Capítulo 17

Em menos de uma hora Uriel está de volta em seu endereço na cidade de São Leopoldo. Ele pousa o Helicóptero sob o Heliponto e imediatamente alguns empregados vem até ele.

_ Sr. Clark já estão de volta? porquê o senhor não avisou que estavam retornando? Onde está a senhora Celina? (perguntam ao ver que a mesma não se encontra ao seu lado).

Uriel: Saiam da minha frente! (fala) Só era o que me faltava, avisar quando estou vindo para a minha própria casa! pensa puxando o seu celular do bolso e assim que o põe ao ouvido...

_ Já estou de volta em São Leopoldo, esteja em minha frente em cinco minutos!

Fala sem dar a menor chance de que o homem responda alguma coisa do outro lado e desliga a chamada enquanto caminha eufórico até seu escritório da mansão. Ele chega rapidamente ao lugar e fica impaciente aguardando seu serviçal chegar, sua mente está obscura como se uma tenebrosa névoa de repente escuresse seu caminho, antes mesmo de que ele encontrasse uma direção.

Em poucos minutos ele vê Flávio Romano entrar pela porta, agitado:

_ Está atrasado! (Uriel solta ao vê-lo entrar automaticamente pela porta).

Enquanto esteve fora do país Uriel jamais quis saber ou ouvir o nome do Rogério de novo enquanto não estivesse definitivamente preparado para derrotá-lo. Ao retornar ao Brasil, quis o quanto antes obter todas as informações sobre o seu rival; por ser um homem bastante conhecido não queria se expor, seria arriscado demais para ele caso o plano desse errado; isso poderia definitivamente arruinar sua carreira, então para não se arriscar, contratou o Flávio Romano para investigar tudo sobre o passado e presente do Rogério Gonzalez e no fim persuadi-lo, o atraindo para uma grande emboscada. Uriel havia dado um prazo máximo de 30 dias para o Flávio Garcia encontrar seu inimigo, descobrir tudo sobre ele e de alguma forma ganhar sua confiança, esse era o período em que estaria em lua de mel; ao retornar, Flávio já teria feito seu trabalho e ele daria conclusão ao plano.

_ Porquê você falou aquela asneira no telefone? Por acaso aquele miserável descobriu o plano? quanto ele te pagou para salvar sua pele? está ciente de que se eu descobrir que por alguma razão você se aliou aquele desgraçado você também será um homem morto? (fala nervoso, com seu rosto transtornado).

Flávio: Sim senhor estou Ciente disso porém, minhas investigações estão corretas, aqui estão todas as provas! (fala colocando uma pasta com vários papéis e fotos sobre a grande mesa do escritório).

Aqui está a declaração da mulher que era o braço direito da família na época em que ele foi assassinado, cópia do atestado de óbito, endereço do cemitério, lápide onde foi sepultado...

Como isso seria possível? Uriel se perguntava perdido ao folhear os papéis sobre a mesa. Ele nunca em todos esses anos quis saber nada sobre o desgraçado do Rogério apesar de se preparar ano após ano para acabar com ele da pior forma possível. Como assim, agora que finalmente chegou o momento, o miserável já está morto? O fato de outra pessoa ter chegado antes dele e efetuado o serviço o perturba; pelo visto o desgraçado tinha um passado mais podre do que podia ter imaginado e ele era apenas mais um em sua infindada lista negra de inimigos. Como aquilo seria possível? como alguém pôde chegar antes dele? era sua aquela vingança; a sua paz, sua cura, sua liberdade emocional dependiam exclusivamente daquilo. Foram anos de planejamento, ele havia escolhido detalhadamente a dedo a punição perfeita, havia pesquisado as piores maneiras de um homem sentir dor, destruíria sua dignidade e esmagaria se fosse possível até aqueles que carregassem nas veias o seu imundo sangue e no entanto, o desgraçado já está morto! (Uriel se questiona com seu rosto sombrio, em conflito).

Flávio: Eu sei que almejava muito por essa vingança senhor, eu também não esperava que depois de tantas expectativas as coisas nos levasse a esse rumo.(Fala enquanto o Uriel se encontra ainda perdido em seus obscuros pensamentos; aquela informação realmente o pegou de surpresa e o lançou de vez em um embate perturbador. Era como se uma espada de dois gumes houvesse lhe atravessado a alma e ele perdesse completamente o rumo, enquanto tudo ao seu redor se resumia em apenas trevas).

Ele ainda está distante quando o Flávio continua a falar:

_ Infelizmente ainda tem mais senhor, fiquei sabendo que a única filha de sangue que ele teve há um pouco mais de um mês sofreu um gravíssimo acidente e está em coma em um hospital! Eu fui até o dito hospital para vê-la porém, não me deixaram entrar na na ala de UTI aonde a mesma está, apenas pessoas do seu convívio podem visitá-la!

Ao ouvi-lo, desapontado com seus neurônios já ao ponto de explodir, Uriel que estava com suas duas mãos encaixadas firmando a parte de trás de sua cabeça, do outro lado da grande mesa de escritório de repente ele se vira e num movimento impulsivo...

_ Braaaa, acerta um murro tão forte em sua mesa que parece que todo o escritório na mesma hora começa a tremer.

E depois de uma pausa.

_Onde fica o endereço da tal empregada?(pergunta quase que soltando fumaça pelo nariz, com seu semblante obscuro e o seu punho ainda cerrado sobre a mesa).

O Flávio quase viu fogo em seus olhos quando ainda estremecido com o susto que levou, responde depois de procurar entre os papéis:

_ Aqui está senhor, é o mesmo lugar onde por todos os anos em que esteve vivo, o Rogério morou!

O Uriel Continua por mais uns segundos alí na posição em que está, depois puxa o papel como se ainda estivesse olhando para o além e amassando um pouco pela raiva, o guarda no bolso. E de repente em um movimento rápido em direção a saída já começa atravessar a porta do escritório quando o Flávio sai atrás dele:

_ Para onde o senhor está indo? vai se encontrar com a empregada?

Uriel: Pode ir embora, não preciso mais dos seus serviços!

Em instantes, logo após dispensar a companhia dos guarda-costas, o Uriel entra em um dos seus carros esportivos. Na sequência arranca com o mesmo e dirige pela cidade até chegar em frente ao endereço. A casa parecia enorme mas possuía uma fachada antiga, provavelmente continuava igualzinha como era na época em que o desgraçado do Rogério ocupava o lugar.(Uriel pensa nessa possibilidade, enquanto ainda está dentro do seu automóvel). Ele dirige vagarosamente com seus pensamentos turbulentos e estaciona seu veículo ali a poucos metros a frente; a seguir, desce do automóvel e segue caminhando a pé em direção a grande casa. As pessoas que lhe viam na rua poderiam imaginar o quanto ele poderia ser importante por sua aura de um homem destemido e exuberante; era assim que era visto, como a expressão viva de poder porém, naquele momento Uriel sentia como se estivesse se arrastando e o seu corpo tivesse sido atropelado por um caminhão. Assim que se aproxima do portão de entrada sente seu estômago revirar dentro de si; então era exatamente alí naquele endereço que o maldito do Rogério vivia quando assassinou seus pais e antes de o mandarem para o inferno. Por um momento Uriel se pergunta o que estaria fazendo alí e cogita sair dali o quanto antes, mas de repente, estufa seu peito. Independente do Rogério estar vivo ou morto já estava mais do que na hora dele enfrentar os fantasmas do seu passado e definitivamente encará-los de frente, então respira fundo e prossegue.

Em poucos minutos apreensivo Uriel já está diante da porta e logo após tocar a campainha, é atendido por uma amável e encantadora senhora de meia idade.

_ Bom dia! em que posso ajudar?

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