08

“Toc, toc, toc"-Elias batia na porta do quarto sem nenhuma paciência.

—Abra essa maldita porta Consuelo, quero dormir na minha cama, vamos logo com isso-disse Elias com uma voz carregada de raiva.

—Quero dormir sozinha hoje, eu estou com muita dor de cabeça-disse Consuelo e logo deitou-se na cama.

Ouvindo aquelas palavras, Elias tirou a sua arma da cintura e atirou na fechadura fazendo a porta se abrir, Consuelo por já estar acostumada com o comportamento de seu marido,  ela apenas permaneceu deitada na cama, nesse momento Elias caminhou na direção dela, a puxou pelos cabelos, a jogou para fora do quarto e logo falou aos berros.

—Se quer dormir sozinha vá você para outro quarto, a casa é minha e eu durmo onde eu quiser, agora sai da minha frente-disse Elias e logo fechou a porta, ou pelo menos tentou.

Ele disfarçou a sua tristeza, por nunca ter conseguido o amor de Consuelo.

—O que aquele infeliz tem que eu não tenho?-se perguntou Elias ao lembrar do passado.

Na época, Elias tinha 30 anos, estava noivo, a moça estava grávida, mas Elias acabou conhecendo Consuelo, se apaixonou por ela e a obrigou casar com ele, entretanto, como castigo, Elias amou sozinho por 20 anos, pois Consuelo ainda ama o seu ex namorado e só a morte poderá arrancar esse amor de seu peito.

Relembrar parte desse passado doloroso, fez Elias se sentir ainda mais irritado, ele logo foi tomar um banho quente e depois se jogou na cama planejando dormir.

 De repente o seu telefone tocou e Elias logo atendeu a chamada.

—Fala Marcão.

—Desculpe o horário senhor, só vim avisar que já começamos as buscas pela a senhorita Helena, conseguimos as imagens das câmeras de segurança nas proximidades do Shopping e daí descobrimos que ela pegou um táxi e foi para uma estação de trem, mas o local é um pouco pequeno e não possui câmeras de segurança.

—Você está tentando me dizer que não conseguiu achar aquela feiosa?-falou Elias bastante irritado, principalmente porque ele se lembrou da tal ligação do senhor Medina.

—Veja bem senhor Elias, nós não conseguimos rastrear o telefone dela porque nos falta apenas o número, até a foto dela que o senhor nos deu era bem antiga, eu fui até a estação de trem e descobri que ela comprou 4 bilhetes para cidades próximas, então nós temos 4 cidades para vasculhar, sendo assim eu acho que podemos esquecer essa ideia dela estar em casa amanhã a noite-disse o homem com uma voz firme,  era como se ele não estivesse com a sua alma prestes a abandonar o seu corpo.

Elias ficou em silêncio por um tempo e enfim percebeu que realmente errou com Helena, ninguém da família Sales tem o número de Helena e tampouco fotografias e isso lhe causou sensações estranhas que Elias jamais pensou em sentir.

—Entendo, apenas tragam a minha filha com vida para casa-disse Elias, pegando Marcão de surpresa.

—Tudo bem senhor, eu ligo assim que conseguir encontrá-la-disse ele e daí desligou a chamada.

Elias guardou o celular e ficou fitando o teto do quarto por um bom tempo,  ele não conseguiu dormir e logo saiu do quarto e foi para o quarto de Helena.

Ao abrir a porta Elias sentiu uma sensação estranha, ele nunca entrou no quarto de sua própria filha.

—Nossa, que garota cafona-disse Elias enquanto olhava fixamente para os lençóis de gatinhos coloridos que cobriam a cama de Helena.

Ele olhou para todos os lados e até uma pequena lixeira que estava perto da mesinha de estudos Elias vasculhou em busca de pistas.

Nesse momento Elias viu o notebook de Helena e logo ligou o aparelho, que para sua surpresa não havia senhas, então Elias mexeu em praticamente tudo, até que ele viu o diário eletrônico e logo começou a ler, mudando a voz e fazendo gestos afeminados fingindo estar imitando Helena.

“Hoje é o meu aniversário de 10 anos e papai como sempre não estava em casa o dia inteiro, chegou a noite e passou por mim como se eu não fosse nada, eu queria tanto ser amada por meus pais, isso é apenas um sonho que eu nunca vou realizar, pois ele não permite nenhum tipo de aproximação, já a mamãe apenas evita me olhar, acho que ela me odeia bem mais do que o papai.”

“Véspera do meu aniversário de 13 anos, me sinto humilhada, pois hoje eu cometi um grande erro, chamei o senhor Elias de pai logo na frente do prefeito, meu pai me olhou com tanta raiva e nojo que de súbito eu senti o meu coração doer e até mesmo sangrar, meu pagamento por isso foi levar um soco tão forte que acabei perdendo 4 dentes, amanhã eu vou passar o meu aniversário numa clinica odontológica, eu tenho fé em Deus que um dia tudo que eu irei sentir por aquele casal de peste será apenas ódio.”

“Hoje eu acordei animada e com coração cheio de gratidão, então resolvi fazer um poema para o papai, aproveitando que hoje é o dia dos pais eu publiquei no Instagram e coloquei uma foto do papai, mas ele ficou com tanto ódio que agora estou aqui no quarto, sem comer e beber o dia inteiro, ele disse que esse castigo duraria 3 dias, mas se ninguém quiser me trazer comida é bem melhor, daí eu morro e enfim acaba todo esse tormento e talvez a minha ausência faça os meus pais me amarem...

—Bla,bla,bla, eu não amo nem a mim mesmo, eu vou te encontrar e o amor que eu vou te dar será uma surra de cinto-disse ele e logo saiu sorrindo.

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Comments

Cida Reis

Cida Reis

coitada eu que não queria um monstro desse como pai

2024-05-10

0

Marlon Monteiro

Marlon Monteiro

não podem achar Helena

2024-04-24

1

Lídia de Castro

Lídia de Castro

Eles não merecem viver na sociedade e sim ser desprezados por todos

2024-04-19

4

Ver todos

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