A caminhada da favela até a entrada da cidade durou cerca de 4 horas depois de desviar e se esconder de qualquer pessoa que via pelo caminho. Ela não podia arriscar ser pega por alguém e perder essa chance.
Quando chegou perto do portão, subiu em uma árvore com muita folhagem e esperou o dia clarear para se juntar a caravana.
Sentindo frio na barriga, a menina esperou a noite passar e a primeira luz começar a despontar ao leste. Vendo o movimento de pessoas no portão, a menina cautelosamente desceu da árvore e se aproximou do líder da caravana com o estômago apertado de nervoso e medo.
O líder dessa caravana era um homem corpulento de aproximadamente uns 35 à 40 anos, com os cabelos castanhos já com alguns poucos fios brancos na têmpora, vestido de maneira prática mas elegante para estabelecer sua imagem. Ele tinha um rosto sério e estava comandando diferentes pessoas a carregar caixas grandes nas carroças cobertas com lona bege.
Quando se virou para orientar outro ajudante com as mercadorias, viu uma menina vestida com roupas velhas e com o rosto magro se aproximar devagar. A menina devia ter menos de 15 anos olhando por sua altura e olhava desconfiada para todos os lados enquanto andava. Parecia que já tinha passado por alguns maus bocados em sua jovem vida, a julgar pela forma como agia. Contudo, isso não era surpreendente. Não era raro as pessoas comuns e sem status ou dinheiro sofrerem diferentes formas de danos e injustiças. E isso era em todos os lugares, não apenas em Liande.
A menina se aproximou cada vez mais até estar de frente ao líder da caravana. Encarando o rosto sério com as sombrancelha grossas juntas em uma carranca, a menina engoliu em seco e perguntou com voz rouca se ainda havia lugar para uma pessoa com apenas bagagem de mão.
O líder a olhou de cima à baixo, fazendo o corpo pequeno se enrijecer instintivamente e disse que ainda restavam dois lugares.
A garota então enfiou a mão no bolso da calça onde já havia deixado separado dinheiro suficiente para a passagem e para comprar alguns pães de sorgo para comer durante a viagem, contou vinte moedas de cobre e entregou ao líder da caravana prendendo a respiração.
O líder pegou o dinheiro e entregou para a menina um pequeno token de madeira com o símbolo da caravana gravado e explicou brevemente o funcionamento da caravana durante o trajeto para Truzia.
Depois de olhar novamente para a menina e confirmar que ela havia entendido, o líder voltou sua atenção para as mercadorias e a deixou de lado para fazer suas próprias coisas.
A garota agarrou firmemente o token e foi em direção a uma pequena barraca de rua onde vendia pães e sopas quentes para o café da manhã.
O preço do pão de sorgo era dois pães por uma moeda de cobre e a sopa de macarrão com legumes custava 8 moedas de cobre. Ignorando a sopa cheirosa, a menina pediu a tia da barraca quarenta pães de sorgo diretamente.
Isso era mais que o suficiente para durar até alguns dias após chegar Truzia e como o pão era seco ele tinha uma validade bastante longa.
Pegando o embrulho feito de folhas largas, a menina entregou as vinte moedas de cobre para a vendedora e se afastou em direção aos carroções de lona da caravana. Era melhor ficar em um lugar perto para evitar qualquer problema.
Parando ao lado de um dos carroções já carregado, a menina se agachou e enfiou o embrulho com os pães em sua bolsa de ombro, junto a sua roupa. Pegando um dos pães, ela fechou a bolsa e a pôs no ombro novamente enquanto mordisca o pão seco.
Depois de um tempo, quando já tinha quase terminado o pão, começaram a chegar os outros viajantes que iriam para Truzia junto com a caravana.
A garota pôs o capuz na cabeça, escondendo um pouco suas feições e observou o grupo de 8 pessoas se aproximar do líder da caravana.
Entre essas pessoas tinha um casal de aproximadamente 30 anos que estava viajando com bagagem simples como ela, e os outros seis eram donos de mercadorias que seriam transportadas para Truzia pela caravana. Eles ficavam em um carroção separado dos viajantes comuns e tinham prioridade na proteção pela escolta.
Os viajantes comuns ficavam em um carroção ao final da caravana, onde ficavam alguns materiais diários de baixo ou nenhum valor.
Quando os membros da guilda de aventureiros que fariam a escolta chegaram, também foi o momento em que todas as mercadorias foram alocadas nos carroções.
Cumprimentando o capitão da equipe de escolta, o líder da caravana apresentou os donos das mercadorias que estavam transportando e mostrou brevemente as outras três pessoas que estariam viajando com eles para Truzia.
A menina ficou parada sem chamar atenção para si e olhou para a equipe de sete homens e três mulheres que fariam a escolta da caravana. Essa era a primeira vez que via uma pessoa com habilidades tão de perto, fazendo com que ela ficasse ansiosa e temerosa ao mesmo tempo.
Todas as vezes em que ela era espancada pela mulher má ou violentada pelo homem gordinho, ela rezava para que pudesse despertar alguma habilidade e matar essas duas bestas miseráveis que à faziam mal.
Olhando para os olhos com brilhos e cores diferentes mudados pelo despertar da habilidade, a menina engoliu em seco e serrou as mãos firmemente. O desejo de força e vingança brilhando em seus olhos foram escondidos pela sombra do capuz.
Após as apresentações e mais alguns ajustes, o líder da caravana deu ordem de partida e os três carroções com cobertura de lona sairam pelos portões de Liande cercados por dez aventureiros montados em cavalos.
A menina sentada na traseira do carroção ao final do comboio, deu uma última olhada em direção a cidade em que viveu toda a sua vida e prometeu em seu coração que, se sobrevivesse a essa jornada, um dia voltaria e faria os dois demônios que lhe arruinaram pagarem pelos seus pecados.
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Atualizado até capítulo 49
Comments
corrinha
tomara que dê certo 🙏
2024-01-12
1
Jozse Da Shilva
Se ouvesse diálogo seria mais agradável à leitura.
2023-01-15
2
Joelma Oliveira
tomara q ela sobreviva a viajem e desperte alguma habilidade e volte forte
2022-12-21
1