Capítulo 7 - O Real Motivo

Vitor estava em seu escritório. Na enorme casa que havia herdado de seus pais com a morte deles.

Olhou sua mesa abarrotada de papeis, todos referentes a uma única pessoa.

Ana Clara Garcia.

-Posso menino, Vitor?

Perguntou Graça já entrando.

— Claro que sim...

Respondeu ele com um sorriso nos lábios.

Graça colocou um prato com biscoitos que pareciam ter acabado de sair do forno sobre a mesa dele.

— Quer que eu engorde né?

— Você precisa se alimentar criança!

— Quem escuta isso pensa que tenho dez anos!

Vitor sorriu.

— Não tem para você, mas para mim é como se continuasse sendo aquele menininho!

— O menininho já tem vinte e seis anos.

Vitor passou as mãos pelo cabelo.

-Posso te fazer uma pergunta?

— Claro que sim menino, espero poder te responder!

— Você acha que eu seria um bom pai.

A senhora não parecia assustada pela pergunta.

Apenas encarou o menino-homem que estava a sua frente.

Vitor tinha sido obrigado a amadurecer muito rápido e sua infância tinha se esvaído como areia nas mãos, não tivera adolescência e tornou-se adulto precocemente.

— Você está pensando naquilo não é?

Perguntou a senhora.

-Sim, estou... me responde por favor, Graça!

— Claro que sim, Vitor! Você seria um excelente pai, não tenho a menor dúvida disso!

A senhora respondeu saindo.

— O que devo saber?

Ela deu a volta e aproximou-se dele. Colocou as mãos velhas sobre o lado esquerdo do peito do rapaz.

— Segue isso aqui que tudo dará certo menino!

Graça deu meia volta e foi embora.

Vitor ficou parado olhando a senhora ir embora.

O que o seu coração mandava?

Nunca o tinha escutado e não era o tipo de momento que pararia para escutá-lo.

Tinha um ano e meio para resolver definitivamente a sua vida, senão perderia absolutamente tudo o que havia construído até aquele momento.

Pegou alguns papeis em sua gaveta, examinou-os mais atentamente.

Tinha tão poucas informações de Ana Clara que era impossível saber quem realmente ela era!

Tinha de persuadi-la a aceitar aquele contrato mas não sabia nenhum ponto fraco dela, em suas pesquisas concluirá que ela fora brilhante em toda sua estada nas escolas e que terminou a faculdade como a melhor do ano precedida por Larissa.

Pegou o celular e discou mas não ouve resposta.

Isso era um bom sinal!

Teria que esperar que ligassem para ele!

Tudo tinha que funcionar extremamente bem!

Maldito testamento! Era a única coisa que Vitor pensava nos últimos tempos!

*

Dois dias depois...

*

Ana Clara chegou no escritório mais cansada do que saira na sexta feira.

Estava esgotada fisicamente!

— Que cara é essa, Ana?

Carla perguntou já sentada em sua mesa.

— Estou muito cansada!

-Achei que tinha escutado alguém dizer que usaria o final de semana para dormir!

— Pois eu disse! Mas uma mulher apareceu na minha porta machucada e inconsciente!

Ana Clara se jogando na cadeira.

— Como assim? Juro que não entendi!

Carla levantou rapidamente e foi até a mesa da Ana.

— Eu não sei como aconteceu porque a mulher está sem memória... você precisava ver Carla!

Ana abriu a mala.

— Levei ela para dentro de casa, ela estava inconsciente!

— Qual o nome dela? Já foram na polícia?

— Fomos no sábado! Ela só sabe o nome dela!

Se chama Laís e não se lembra de mais nada!

— Credo, Ana!

— Cheguei amores da minha vida!

Larissa entrou alegremente na sala.

— Pelo menos o final de semana dela parece ter sido muito bem aproveitado!

Ana sorriu.

— Que cara de velório é essa de vocês duas?

Larissa perguntou colocando sua pasta em cima da própria mesa.

— Conta pra ela, Carlinha!

Ana abaixou a cabeça. Carla contou o que Ana Clara havia acabado de lhe dizer.

Larissa ficou boquiaberta com a história.

— Coitadinha da moça, Ana!

- Pois é... estava cheia de hematomas!

-Posso atrapalhar?

Ana Clara, Carla e Larissa se viraram e se depararam com Vitor Muniz na sala delas.

-Quanto tempo, Vitor!

Larissa exclamou.

-Pois é, Lari!

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