Manifestação!

Toda lagarta um dia precisa sair do casulo e abrir as asas e voar, ser livre, assim como a natureza determina. Mas Jena era só uma lagarta reprimida que sonhava um dia em virar borboleta, mas o sonho ficava cada vez mais distante. Rodeada por preceitos arcaicos, que vem sendo transmitido de gerações em sua família conservadora, a jovem estava sendo sufocada por ultrapassar os limites considerados permitidos.

O primeiro era o beijo, um ato escandaloso para as tias solteironas, o beijo era sinal de pecado e fornicação, no qual era inadmissível trocar salivas por trocar, ao menos que o rapaz afirmasse compromisso sérios com a moça para os pais.

Coisa que Michael não iria fazer, ele só tinha dezoito anos, não estava preparado e nem tinha estruturas físicas para assumir tal responsabilidade. Morava com a mãe, garantia de emprego incerta, ainda pretendia futuramente cursar uma faculdade. Agora que estava começando a vida adulto, e tinha metas a cumprir até chegar a esse passo tão importante.

Enquanto isso Jena já conformada com seu destino, iria embora para o interior, carambolas até que não era o fim do mundo, iria rever os pais, as primas encalhadas, as tias solteironas e algumas amigas que deixou por lá.

Ao ver as malas prontas ela suspirou arrastando para o andar de baixo, as crianças assim que viu Jena correu até ela curiosas.

Callie: Jena por que você não foi acordar a gente?

Lily: Pra onde você vai com essa mala?

Madeline: Tá na cara o papai deve ter demitido a Jena, porque agora contratou outro babá.

A menina falou com raiva olhando feio para Pietro que baixou a cabeça se sentindo culpado. Ao ouvir aquilo, as meninas choraram abraçando Jena, porque não queriam que ela fosse embora.

Crianças: Buaaaaáh!

Callie: Jena você não pode ir embora!

Uma lágrima caiu dos olhos de Jena ao ver o quanto as crianças gostavam dela. Ela se abaixou abraçando as crianças que beijam deu rosto carinhosamente.

Crianças: Jena nós te amamos não vai.

Jena: Eu sinto muito crianças, eu não queria ir, mas aqui eu não mando em nada. A Meg é a governanta, então ela pode demitir quem ela quiser.

Madeline: Mas o papai manda, e a Peh também. Eles têm que fazer alguma coisa.

Jena suspirou ao lembrar da conversa que Anthony teve mais cedo com Meg, e que nada adiantou. Ele não podia fazer muita coisa, porque ali envolvia questões familiares e que não estava a seu alcance.

Jena: Vão para o quarto, tomar banho e vestir o uniforme da escola, já a Penélope chega pra ajudar vocês. Eu vou ter que levar minha mala para baixa e limpar o quarta para a próxima babá.

Crianças: Não!

Jena saiu deixando as crianças desesperadas, pois não queriam ter outra babá, queriam a Jena. Madeline revoltada, chamou todos para a brinquedoteca já planejando alguma coisa.

Madeline: Vem comigo vocês, eu tive uma ideia.

Disse a menina pensando em um jeito de não deixar Jena ir embora.

No quarto dos patrões, Penélope andava de um lado para o outro, preocupada e se sentindo culpada, pois Anthony não conseguia dobrar Meg.

Penélope: Pãozinho se a Jena for embora, você tem que demitir a Meg. Ameaça ela de novo, faz alguma coisa ou eu mesmo vou fazer.

Anthony que tentava ajustar a gravata no pescoço, olhou para sua esposa sem acreditar no que ouvia.

Anthony: Você quer que eu faça o quê, Peh? Eu já fui capaz de ameaçar a Meg, eu não sei mais o que fazer, ela não me escuta. Eu não posso questionar as ordens dos pais da Jena, são os pais.

Penélope bufou irritada.

Penélope: Se a Jena sair pela aquela porta, eu juro no mesmo dia eu vou bater em carambolas.

Anthony encarou a esposa incrédulo.

Anthony: Penélope você não vai fazer isso, você perdeu o juízo?! Não vai contestar os pais da Jena, e muito menos embargar numa viagem de quase dez horas de carro, você está grávida.

Penélope: Eu vou de jatinho se a distância for o problema.

Disse engolindo em seco, imaginado a última vez que subiu numa lata velha daquelas quase morria, mas para ajudar Jena ela iria.

Na parte inferior da mansão Jena descia com as malas, quando Michael ia chegando, e arregalou os olhos ao se deparar com a cena. Jena empurrando uma mala enorme com o nariz vermelho.

Michael: Jena pra onde você vai com essa mala?

Perguntou preocupado.

Jena: Eu vou embora para o interior.

Michael: C-como? Jena é por minha causa? Você vai embora porque está com raiva de mim? Precisamos conversar, eu preciso explicar o que realmente aconteceu ontem.

Jena olhou para ele e suspirou.

Jena: Não é por sua causa, foi porque eu fui pra boate escondida da Meg e ainda dopamos ela com sonífero. Então você não tem culpa, e se eu soubesse eu nem tinha ido pra ver a cena que eu vi.

Olhou pro chão desanimada, lembrando do beijo que a garota deu em Michael. Ele segurou na mão de Jena se sentindo triste.

Michael: Desculpa, eu não queria te magoar Jena. A Agnes não significa nada pra mim, tivemos um lance no passado, mas já acabou há muito tempo.

Jena: Tá bom, mas isso não importa mais agora.

Michael ficou sem jeito ao perguntar.

Michael: E aquele cara que você beijou significou alguma coisa?

Jena engoliu em seco, porque o beijo tinha sido bom, era uma experiência nova para ela, mas ela não havia sentido as borboletas no estômago.

Jena: Foi como se eu tomasse um sorvete bom, mas não era o meu preferido.

Michael coçou a cabeça soltando o ar confuso, ele ficou com uma pitada chateação no ar, mas aquilo não era mais importante do que estava acontecendo agora. A Jena iria embora e ele não ia mais ver ela.

Michael: Jena eu não queria que você fosse embora.

Jena: Eu sei, eu também não queria. Me ajuda levar isso lá para a garagem, para o motorista colocar no bagageiro.

Quando Michael pegou a mala, ele sentiu uma tristeza profunda.

Ao chegar na garagem ele colocou a mala de Jena no chão, e olhou pra ela cabisbaixo colocando as mãos no bolso.

Michael: Lembra da primeira vez que nos vimos foi divertido, você desmaiou.

Disse tentando fazer Jena sorrir, ela colocou a mão no rosto envergonhada.

Jena: Não lembra disso, eu ficou com vergonha.

Olhou para os pés um pouco nervosa de estar naquela garagem sozinha com o Michael.

Michael: Jena não se preocupa que ainda vou te visitar lá em.... onde que você mora mesmo?

Coçou a sobrancelha.

Jena: Em carambolas!

Ele riu pelo nome, parecia bastante peculiar.

Michael: Ótimo qualquer dia pego minha moto e vou bater em carambolas.

Jena sorriu, mas logo ficou preocupada.

Jena: É bem arriscado você ir, você vai chegar lá em casa e falar o quê?

Michael: Oras, que vim visitar minha garota.

Mordeu os lábios com aquele sorriso lindo, Jena quase se derrete ali mesmo. Michael acariciou o rosto de Jena com as costas das mãos.

Michael: Posso te dar um beijo de despedida?

O coração de Jena quase ia explodindo de felicidade, ela se aproximou dele quase sem ar.

Jena: Pode!

Disse baixinho, Michael pegou no seu queixo e encostou os lábios no de Jena. Quando foram interrompidos pelo motorista que arranhou a garganta.

Motorista: Hum... Jovens, eu preciso tirar o carro para deixar as crianças na escola.

Jena ficou sem graça, falou rapidamente para ele guardar sua mala no bagageiro e saiu dali apressada.

Jena: Michael é melhor a gente não entrar juntos, ou alguém pode ver e pensar mais coisas sabe.

Michael: Claro, eu não quero te prejudicar Jena. Eu vou ficar aqui um pouquinho.

Jena: Certo!

Jena entrou apresada, pois toda vez que beijava Michael ficava muito nervosa. Assim que ela atravessou a porta, viu a tia que aparentemente estava lhe procurando.

Meg: Onde você estava, Jena?

Jena: Fui levar a mala para a garagem.

Meg: Ok, vai ajudar as crianças a se vestirem e tragas elas para tomar café, depois vai chamar um segurança para levar a bagagem da dona Margareth, que ela vai embora hoje também.

Jena: Quero ver é quem vai ser seu pau-mandado a partir de hoje, Meg.

Meg: Jena para de ser respondona menina.

Ela disse bufando indo fazer os mandados da tia. Mas nem precisou subir as escadas, pois as crianças viam descendo fazendo barulho num protesto igual aquele da revolução das crianças, que fizeram para o Anthony voltar de viagem uma vez dessas.

Crianças: JENA FICA! JENA FICA! JENA FICA!

Gritaram com cartazes feitos de papel sulfite, e faziam barulho com chocalhos, Pietro com os pratos de sua bateria de brinquedo. Poluindo o ar com aquela perturbação aos tímpanos.

Meg: Mas o quê está acontecendo aqui?

Meg perguntou horrorizada, vendo os pestinhas vir para cima dela com todo aquele emaranhado de coisas.

Madeline: Uma revolução não está vendo? Viemos reivindicar os direitos de Jena, e os nossos como crianças. Gritem!

Olhou para os irmãos que começaram a fazer barulho gritando.

Crianças: JENA FICA! JENA FICA! JENA FICA!

Dona Margareth que saía da cozinha com Anthony e Penélope, assim que ouviram o barulho, deram de cara com a simbólica manifestação.

Margareth: Que papagaiada é essa?

Dona Margareth perguntou chocada.

Penélope: Que orgulho dessas crianças, meu Deus!

Penélope falou sorridente encarando os filhos, e puxou Anthony para ir até eles para ajudar no protesto.

Anthony: Peh, me solta eu vou dar um fim nessa barulheira.

Penélope olhou feio para Anthony.

Penélope: Nem pense, vamos apoiar a iniciativa, é por uma boa causa.

Penélope entrou no meio fazendo as crianças se encorajar mais ainda e começaram a gritar para Meg, que caiu no sofá de pernas pra cima. Até Michael ouvindo a agitação entrou na casa participando da zorra.

Jena até derramou uma lágrima de felicidade ao saber que era amada por todos na mansão. E que não queriam que ela fosse embora, mas será que aquilo era o suficiente para ela ficar?

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