Depois de vários meses no mar, o pescador estava finalmente na velha estrada de terra, que ele conhecia muito bem, pois ela o levava para a sua casa.
Faltando poucos metros para chegar no seu lar, ele viu o que não queria ver, o pobre Pedro olhava, mas não queria acreditar. Ele começou a chorar desesperado, por não saber mais o que fazer. Não, ele não estava a ver o velho papagaio, pois o mesmo havia morrido a semanas atrás, de velhice. O que os seus olhos estavam vendo era algo infinitamente mais precioso para Pedro, algo que ele não trocaria nem por toda a riqueza do mundo. Era a sua linda filha, que corria para o abraçar.
— Papai, eu quase morri de saudades! — disse Maria euforicamente e abraçando Pedro apertado.
Pedro estava completamente atordoado, pois, se lembrava do trato feito com aquela voz. Ele teria que entregar a sua preciosa filha nas mãos de algo desconhecido, por ela ter sido a primeira coisa à ser vista por ele, nesse momento o pobre homem se martirizava por ter, irresponsavelmente, feito este acordo com a tal voz. Ele não queria entregar a sua única filha. Ela não merecia isso. Pedro se perguntava porque não pensou que algo do tipo poderia acontecer, ele estava se achando um grande idiota no momento. Enquanto isso, Maria o observava, ela acreditava que o seu pai ficaria feliz em vê-la, mas ele parecia muito triste e preocupado, as lágrimas que o seu pai derramava não parecia de felicidade, muito pelo contrário.
— Está tudo bem Papai? Por que o senhor está chorando tanto? Não está feliz de me ver? Aconteceu algo? — Questionava Maria ao seu pai, confusa e preocupada. — Por favor papai, fale comigo!
— Eu irei te contar filha, mas vamos entrar antes, está bem?!— disse Pedro, com a voz embargada.
Entrando em casa, Pedro abraçou e beijou sua esposa. Ele chorava inconsolavelmente. Mãe e filha se entreolharam, sem saber o "porque" de Pedro está naquele estado. Depois que o pescador acalmou-se, ele relatou todo o ocorrido as duas mulheres e ambas ficaram chocadas. E ele estava envergonhado, por ter vendido a sua própria filha, mesmo que por acidente, ainda assim, o pobre homem se sentia terrivelmente culpado.
— Tudo bem papai! Eu irei entregar-me a essa voz, seja lá a quem ela pertença. Vou agora mesmo para o mar! — disse Maria. — Se essa voz teve poder de fazer um mar que não tinha peixes de repente ter e em demasia, é muito provável que ela nos destrua facilmente, como baratas.
— Não querida, você não vai!— disse Pedro. — Nós vamos encontrar outro jeito. Não vou deixar você se sacrificar por conta de um erro meu.
— Não existe outro jeito papai, ou eu vou, ou todos morreremos! —disse Maria, convicta. — Se eu for, pelo menos vocês ficarão bem...
Pedro queria convencer a filha a não ir, mas ela estava decidida. E não havia tempo para discussões. Sendo assim Maria fez uma trouxa com as poucas roupas que tinha, se despendiu dos pais, que choravam, implorando para que ela não fosse. Mas que outra escolha ela tinha. Ela jamais assistiria a morte dos seus pais, sabendo que ela poderia ter feito algo para impedir, ela amava-os tanto, mais que tudo e ela faria o possível para protegê-los, mesmo que tivesse que dar a sua própria vida para isso. E ela partiu para o mar, acreditando que nunca mais veria a sua família.
— Olá, tem alguém aí? — gritou Maria, ao chegar no mar. — Eu sou a filha do pescador Pedro, vim honrar com o trato que o meu pai fez com você!
Já fazia quase 1 hora que Maria esperava uma resposta vinda do mar, mas não veio nenhuma, ela sentiu até um certo alívio, acreditando que a tal voz não a queria e que talvez ela pudesse voltar para casa. Ela estava prestes a ir embora.
— Entre no mar agora! — disse a voz misteriosa.
Ao ouvir aquela voz, Maria ficou assustada e, ao mesmo tempo fascinada. Era uma voz tão profunda e linda, a voz mais linda que ela já havia ouvido em toda a sua vida. A voz era masculina, Maria não tinha dúvida, mas quem ou o que poderia ser ela não sabia, o que ela sabia era que estava com medo, mas mesmo assim desejava saber à quem pertencia àquela voz, que fez o seu coração bater descontroladamente apenas com algumas poucas palavras. Um coração que ela julgava ser seu, mas que de repente queria saltar do seu peito para pertencer ao dono daquela voz. Maria sentiu que o seu coração deixou de pertencer a ela naquele momento. Ela só podia estar louca, por se apaixonar por uma voz que ela não sabia de quem era.
— Você não me ouviu? Eu disse para você entrar no mar agora! — disse a voz no mar.
Maria estava perdida em seus pensamentos, quando ouviu novamente a voz lhe dizer para entrar no mar. Ela se perguntava se a tal voz queria que ela se afogasse, pois ela não sabia nadar. Mas que importância tinha isso, ela veio mesmo disposta à entregar à sua própria vida para que seus pais pudessem viver, mas ela ainda tinha esperança de que não precisaria fazer isso, no entanto, ela obedientemente entrou no mar. Seu pequeno e lindo corpo estava completamente submerso nas águas, ela se sentia sonolenta, então ela decidiu se entregar ao sono, acreditando assim, que a morte doeria menos, então debaixo da água, Maria fechou os olhos esperando que o sono a roubasse. O estranho era que ela já estava alguns minutos submersa e não estava se afogando, mas a moça estava com sono demais para perceber. De repente ela sentiu algo ou alguém segurar sua cintura firmemente e lhe puxar para baixo. Maria tentou abrir os olhos para ver, mas não conseguiu, eles estavam muito pesados e então, sem lutar, ela se deixou levar, a garota não sentiu que era seu fim, ela se sentiu muito segura nos braços de quem a carregava, como nunca antes havia se sentido. Então ela se abraçou àquele ser que a levava não se sabe para onde. Foi uma sensação maravilhosa para Maria. Aquele ser que ela abraçava só poderia ser humano, ou não? A jovem se perguntava, até perder a consciência e dormir profundamente.
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Atualizado até capítulo 31
Comments
Amandinha oliveira 🤩
meu Deus Autora quê é isso até eu fiquei com medo
2023-04-06
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