Capítulo 10

Theo suspirou, agora as coisas iriam piorar definitivamente.

Valeria acordou algumas horas depois, confusa e sentindo dor no pescoço. Quando tocou a área machucada, estremeceu só de sentir o toque de seus dedos. Ela se levantou ainda em estado de confusão e mais perdida do que nunca, lembrando-se do que havia acontecido, apesar de parecer mais um sonho do que a realidade. Aquele homem a tinha feito sentir sensações que nunca havia sentido antes.

"Senhorita Valeria, finalmente acordou. Seu acidente foi bastante aparatoso", disse Theo, esperançoso. Eles tiveram que mentir um pouco para ela, não podiam dizer logo de cara que havia sido marcada pelo Rei Lycan e que estava se tornando parte de uma Lycan aos poucos.

"Acidente?", perguntou Valeria ainda mais confusa, sem se lembrar da situação.

"Claro que sim. Quando os guardas entraram, você se assustou e caiu da mesa, perdendo a consciência. Durante a queda, machucou o pescoço no canto da mesa. O médico já a examinou e está tudo bem", disse Theo, tentando manter a seriedade e sentindo como se seu nariz fosse crescer a qualquer momento, não por ser um Lycan, mas por mentir.

Valeria piscou, ainda confusa, sem entender direito. Talvez, com a queda, tivesse alucinado o que aconteceu depois.

- Onde está seu chefe? Quero que ele devolva minha clínica veterinária e o dinheiro! - disse ela irritada. Ela tinha um objetivo\, enquanto Theo brilhava os olhos. Parecia que ela não deixaria o chefe escapar com esse assunto\, o que era muito bom. Osiris era um mestre em enganar jovens como Valéria.

- Ele teve uma reunião urgente e disse que vai resolver o assunto. Pediu-me para levá-la para casa e pedir desculpas pelo acidente - falou Theo com educação enquanto ela ainda estava abalada. Ela estava cansada e sem forças.

Valéria concordou, sem forças para falar. Ela se sentia drenada, sem energia.

Theo saiu com Valéria e no caminho todos a olham com a boca aberta. Alguns se curvam enquanto Theo balança a cabeça. Valéria não percebe, mas por ser marcada, ela exala o cheiro de seu companheiro. Lobos e Lycans podem sentir isso. Essa humana é a Rainha Lua.

Theo chega com Valéria adormecida. Ela dormiu o caminho todo depois de dar as coordenadas. Ela parecia um pouco pálida, o que era normal, já que ela iria desenvolver um pouco do lado Lycan. No entanto, ela não será uma Lycan completa. Seu corpo vai passar por uma mudança e ela terá que suportar a semente forte de um Lycan e, ainda mais, a de um Rei Lycan e dar à luz seu herdeiro. Se ele não tiver uma transformação, ela pode morrer. Ela não poderia ter o filho com o Rei Lycan.

Valéria entrou em casa muito confusa e ainda pálida, não quer contar à sua mãe sobre o que aconteceu, não quer preocupá-la, então só vai colocar uma desculpa até que aquele homem devolva seu dinheiro e coloque seu pequeno negócio em outro lugar.

"Vale, minha filha, o que você está fazendo em casa tão cedo? Não vai abrir seu consultório?" - Loni perguntou um pouco estranha, mas ao vê-la se preocupou ainda mais.

"Mamãe, acontece que a rua está sendo reformada e nos pediram para não abrir os negócios por segurança. Além disso, acho que estou doente, vou aproveitar para descansar por alguns dias" - disse Vale enquanto caminhava para seu quarto.

Loni se apressou e tocou sua testa, ela estava com febre, então procurou um antipirético e muitos líquidos, talvez fosse apenas uma gripe passageira.

Valéria dormiu a tarde e à noite toda. Loni estava preocupada, pois sua filha jamais pularia uma refeição. No dia seguinte, Vale acordou um pouco mais recuperada, mas ainda parecia um pouco fraca.

Vale naquele dia não queria sair, tinha uma angústia no peito que crescia a cada momento, naquela tarde havia tido sonhos muito estranhos com aquele homem, aquele arrogante que não a deixava pensar em mais nada.

À noite, Valéria desceu para comer um pouco, até o apetite havia diminuído bastante. Ela se sentia confusa enquanto Loni a observava preocupada, então decidiu interrogá-la.

- Mi Vale\, por acaso\, esse Luis é... o seu ex-namorado que tem te procurado? - perguntou preocupada\, talvez aquele desgraçado infiel tivesse voltado a incomodá-la.

Valéria já tinha tido um namorado de boa posição econômica. Quando estava terminando seus estudos, ele até a enganou, indo à casa dela pedir sua mão em casamento para Loni, mas o objetivo dele era tê-la em sua cama. Naquela oportunidade, ele quase havia conseguido, mas Valéria tinha medo de engravidar, estava em seu último ano e seria como suicídio. Ainda que Luis fosse muito rico, no fundo do seu coração, ela sentia que não pertencia ao mundo dele e poderia ser que a família não a aceitasse.

Dois meses depois de pedir sua mão em casamento, Valéria viu nas notícias da alta sociedade o casamento de Luis com uma jovem rica de família de mesmo nível econômico.

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