Crimes & Rosas
Observo
boa parte da comunidade se estender diante dos meus olhos. Ruas iluminadas se
expandem e apresentam tudo o que conquistei ao longo dos anos. Respiro fundo
o ar frio da noite. Estou sentado em uma cadeira de plástico, em cima de uma
laje, com um cigarro na ponta dos dedos e a mente confusa demais para saber o
que devo fazer.
— E aí, chefe. O que vai ser?
Ao meu lado está meu braço direito, Rodrigo — ou melhor,
Texugo — segurando uma arma na direção do rosto de um homem ajoelhado. Ele me
deve alguma grana, muito menos do que preciso, mas essa é a lei que implanto.
Não quero que me veem como alguém fraco e sem atitude. Conquistei todo o
respeito que tenho por meio de guerras e disposição, e não posso perder por uma
simples distração.
No entanto, não estou confuso sobre o que fazer agora, sei
muito bem qual será meu comando: uma vida perdida.
Meu problema é outro.
E se minha mãe não gostar da casa que comprei para ela?
Finalmente posso tirá-la do barraco, e estou ansioso demais
para saber sua reação.
— Acaba com esse filho da puta — digo em um suspiro.
O homem chora. Uma corda está em sua boca, mas o desespero é
visível. Quando se deve ao crime, o crime te cobra de volta.
Segundos depois, enquanto sugo a nicotina para dentro da
garganta, escuto o disparo ecoar na noite. Sopro a fumaça para cima e o corpo
do homem cai no chão, inerte.
— Limpem essa bagunça — ordeno e me coloco de pé,
começando a caminhar.
Escuto passos atrás de mim.
— E aí, chefe. Quando será a mudança? — Texugo me
pergunta. Parece tão ansioso quanto eu.
— Ainda preciso de coragem para contar.
— O quê? Ela ainda não sabe o que fez pra ela?
— São mais de quarenta anos morando naquele barraco. Não é
como se eu comprasse um brinquedo. Estarei tirando dela tudo o que viveu.
Família, amigos, vizinhos... — Solto um suspiro. Jogo o cigarro no
chão. — Só preciso saber o momento certo.
— Então o chefe que comanda toda essa porra tem medo de falar
pra mamãe que comprou uma casa nova?
Não escondo o sorriso que se abre em meu rosto.
— Vai se foder, porra. — Dou um soco em seu ombro, e ele
me acerta de volta. — Ela vai saber. Mais cedo ou mais tarde. Agora trate
de cuidar do seu assunto pessoal, que
essa doida aí não dá um dia de sossego.
Observo uma garota a alguns metros de distância, grávida, com braços cruzados e batendo o pé no chão, impacientemente.
— Ai, merda. — Escuto Texugo resmungar. Ele inspira o ar
em volta e guarda a arma na cintura. — Isso é um aviso, meu camarada.
Nunca engravide uma porra de uma menina.
— É o preço por não usar capacete. — Isso o faz sorrir,
e eu sorrio de volta. — Depois nós trocamos ideia, cara. Até mais. —
O cumprimento com um aperto de mão e o puxo para um abraço. — E aí, Sara.
Vê se não dá trabalho para meu amigo hoje, em?
A garota me ignora, olhando diretamente para Texugo. Olhos
apertados e maxilar rígido. Parece que não sou o único a ter problemas em casa.
— Onde você se meteu ontem, seu filho da puta? — Escuto
a garota perguntar, e para não me intrometer, aperto meus passos e os deixo
sozinhos.
Desço as escadas e chego num beco escuro. Minha moto está
estacionada a alguns metros mais adiante. Cumprimento moradores que passam por
mim e crianças que jogam bola num canto a direita.
Subo em cima da minha Ducati vermelha e a ligo. Deixo o
barulho do escapamento ecoar na escuridão e saio pelos becos e vielas.
A noite sempre se tornou minha companheira. Metade da cidade
dormindo e a outra metade preocupada em acordar. A favela é a minha casa. Onde
cresci, onde reinei e onde conquistei meu respeito. Moradores me tratam como
rei, embora, uma vez ou outra, eu posso notar olhares desconfiados em minha
direção. Quando se senta no trono e toma o poder, você está sujeito a rejeição.
Mas não tenho o que temer. Se o apreço não surge por meio de educação, ela vem
por meio da força.
Em poucos minutos chego na casa de minha mãe. Posso sentir o
cheiro da janta sendo preparada. Desço da moto e dou uma olhadela ao redor. Uma
casa simples, colada com outros barracos por perto. Lugar que passei todos os
anos da minha vida. Onde fiz minhas amizades. Onde criei meu respeito. Onde
conquistei meu lugar na favela.
Abro a porta e entro na casa.
— E esse rango aí? Vai sair não? — pergunto e dou um
beijo na bochecha da mulher em frente ao fogão. — Benção, mãe.
— Uai, tô esperando seu pai chegar primeiro. Aquele velho não
sabe a hora de largar o serviço. Deus te abençoe, filho.
— Cadê o Tonhão?
— Saiu com sua irmã. Foram comer fora.
— Comer fora? Desde quando tão podendo gastar assim? Ele
arrumou um trampo?
— Disse que agora você pode pagar.
— Ele que não trabalha não pra vê. Vou tomar um banho,
qualquer coisa me dá um toque.
Minha mãe concorda com a cabeça e sigo em direção ao meu
quarto. Pego a toalha em cima da cama e vou para o banheiro. Ligo o chuveiro e
deixo a água escorrer em meu corpo. Fecho os meus olhos. Só preciso que todo
mundo fique reunido para ter a coragem necessária e contar o que fiz. Contar
sobre a casa que comprei e que minha mãe poderá morar. Nunca estive tão
orgulhoso de mim antes, e espero que ela sinta o mesmo.
Saio do banheiro com a toalha enrolada na cintura. Não dou
nem dois passos e vejo Bianca sentada no sofá da sala, com pernas cruzadas e me
dando uma piscadela como provocação. Minha mãe ainda está no fogão, o que me dá
oportunidade de piscar de volta e indicar o quarto mais adiante, mostrando
para onde Bianca deve seguir. Ela passa por mim e desliza a mão em minha
barriga. Sinto um leve arrepio. Seu perfume doce permanece presente.
Entro no quarto e fecho a porta. Não demora nem dois segundos
e ela coloca sua mão em meu pescoço.
— É assim que você gosta, não é? — Seus dedos retiram
minha toalha, que cai no chão. Morde meu lábio. — Seu safado. Gostoso.
Em um impulso eu a carrego no colo. Ela solta um gritinho e
rapidamente tampa a boca, abafando o som, sabendo que minha mãe poderá ouvi-la.
Eu a levo até a cama e começo a beijar seu pescoço. Escuto seu gemido baixinho.
Sinto gosto de perfume na ponta da língua, mas ignoro.
Bianca é baixinha. Não mais que 1,56. Cabelos longos e seios
pequenos. Vou retirando suas peças de roupas enquanto não deixo de beijá-la.
Clavícula. Seios. Barriga. Está usando uma calça jeans, que realça
formidavelmente sua bunda. Consigo tirá-la e começo a beijar suas coxas. Suas
mãos estão nos meus cabelos, bagunçando-os.
Eu a olho por um momento, e sua carinha me deixa com ainda
mais vontade. Ela morde o lábio. Dá uma piscadela. Mostra um sorriso. Subo meu
corpo e a beijo nos lábios, com mais intensidade que antes. Sinto seus dedos me
agarrarem. Ela faz um movimento para cima e para baixo. Suas mãos são pequenas,
encaixando perfeitamente.
— Agora eu quero que você me foda com força. — Ela diz
em meu ouvido, e sinto outro arrepio percorrer meu corpo.
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Atualizado até capítulo 44
Comments
nisse
vá ter foda 😁
2024-03-10
0
LadySillver34
gostando
2024-03-10
0
LadySillver34
concordo, e quanto a você? quando será cobrado?
2024-03-10
1