Aphelium
...@/Pinterest...
...****************...
Ahng, ahng, ahng...
Na noite escura e fria de Liande, em um pequeno beco sujo das favelas, veio um som de respiração ofegante misturado com o assobio do vento. Lá estavam um homem de tamanho mediano e gordinho pressionando uma garota pequena na parede.
A menina não se moveu, apenas ficou parada esperando o homem terminar de se satisfazer em seu corpo. Aquela já não era a primeira vez em que foi estrupada.
Quando o homem terminou, ele puxou as calças para cima e jogou um punhado de moedas aos pés da menina.
— Vê se não corre da próxima vez, pirralha, ou você vai levar mais do que alguns tapas.
A menina se agachou e tentou se cobrir com as roupas esfarrapadas e rasgadas, sem responder ao homem. Tremendo, ela limpou o sangue dos lábios ressecados e viu o homem sair do beco e desaparecer na noite escura.
Depois de se recuperar por algum tempo, a menina se esticou e apanhou as moedas caídas enquanto sentia seu corpo doer. Principalmente entre as pernas, onde ainda escorria o sêmen do homem.
Olhando a gosma esbranquiçada descendo pelas coxas, a menina olhou com ódio e nojo profundo na direção em que o homem havia saído. Em seu coração ela jurou um dia se vigar do demônio que a arruinou e da vadia que a forçava a viver assim.
Se levantado, a garota saiu do beco lentamente e desceu a rua sombria em direção ao outro lado da favela, onde passava um pequeno córrego. No caminho, ela parava para se esconder de alguns transeuntes que estavam indo para casa, e demorou um pouco para chegar ao local onde estava acostumada na beira do córrego.
Aquele era um local bem escondido e não dava para ver diretamente da rua por conta de algumas árvores e arbustos espalhados.
A água cristalina corria devagar entre as pedras lisas, e passava uma sensação de serenidade e suavidade para a menina. Por ser um uma parte um pouco mais afastada, a água ainda ainda era muito limpa, ao contrário da parte mais baixa que corria perto da entrada da favela.
A menina retirou as roupas esfarrapadas do corpo e as colocou em uma saliência de rocha à beira do córrego junto das poucas moedas. Enquanto ela entrava na água gélida, era possível contar as costelas em suas costas de tão magra que estava. Seu corpo coberto de hematomas azuis e verdes afundou lentamente na água.
Ela e sua mãe costumavam vir aqui para lavar roupas e tomar banho no passado, porém agora a menina vinha sozinha todas as noites. Sua mãe faleceu há pouco mais de três meses e a deixou sob os cuidados de uma vizinha de quem era um pouco mais próxima. Contudo, sua mãe nunca poderia imaginar que no dia seguinte à sua morte, essa mesma vizinha traria o homem gordinho para estrupá-la em troca de dinheiro.
Desde então, pelo menos duas vezes na semana ela tinha que aguentar esse abuso. Do contrário seria espancada e ainda seria violentada quando eles terminassem de bater.
A menina tinha apenas treze anos naquele ano e, após a morte de sua única parente, sofreu abusos físicos, sexuais e mentais, a fazendo amadurecer rapidamente.
Ela sabia que não conseguiria lutar com a mulher que a explorava e com o homem que a violentada, nem as pessoas ao redor a ajudariam a escapar desse pesadelo. Então ela sufocou sua tristeza e ódio e preparou um plano de fuga para si própria.
A garota tinha consciência de que seu plano tinha 99% de chances de levá-la a morte, entretanto até a morte era melhor do que estava vivendo atualmente. Assim, a menina passou e esconder algumas poucas peças de roupas e, de vez em quando, se houvesse chance, pegava uma moeda ou outra escondida da mulher.
Seu esconderijo era justamente naquele trecho do córrego, em baixo da saliência rochosa onde estava seus farrapos de roupa.
Além de vestimenta e moedas, ela também escondeu algumas ervas abortivas que uma velha prostituta tinha lhe dado por pena de sua situação.
A prostituição e o estupro de vulneráveis era muito comum nas cidades e principalmente nas favelas. Casos como o seu aconteciam com muitas meninas e meninos de todas as idades todos os dias. As vítimas só podiam culpar seu próprio azar e rezar para que os Deuses lhes concederem poderes para que pudessem sair dessa escuridão sem fim.
Saindo da água depois de se lavar até que a pele estivesse avermelhada, a menina foi até a saliência de rocha e procurou abaixo até encontrar uma caixa pequena. Após apoiar a caixa na pedra, a garota abriu o fecho simples e retirou de dentro um pedaço de pano para se secar e uma muda de roupa de calça e blusa de manga comprida, além de sapatos simples de palha.
Depois de se secar e vestir, a menina pegou um punhado de erva abortiva de dentro de um saquinho de pano e misturou em uma cumbuca com água do cantil de couro. Esmagando a erva até um polpa, a garota engoliu junto com um pouco de água. O gosto era amargo e forte, mas ela não exitou ou fez careta.
Geralmente só precisa tomar a erva após o ato sexual, porém a menina sentia tamanho pavor de engravidar que tomava diariamente. Apenas o pensamente de gerar uma criança depois de ser violentada causava arrepios e ânsia de vômito.
Após tomar o remédio, a garota pegou uma pequena bolsa de couro onde guardava suas poucas economias e as contou junto com as moedas que o homem havia jogado mais cedo. Ao todo ela tinha 89 moedas de cobre, o que era pouco, mas o suficiente para ela partir com a caravana que sairia dos portões de Liande ao amanhecer.
Seu plano era muito simples, apesar de arriscado. Ela iria pagar a taxa básica para viajar com a caravana até a cidade de Truzia e tentar recomeçar sua vida lá.
A caravana cobrava 20 moedas de cobre por pessoa se não houvesse bagagem. A única coisa que poderia levar era uma bolsa pessoal com as necessidades mais básicas, além de trazer sua própria comida e cantil de água. A caravana era apenas responsável pelo transporte. Quem quisesse levar mais bagagem teria que pagar mais e o valor variava dependendo da quantidade e peso da mercadoria.
A menina iria apenas com a primeira opção, afinal ela estava fugindo e não tinha dinheiro ou mais bagagem de qualquer jeito.
O problema era o caminho entre as cidades de Liande e Truzia. A maior parte da viagem de 23 dias seria percorrida atravessando a floresta densa e selvagem por uma trilha estreita.
A floresta chamada de Floresta De Fuzia era repleta de bestas poderosas e plantas mortais. As bestas eram a maior preocupação da caravana, e o organizador sempre pagava a um grupo de pessoas com habilidades da guilda de aventureiros para escoltá-los durante a viajem. Porém não era 100% seguro, uma vez que muitas bestas poderosas também tinham despertado habilidades como força, velocidade e visão noturna apurada.
Essa era a parte mais arriscada do plano da menina, mas ela não queria continuar a viver nessa cidade que lhe trouxe tanta dor e ódio. Ela prefere morrer no caminho de uma nova esperança do que continuar confinada aos seus pesadelos.
Assim, a garota tirou uma capa com capuz surrada de dentro da caixa e a vestiu. Jogando as roupas sujas e rasgadas pelo homem gordinho no córrego, ela colocou a muda restante de roupa, o saquinho de ervas, a cumbuca com uma colher, faca e um pedaço de pau que servia de moedor na bolsa de couro simples, amarrou e a pendurou em um dos ombros. Guardou a bolsinha de moedas por dentro da blusa, em um bolso escondido e partiu em direção ao portão da cidade.
***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***
Atualizado até capítulo 49
Comments
Jozse Da Shilva
Gostei do início, ansioso pelos acontecimentos futuros e espero que a protagonista supere sua situação
2023-01-15
1
Joelma Oliveira
Ok. lá vamos nós pra mais uma aventura!
2022-12-21
2