Dos problemas, apesar do fato de terem vivido um árduo relacionamento com
um homem ou do envolvimento numa série de parcerias infelizes com vários
homens, essas mulheres apresentam o mesmo perfil. Amar demasiado não
significa amar muitos homens, ou apaixonar-se com muita freqüência, ou
mesmo ter um ,grande amor genuíno por alguém. Significa, na realidade, ficar
obcecada por um homem e chamar isso de amor, permitindo que tal sentimento
controle suas emoções e boa parte do seu comportamento, mesmo percebendo
que exerce influência negativa sobre sua saúde e bem-estar, e ainda assim
achando-se incapaz de opor-se a ele. Significa medir a intensidade do seu amor
pela quantidade de sofrimento.
Ao ler este livro, você poderá identificar-se com Jill, ou com outras mulheres
cujas histórias chegou a ouvir ou ler, e questionar se você também é uma mulher
que ama demais. Embora seus problemas com homens sejam similares aos
delas, talvez você tenha dificuldade em associar sua situação aos "rótulos" que se
aplicam a algumas experiências dessas mulheres. Todos temos reações
emocionais adversas a palavras como alcoolismo, incesto, violência e vício, e às
vezes não conseguimos olhar para nossas próprias vidas de forma realista porque
tememos que esses rótulos se apliquem a nós ou a pessoas que amamos.
Infelizmente, negar esses termos quando eles são cabíveis, freqüentemente,
impede-nos de conseguir a ajuda adequada. Por outro lado, esses rótulos tão
temidos podem não se aplicar à sua vida. Sua infância pode ter envolvido
problemas de natureza mais sutil. Talvez seu pai muito embora desse segurança
financeira à família, detestasse as mulheres e não confiasse nelas. Essa
incapacidade dele de amar talvez tenha impedido você de se amar. Ou a atitude
de sua mãe com relação a você tenha sido de ciúme ou de competitividade em
casa, ainda que elogiasse você em público, de forma que você precisava se sair
bem para ter sua aprovação, temendo, no entanto, a hostilidade que seu sucesso
provocaria nela.
É impossível em apenas um livro abordar os inúmeros tipos de
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família doentia. Seriam necessários vários volumes de naturezas diversas entre
si. Entretanto, é importante entender que o que todas as famílias doentias têm em
comum é a incapacidade de discutir problemas enraizados. Há problemas que
são discutidos, exaustivamente, na maiorias dos casos, e eles ocultam
freqüentemente os segredos subjacentes que tornam a família desajustada. E o
grau de discrição, de segredo — a incapacidade de discutir problemas —, e não a
seriedade dos mesmos, que define tanto o grau de desajuste da família quanto a
gravidade dos danos causados a seus integrantes.
Família desajustada é aquela em que os membros têm funções inflexíveis e acomunicação é seriamente restrita a argumentos cabíveis a essas funções. As
pessoas não são livres para expressar uma série de experiências, vontades,
desejos e sentimentos. Têm que limitar-se a desempenhar seu papel, que se
adapta aos papéis dos outros membros da família. Funções existem em todas as
famílias, mas, conforme as situações mudam, os membros devem mudar e
adaptar-se para que a família continue saudável. Dessa forma, o tipo de
maternidade adequado a uma criança de um ano será completamente
inadequado a uma criança de treze, e a função da mãe deve alterar-se para
adaptar-se à realidade. Em famílias desajustadas, os aspectos mais importantes
da realidade são negados, e as funções permanecem inflexíveis.
Quando ninguém pode discutir o que afeta individualmente cada membro da
família, como também a família como um todo — na verdade, quando a
discussão é proibida implicitamente (muda-se de assunto) ou explicitamente
("Não falamos sobre essas coisas!") —, aprendemos a não acreditar em nossas
próprias percepções e sentimentos. Quando a família nega a realidade,
começamos a negá-la também, e isso prejudica seriamente o desenvolvimento
dos instrumentos básicos para a vida e para o relacionamento com pessoas e
situações. É o prejuízo que se vê em mulheres que amam demais. Tornamo-nos
incapazes de discernir se algo ou alguém é bom para nós ou não. Situações e
pessoas que outros evitariam naturalmente por serem perigosas, desconfortáveis
ou perniciosas não são repelidas por nós, pois não as podemos avaliar
realisticamente ou de for-
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ma autoprotetora. Não confiamos em nossos sentimentos, não os usamos para
dirigir nossa vida. Ao contrário, somos na verdade atraídos para os perigos,
intrigas, dramas e desafios de que se esquivariam outras pessoas, com
experiências mais saudáveis e equilibradas. E através dessa atração nos
machucamos ainda mais, pois muito do que nos atrai é réplica do que vivemos ao
crescermos. Ferimo-nos outra vez.
Ninguém se transforma em mulher que ama demais por acaso. Crescer como
mulher nessa sociedade e em tal família pode gerar alguns padrões previsíveis.
As seguintes características são típicas de mulheres que amam demais, mulheres
como Jill e, talvez, como você.
Você vem de um lar desajustado em que suas necessidades emocionais não
foram satisfeitas.
Como não recebeu um mínimo de atenção, você tenta suprir essa
necessidade insatisfeita através de outra pessoa, tornando-se superatenciosa,
principalmente com homens aparentemente carentes.
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Atualizado até capítulo 93
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