taça me levanto e falo:

— Bernardo e eu assinamos os papéis do divórcio! Preciso dos documentos que estão com vocês.

Bernardo se engasga com seu vinho e começa a tossir olhando para mim sem acreditar no que eu acabei de fazer.

Os pais dele estão com os olhos arregalados e surpresos, eles chegaram a pensar que estava tudo bem entre nós já que sou o tipo de nora que não se queixava de nada.

Mas o que corta meu coração é olhar para os mais velhos... Minha vó e meu vô do coração. Eles estão chorando. Sinto um nó apertar minha garganta, meus olhos queimam por causa das lágrimas que insistem que precisam ser derramadas.

Todos olham para mim como se eu estivesse falando algo inacreditável... Mas não importa! A verdade foi revelada e todos precisam aceitar.

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