Sentado no banco da praça, Felipe olhava para o vazio, perdido em pensamentos. O medo de falhar na prova de admissão era grande, mas ele estava convencido de que passaria e alcançaria sua independência financeira. Luana, vendo-o ali absorto em seus pensamentos, decidiu se aproximar dele, apesar de tê-lo ignorado por uma semana.
— No que tanto pensa? — perguntou Luana, sentando-se ao lado de Felipe e olhando para ele.
Felipe estava tão concentrado que não percebeu a presença de Luana até ela sentar-se ao seu lado. Vendo que ele não responderia, ela levantou-se e sentou-se em seu colo. Ele ficou surpreso e voltou à realidade, notando Luana em seu colo. Seu rosto corou de vergonha e, ao tentar dizer algo, ele se atrapalhou com as palavras. Luana roubou um beijo dele, olhando envergonhada. O silêncio pairou, até ser interrompido pela expressão de surpresa de Felipe.
— Sabe, Felipe, suas reações sempre foram muito fofas, e eu sempre... sempre admirei suas reações. Sempre fui apaixonada por você, mas meu maior medo era confessar meus sentimentos e me arrepender depois, ou que você me rejeitasse e perdêssemos nossa amizade de infância. Eu não quero te perder, e também não quero que se afaste de mim. Se fizer isso, nunca vou te perdoar. E desta vez estou falando sério. - Luana fez uma expressão zangada enquanto falava, mas seus olhos tristes, vendo Felipe cada vez mais próximo de Lilina-chan, revelavam um sentimento oposto ao que demonstrava em aparência. Luana abraçou Felipe, que a abraçou de volta e acariciou sua cabeça.
— Sabe, Luana, agora eu realmente entendo. Esse carinho incomum e essa perseguição... sério, você sempre esteve tão próxima de mim, sempre fizemos tudo juntos. Mas, quando entramos no ensino médio, você mudou. Ficou mais atirada, até roubou meu primeiro beijo, e quando estive no hospital, me beijou de novo. Agora, sentada no meu colo e me beijando como se fôssemos namorados... isso vai além das minhas fantasias românticas com você. - disse Felipe, enquanto ainda acariciava a cabeça de Luana e passava a mão pelo rosto dela, parando no queixo.
Uma baixinha constrangida estava parada à frente deles, observando o casal de amigos tão próximos. Felipe notou sua presença e a contemplou, admirando seus cabelos cacheados e sua aparência delicada. Luana também percebeu para onde Felipe estava olhando e sentiu ciúmes. Com uma expressão ciumenta, ela ofendia a garota em voz baixa, mas o olhar de ciúmes para Felipe era claro. A garota parecia receosa e envergonhada, incapaz de socializar bem. Sua timidez a fez gaguejar e engasgar com as palavras, mas Felipe reuniu coragem para interromper a conversa com Luana e falar com ela.
— Olá, precisa de alguma ajuda? - perguntou Felipe, encarando a pequena garota frágil e delicada.
— Ah, m-me desculpe, eu não queria interromper o casal. É que estou perdida e pensei em pedir ajuda, mas sou péssima em me socializar e fiquei com medo de falar algo errado. - disse ela para Felipe, que estava prestes a cumprimentá-la, mas ela se afastou e o cumprimentou abaixando a cabeça.
— Não se preocupe, não vou te fazer mal. Prazer, meu nome é Felipe. Qual endereço você está procurando? - disse Felipe, estendendo a mão para cumprimentá-la, mas ela evitou o contato.
— Ah, prazer, meu nome é Sumi Sakurazawa. Estou procurando por este endereço aqui. - Sumi entregou um bilhete a Felipe, que ao lê-lo, surpreendeu-se com o endereço.
O espanto de Felipe foi compartilhado por Luana, que também leu o bilhete e notou o endereço.
— Felipe, esse endereço não é o prédio em frente à sua casa? - perguntou Luana, curiosa pela resposta de Felipe.
— Ah, sim, é o endereço do prédio em frente à minha casa. Mas o que você está fazendo indo até lá? - perguntou Felipe, desconfiado e um pouco assustado por ver seu próprio endereço escrito no papel.
Sumi-chan tentou superar sua vergonha e explicou, mas sua explicação só confundiu mais Felipe. Mesmo assim, ele a levou até o prédio em frente à sua casa, e ela agradeceu com um sorriso que o deixou desnorteado. O sorriso dela permaneceu em sua mente.
Enquanto isso, Lilina-chan virou a esquina e viu Felipe em frente à sua casa. Ela se aproximou e notou o rosto vermelho de vergonha, as mãos trêmulas e o sorriso desajeitado. Pegando a mão de Felipe, ela o puxou para perto de si e o beijou. Felipe ficou surpreso com o beijo repentino e a afastou. No entanto, Lilina-chan o beijou novamente, fazendo-o cambalear e cair no chão. Ela caiu em cima dele. Após uma tentativa de afastá-la, ele simplesmente deixou que continuasse. Quando ela parou, se levantou e cumprimentou Felipe com um sorriso. Felipe, com o rosto ainda vermelho de vergonha, não sabia como reagir ou o que pensar.
— Felipe, isso não é justo. Você tem meu número, sabe onde moro, mas por que não me liga ou me visita? Tem medo de que eu tente algo com você em casa? Você está sendo tão ruim comigo, me deixando sem motivos. Será que você não quer mais ser meu amigo? - perguntou Lilina-chan, ainda sentada em seu colo, com um olhar triste. Felipe afastou-a e se levantou.
— Idiota, não me beije assim do nada. Você chegou e me beijou sem aviso. Além disso, nos últimos dias, você mudou a maneira como me cumprimenta. Antes, me abraçava ou dava um tapinha nas minhas costas. Agora, chega e me beija sem aviso. O que você realmente quer? - disse Felipe, recuperando-se do susto e olhando para Lilina-chan, cujos olhos brilhavam de alegria.
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Atualizado até capítulo 19
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