Capítulo 04

Isabella: O que houve Julinha?

Julia chora tanto que chego a pensar em levar ela ao médico, consigo ver pequenos cortes superficiais na sua pele. Ela finalmente se acalma e conta tudo que o Bernardo fez, fico boquiaberta. O meu irmão, que cresci ao lado, que nunca me levantou a voz ou mão, que me protegeu e me amou tanto foi capaz de fazer algo tão cruel a mãe do próprio filho. Dou todo o meu apoio a Julia, ficamos horas conversando e ajudo ela a se recompor. A parte mais difícil vem agora que é falar com os pais dela! Deixo ela em casa e sigo para a mansão. Chego e sou avisada que os meus pais estão no escritório com o Bernardo.

Na casa da Sheila...

Julia: Mãe, pai, podemos conversar?

Começo a orar mentalmente pedindo a Deus que me ajude.

Sheila: Que cara é essa minha princesa, o que houve?

Júlia andava estranha, triste nesses últimos dias. Apesar de saber que tinha algo errado ela não me falou nada. Seguimos com ela para o escritório.

Jonas: Filha o que aconteceu?

Julia: Pai eu sinto... muito...

Começo a chorar de novo, não sei como contar aos meus pais.

Jonas: Filha o que quer que seja pode nos falar sempre a verdade.

Julia: Eu.... eu... to... gravi....

Sheila: GRAVIDA? Você tá grávida Júlia?

Fico completamente surpresa, sem saber como reagir, minha menina grávida?!

Como não notei, como não desconfiei?!

Jonas: O QUÊ?

Dou um passo para trás, começo a andar de um lado para outro, as minhas mãos soam, passo elas pelo meu cabelo e mal consigo olhar para Julia. Preciso folgar a gravata para respirar.

Julia: Pai por favor... eu te imploro... me perdoa... não me abandona... por favor!

O meu pai fica nervoso, Bernardo não quis essa criança e se os meus pais também não quiserem?! Fico tão nervosa que falo entre soluços.

Jonas: Júlia implora que não a abandone, fico incrédulo, como poderia abandoná-la?!

Filha calma, eu preciso saber de tudo que aconteceu. Mais uma coisa eu te garanto, jamais vou te abandonar!

Sheila: Júlia filha, porque não me falou nada? Eu sempre lhe apoiei, te ensinei a se cuidar! Grávida? Como assim filha? Grávida de quem?

Julia: Mãe eu me cuidei, foi uma única vez e estava com muita vergonha de falar porque a camisinha estourou e... eu... tomei uma pílula no mesmo dia.

A medida que falo o meu coração dispara como se tivesse corrido uma maratona.

Sheila: Isso não é vergonha filha! Agora como não sabíamos que tinha alguém na sua vida?

Jonas: Você foi forçada Júlia?

Julia: Não!!! Não pai...

Abaixo a cabeça.

Eu quis.

Jonas: Quem é o pai Júlia?

Julia: Pai me promete que não vai matar ele, por favor...

Jonas: Anda Julia, quem é o pai?

Falo impaciente já temendo a resposta.

Julia: É... o.... Ber... Bernardo pai!

Sheila: O que?

Levo as minhas mãos a boca! Olho a Julia incrédula.

O Bernardo da Daniela, o meu afilhado que é como se fosse o seu primo?

Julia: Sim.

O meu pai está com muita raiva, fico assustada e me encolho tremendo.

Jonas: Vocês estão juntos a quanto tempo Júlia?

Júlia 'se encolhe, ela está assustada. Tento controlar o meu tom de voz e a raiva que estou sentindo!

Julia: Não estamos juntos pai, foi no dia do aniversário de casamento da tia Daniela, nos encontramos depois de anos no Jardim e ficamos apenas essa vez, depois não o vi mais e descobri hoje que estou grávida.

Sheila: Ele já sabe? Sabe que está grávida?

Julia: S... sim... Ele me falou... que não quer um filho mãe.

Volto a chorar por magoa e medo da reação dos meus pais.

Sheila: Você não está sozinha mocinha, seque essas lágrimas e vem comigo. Você precisa de um banho quente, um chá e descanso. Amanhã conversaremos melhor, todos mais calmos.

Olho para o Jonas que está sério, ele entende o recado. Júlia está fragilizada, agora sei preciso cuidar da minha filha!

Jonas: Filha eu não sei o que falar agora, to com raiva, mas não é de você. Eu te amo e nunca estará sozinha em nenhuma circunstância. Terá todo o nosso apoio!

Abraço Júlia que está trêmula, ela vai se acalmando. A nossa filha sempre foi doce, gentil, nunca deu nenhum trabalho e agora enfrentará uma barra que nem imagina. Infelizmente não vamos poder tirar a dor dela. Acompanho ela e a Sheila até o seu quarto, deixo as duas sozinha, sigo para o meu quarto e dou um murro na parede. As horas passam, Sheila volta, ela está arrasada.

Sheila: Ela vai precisar muito da gente amor! Finalmente dormiu, a deixei suspirando no quarto de tanto que chorou.

Jonas: Eu sei. Estaremos com ela.

Sheila: O Bernardo amor, o menino que vimos crescer, o nosso afilhado!

Joana: Nem sei o que sou capaz de fazer com ele se ele cruzar o meu caminho agora. Como ele pode dizer a ela que não quer um filho?!

Sheila: Talvez tenha sido o choque da notícia, não foi certo e não estou defendendo ele mas cada um reage de uma forma.

Jonas: Melhor para ele que seja, pois não vou aceitar que ele haja como um moleque com a minha filha. Fizeram esse filho juntos e é responsabilidade dos dois.

Sheila: Eu concordo, amanhã cedo vamos até a Daniela e o Bruno e veremos como resolvermos toda essa bagunça! Agora vamos tomar um banho e dormir também, to exausta mentalmente.

Jonas: Sheila pega a minha mão, vamos juntos até o banheiro, tomamos um banho e nós deitamos. Tenho dificuldade de dormir pensando em tudo que aconteceu.

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