Café da Manhã

Rubens quando chegou no endereço de Laura, pensou que ela morasse na casa principal, era uma casa modesta, mas aconchegante por fora. Mas ao conhecer onde ela morava, ele ficou surpreso, era tudo muito simples, não tinha nenhum conforto, tudo estava muito limpo e organizado, mas toda a casa de Laura talvez fosse menor que o quarto em que ele dormia, isso tirando o banheiro e o closet.

Ele percebeu que, em nenhum momento ela parecia triste ou infeliz por morar ali, ele se lembrou das vezes que reclamou quando a empregada deixava algo fora do lugar, ou quando a janta não estava pronta quando ele chegava em casa um pouco mais cedo. Eram mundos muito diferentes, mas ele conseguia ver potencial naquela jovem, e ele acreditava que podia mudar a vida dela por completo. Ele esperava que depois da sessão de fotos, ela pudesse perceber que tinha futuro, pois além de linda,  era simples e humilde, e por ela ser assim, seria mais fácil ajudá-la. Ele chega em casa, senta-se na sala e pega o seu celular e olha a foto que ele tirou dela.

– Laura, como você é linda garota – Ele fala sozinho,  sem se cansar de olhar a foto.

Depois de ficar rindo sozinho a olhando na tela do celular, ele resolve seguir a sua rotina, repórter, janta e esporte e banho.

A semana termina e enfim chega o sábado e ele não sabe bem o que fazer, pois não queria repetir o ritual de todos os sábados. Ele resolve seguir em um endereço e quando se vê, está em frente a casa de Dona Emília e, por sua vez, é onde Laura mora nos fundos.

– O que eu estou fazendo aqui? – Ele se pergunta em voz alta, pensando em sair dali antes que alguém o veja, mas para sua surpresa, Laura estava chegando com algumas sacolas. Ela para antes de entrar, e ele sabe que ela o viu. Ele estaciona o carro, pensando no que dizer.

– Oi Laura – Ele fala meio sem jeito

– Oi Rúbens, tudo bem? – Ela o cumprimenta sorrindo de forma espontânea, como essa garota ainda consegue sorrir tão fácil, ele pensa a olhando – Eu ia te ligar na segunda, eu já estou bem, só não vou dizer pronta para outra pois detesto ficar doente – Ela continua sorrindo.

– Fico feliz por já está melhor, é que como você não tem celular eu vim perguntar se a sessão de fotos pode ser na segunda feira a tarde – 'Espero que Camila não tenha nada  agendado' ele pensa preocupado, pois foi a única desculpa que encontrou.

– Pode ser, é só  me passar o endereço – Ela responde, mas ele  não diz nada – Quer entrar?  Eu vou fazer um café, não deve ser como está acostumado a tomar, mas tem pão fresco – Ela fala mostrando uma das sacolas.

– Se eu não for encomendar – 'O que eu estou fazendo?' Rubens se questiona em pensamento. Ele estava vestido com uma calça jeans e uma camisa de malha listrada,

usava um tênis branco, mas apesar de estar vestindo roupas simples, eram todas de marcas e caras.

– Venha! – Ela o convida, indo na frente pelo estreito corredor lateral a casa de Dona Emília – Geralmente aos sábados eu acordo mais tarde, já que todos os dias eu preciso acordar cedo – Ela continua sorrindo, e ele sério, sem saber muito o que dizer, ela abre a porta e o convida a entrar.

– Sente-se, não repare, mas só tenho essa cadeira, e até mesmo acho que se eu colocasse outra, o lugar ficaria apertado – Ela ri pelo que diz e ele não teve como deixar de rir também pelo raciocínio dela.

– Você mora aqui há muito tempo?

– Na verdade um pouco mais de um ano, antes eu morava com o meu pai, mas ele infartou e não foi socorrido a tempo.

– Você estava com ele quando ele passou mal?

– Ele começou a se sentir mal na rua, estávamos trabalhando, mas quando chegou em casa ele desmaiou e como era de madrugada, foi difícil encontrar alguém para levá-lo ao hospital – Ela deixa de sorrir e a tristeza inunda aqueles olhos verdes esmeralda.

– Desculpe, não queria te deixar triste.

– Eu sinto muito a falta dele, tínhamos uma casa alugada, não muito longe daqui, o aluguel era barato, devido ao bairro ser mais carente, mas mesmo assim ficou difícil para eu pagar o aluguel, mas com certeza eu daria uma jeito. Mas aí, Dona Emília insistiu muito para que eu viesse morar aqui, e como eu estava me sentindo muito sozinha, resolvi aceitar – Ela fala enquanto esvazia as bolsas – Mas deixa eu fazer nosso café.

Laura deixa a tristeza de lado e volta a sorrir. Ela vai até o banheiro lavar as mãos e logo volta. Coloca uma leiteira com água no fogo, prepara o cuador e espera a água ferver, enquanto isso, ela arruma uma minúscula mesa, mas para ela era o suficiente, coloca o pão, biscoito, leite e margarina. Rúbens pensa na variedade de coisas que ele tem para se servir pela manhã, mas ele está feliz, por está ali com ela.

– Você disse que tem 19 anos? — Ela confirma com a cabeça — Disse que pretende prestar vestibular para advocacia, tem algum motivo em querer fazer advocacia? – Ele pergunta querendo saber mais um pouco sobre ela.

– Na verdade, penso em ajudar aqueles que não tem muitas condições em pagar um advogado, e a defensoria pública é muito difícil e muitas pessoas desistem de seus direitos por não terem condições de pagar a um advogado.

– Entendo. — Eles ficam calados por um tempo, já que Rubens não sabe o que falar e Laura estava ocupada preparando o café — Você não costuma ver televisão? – Ele pergunta, percebendo que ela não tem TV.

– Eu aqui não tenho despesas, costumo ajudar agradando Dona Emília ou, a sua filha Eduarda, por isso não acho justo gastar muita energia, basta a geladeira que já consome energia e as lâmpadas. — Ela o olha sorrindo — Até o banho eu costumo tomar frio – Ela solta uma pequena gargalhada – Mas confesso tem dias que é difícil encarar a água gelada – Ela acaba de passar o café e põe na mesa – Vamos comer, estou com fome – Ela corta um pedaço de pão e põe margarina, se serve de café e começa a comer – Fique a vontade, pode comer – Ele pega uma caneca, se serve de café e também se serve de um pedaço de pão, não estava com fome, pois já havia tomado café da manhã, mas não queria fazer desfeita. Se a mãe dele visse ele comer pão com margarina ela não iria acreditar, ele detestava margarina. Mas ele não sabe se é a marca da margarina ou a companhia, ele até achou gostosa.

– Obrigado – Rúbens agradece enquanto se serve – Quando será o vestibular?

– Daqui a 3 meses, estou estudando, mas sei que é muito difícil. Se eu passar vou considerar meu presente de aniversário de 20 anos.

– Quando você faz aniversário?

– Hummmm... quero presente, faço aniversário no dia 01 de dezembro – Ela responde sorrindo – Tô brincando sobre o presente – Ele ri com a simplicidade e ingenuidade dela.

Quando eles acabam de tomar o café da manhã, Rúbens olha a hora e fica surpreso ao ver que já era quase onze horas.

– Você vai fazer alguma coisa hoje?

– Vou fazer almoço e depois estudar.

– Que tal eu retribuir a gentileza do café, te levando para almoçar, quando voltar é só estudar.

Ela morde a lateral do lábio inferior, e ele sente vontade de fazer o mesmo naquela boca, mas não deixa de se recriminar pelo pensamento que tem, estava se sentindo um pervertido.

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Comments

Hannah Luiza

Hannah Luiza

/Heart//Heart//Heart//Heart/

2024-05-28

2

Maria Helena Da Silva Lima

Maria Helena Da Silva Lima

🥰🥰🥰👏👏👏

2024-05-25

2

Josemeiri Barroso

Josemeiri Barroso

soldado rendido..kkk...

2024-04-26

5

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