ALYSSA
Eu estou me perguntando todo santo dia como a minha vida foi se transformar nessa bagunça que está agora. Desde que eu fui sequestrada por alguns malucos lá no Texas, não tenho conseguido manter os meus pensamentos em ordem e nem muito menos dormir direito, com medo do que possa acontecer comigo.
Eu fui abusada diversas vezes quando estive nas mãos daqueles imbecis, eu realmente não tinha um segundo de paz, assim como as outras garotas que ali estavam. Uma delas cometeu suicídio pois não aguentou a pressão que foi viver desse jeito.
Quase fiz isso também, confesso.
Sempre, sempre, sempre fomos informadas que seríamos vendidas para a prostituição, obviamente. Eu já estava esperando o pior. Nos contaram também sobre esse "Don", que exerce grande influência nesse meio criminoso, eu não esperava que ele fosse tão jovem assim, pois me parece ter uns 25 anos...
Nos contaram tantas coisas ruins sobre esse homem, fiquei apavorada quando o vi e até agora estou, na verdade. Como vou saber que ele não vai me matar? Ele disse que não ia me estuprar, mas quem garante que isso não vai acontecer? Não posso confiar nele, mas também não quero desafiá-lo, então farei de tudo para não o irritar.
── Você já comeu, querida? ── sou despertada do meu transe com a voz suave da mesma cozinheira de antes, ao qual eu julgo se chamar Dora, pois ouvi o tal “Don” chamá-la assim
── Ah, claro, claro. ── eu empurro o prato para longe de mim, já sentindo a minha barriga cheia e também satisfeita. A mulher sorri e começa a recolher todos os objetos de cima da mesa, levando-os para a cozinha. Permaneço durante um tempo ali sentada, até que tomo a decisão de me levantar e ir até Dora, percorrendo o mesmo caminho que ela, não demorando a encontrá-la ao pé do lavatório ── Ah... Dora? ── chamo a sua atenção e ela me olha, erguendo as sobrancelhas.
── Oi, querida. Precisa de alguma coisa? ── ela questiona cuidadosa e eu entorto a boca, me sentindo mais a vontade com ela. Sinto-me melhor por saber que Don não está em casa, ele de certa forma me intimida muito e eu não me sinto confortável com isso. ── Já sei, talvez queira fazer perguntas...? ── Dora supõe e eu concordo ── Eu posso respondê-las, mas depende muito. ── balanço a cabeça. Melhor isso do que nada, então eu vou questionar bastante
── Você tem alguma ideia do porquê Don me trouxe para cá? ── estou realmente aflita quanto a esta questão
── Não sei, querida. Ele não costuma nos passar essas informações, sou apenas uma simples cozinheira... ── ela me responde, tão educada. ── Mas não se preocupe, eu tenho certeza que não é para nenhum fim sexual. ── me tranquiliza e eu suspiro, talvez aliviada por isso? Ela já é a segunda pessoa que me fala isso.
── Ele costuma demorar muito quando viaja assim? ── indago novamente. Confesso que estou preocupada com o dia em que ele voltará, vai saber o que aquele homem pode fazer comigo... Ok, eu sinto muito medo dele e isso não me envergonha porque.... Cara, ele é muito, muito intimidador.
── Não muito, no máximo em uma semana ele volta. ── responde e eu assinto, olhando para os lados e me perguntando o que eu posso fazer para matar o tédio que está me consumindo ── Você precisa de mais alguma coisa? Recomendo que descanse.
── Não, na verdade. ── digo ── Eu posso te ajudar aqui? ── com um sorriso meigo no rosto, Dora concorda, me dando espaço para que eu possa me juntar a ela. Alcanço um pano de prato e começo a enxugá-los, com todo o cuidado, pois eles aparentam ter sido muito caros... Tipo o preço do meu rim.
•••
Dora e eu passamos a tarde inteira conversando sobre vários assuntos, eu contei um pouco da minha história a ela, contei que a minha vida em minha casa era uma merda e que com certeza ninguém vai me procurar. Agora que anoiteceu, eu decidi tomar um banho e, quem sabe, assistir algo na tv. Eu amo assistir comédia romântica, creio que aqui haja netflix pois não é possível que um mafioso como aquele, tão articulado não tenha uma assinatura dessas.
Quando eu termino o meu banho, visto uma camiseta enorme que encontrei no closet aqui. Não tenho roupas e este fato me obriga a usar estas, que eu não sei a quem pertence, mas enfim, estão me servindo bastante. Não demora muito e eu ouço batidas suaves na porta, em seguida, a voz doce de Dora. ── Querida, Don quer falar com você. ── engulo a seco, me perguntando o que seria dessa vez. Tento me lembrar se fiz algo de errado e então percebo que não
── Oi. ── falo assim que abro a porta e pego, gentilmente, o celular das mãos de Dora.
── Alyssa, droga. ── ele resmunga e eu ouço alguns sons estranhos no fundo ── Porra, eu esqueci de comprar roupas pra você. Eu pedi pra Dora comprar algumas até que eu chegue. ── enrugo as sobrancelhas.
── Mas por que eu tenho que esperar você chegar? ── as palavras pulam de meus lábios sem que eu possa controlá-las
── Lembra das regras, querida? ── ele questiona e eu suspiro ── Eu não confio em você, a Dora pode ser facilmente manipulada.
── Era só isso? ── questiono um pouco rude e ele pigarreia do outro lado da linha
── Se eu fosse você, teria cuidado na hora de falar comigo. ── mordo o canto interno de minha bochecha, me sentindo nervosa pelo tom usado por ele.
Foco, Alyssa.
•••
Leblanc
── Então, Don... ── Tyler se aproxima de mim com um sorriso no rosto, enquanto segura um copo de bebida. Reviro os olhos, me ajeitando melhor na poltrona onde estou sentado. ── Não vai se divertir? Olha aquelas garotas ali. ── ele aponta para um grupo de mulheres sentadas em um sofá de couro vermelho, elas estavam olhando para cá. Entorto a boca.
── Não. ── respondo simples e ele enruga as sobrancelhas ── Elas não despertaram o meu interesse, agora pare de me importunar sobre isso. ── concluo e ele ergue as mãos, em sinal de rendição. Me recordo do dia do leilão e o impeço de se afastar de mim ── Senta, quero conversar com você. ── ordeno e ele concorda, fazendo o que eu pedi.
── O que foi?
── Você e o Thomas estão tendo algo? ── questiono sem rodeios e, de repente, percebo a pele de Tyler perder a cor.
── Não. Nossa relação é única e exclusivamente de trabalho, nada mais que isso. ── ele mente, mente na cara dura. ── Somos amigos.
── Amigos não se olham do jeito que vocês se olham. ── rebato seriamente ── Não vou intervir no que quer que vocês tenham, mas eu quero que saibam que não tenho nada contra isso, muito pelo contrário. Antes de qualquer relação de trabalho, somos amigos e têm o meu apoio. ── seu choque é evidente, tenho certeza que não esperava isso ── Enfim, agora vaza. ── o expulso daqui e ele me olha como se estivesse bravo. Entretanto, não fala mais nada e simplesmente se vai.
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Atualizado até capítulo 130
Comments
Riva Ribeiro
Gostei do Don, ele parece se importar com as pessoas ao seu redor.
2023-09-15
6
Cintia Maria Lemos Tavares
Don estou quase disponível kkkkkk
2023-06-21
1
Eliana Machado
Porque quero você só pra mim
2023-05-19
0