Primeiro beijo

Laura sabe que não deve se iludir, mas é algo mais forte que ela.

– Quero – Laura nunca se sentiu triste por estar só, mas agora, todas as vezes que estava com Rúbens e ele ia embora, se sentia só. Ela gostava de estar com ele, sua companhia era muito agradável, sentia prazer em conversar com ele, ela o via como um bom amigo, mesmo querendo que ele fosse algo mais.

– Deixe eu guardar o carro – Ela vai com ele até a frente da casa para abrir o portão da garagem. Eles voltam para dentro de casa e Laura vai no banheiro para trocar de roupa, ela coloca um conjunto de moletom para dormir. Pega um conjunto de moletom que era do seu pai, já tinha sido usado, mas estava quase novo.

– Você se importa de usar esse conjunto de moletom? Era do meu pai, mas está limpo e cheiroso – ela diz a cheirar a roupa.

– Posso tomar um banho?

– Claro, vou pegar um sabonete e uma toalha para você – Ela pega tudo e lhe entrega – Pode usar o meu shampoo e tem condicionador também.

– Mas vou avisando, detesto banho frio – ele fala rindo, prefere dizer a verdade, pois não tem a coragem que ela tem, em tomar banho frio

– Pode tomar banho quente, estou rica – Ela dá uma risada, fazendo ele também rir. Ao entrar no banheiro, para tomar o seu banho, percebe que é bem pequeno, todo o banheiro é do tamanho do box do seu banheiro, mas está tudo muito organizado, está limpo e em ordem. Ele toma o seu banho e veste a roupa que ela lhe emprestou, calçou o chinelo que também era do seu pai e percebe que tudo ficou um pouco pequeno, afinal ele tem quase 1,90cm e calça 42. Ele sai do banheiro com os cabelos molhados, ele costumava secar, mas não achou secador. Quando Laura o vê vestido com as roupas que lhe emprestou, começa a rir, ela tenta disfarçar, mas não consegue e ri cada vez mais alto,  mas ele sabe o motivo, mas mesmo sabendo, e também com vontade de rir, resolve perguntar se fazendo de sério.

– Posso saber o que é tão engraçado?

– Desculpa, mas meu pai tinha no máximo 1.70cm e essa roupa está muito engraçada em você – Agora ela não consegue mais disfarçar e os dois riem juntos. Ela pega outra toalha seca e fica ajoelhada por trás dele, ele não entende o que ela pretende fazer.

– O que está fazendo? – Ele pergunta ao vê-la ficar por trás dele

– Vou secar o seu cabelo, não tenho secador, mas não pode dormir com esse cabelo molhado – Ele fica quieto sentido ela esfregar a sua cabeça, secando os seus cabelos. Sente o toque dos seus dedos nos seus cabelos, percebe quando ela deixa de secar com a toalha, passando apenas os dedos, estava muito bom, ele sente uma imensa vontade de se virar para ela e beijá-la.

Laura enquanto seca o cabelo de Rúbens, fica imaginando como seria experimentar aquele cabelo em suas mãos, ela começa a acariciar os seus cabelos sem a toalha, passa seus dedos entre os fios com carinho, queria que ele estivesse de frente para ela, para que pudesse ver sua reação.

– Não está totalmente seco, mas já está quase – Ela fala, para fugir daquela sensação nova que estava sentindo. Rubes se vira para ela, e apenas se encaram, Laura se levanta para ir ao banheiro estender a toalha, mas antes que ela entre no banheiro, Rubens a segura pela mão

– Laura! – Eles voltam a se encarar, Rúbens fica de frente para Laura, ela vê o rosto de Rubens se aproximar do seu, ela por estar nervosa, morde os lábios, isso faz com que Rúbens não consiga resistir, ele toma posse daqueles lábios que há muito ele queria provar. Ela sente ele acariciando sua boca com a lingua e entreabre a boca, suas línguas se encontram e Laura acompanha o que ele faz.

Laura sente uma sensação nova, seu coração bate em um ritmo descompassado, suas pernas estão trêmulas, suas mãos se movem de forma voluntária.

– Não queria que o nosso primeiro beijo fosse assim – Rúbens fala, olhando para ela, enquanto acaricia o seu rosto com o polegar. Ela sorri tímida, mas se sentindo nas nuvens por ter sido beijada por ele, ela sempre imaginou que seria maravilhoso, mas foi muito melhor. Ela, mesmo sem querer se afastar, com a desculpa de estender a toalha. Quando volta ele está encostado na cabeceira, ela prefere fingir que nada aconteceu.

– Vamos combinar, eu vou ficar no canto e você dorme na ponta, a minha cama é estreita e não vamos poder nos mexer muito a noite

– Vou tentar, pois, acredito que se eu não conseguir você não vai mais me deixar dormir com você – Ele fala rindo, e ela fica corada, ele se levantando para ela ajeitar a cama.

– Vamos nos cobrir com a mesma coberta. Tudo bem?

– Por mim tá ótimo – Ele responde feliz por dormir tão encostadinho a ela – Ela arruma as cobertas, vai até à mesa e coloca um abajur  e o deixa aceso. Ela deita-se e pede para Rubens apagar a luz no interruptor.

– Você dorme com o abajur aceso, ou é porque eu estou aqui? – Ele pergunta se deitando ao seu lado.

– Eu não consigo dormir no escuro, eu preciso ver alguma luz.

– Sempre foi assim?

– Não – Ela fica o olhando e resolve continuar – Só depois que o meu pai morreu – Ele a puxa para si, beija a sua testa e fica com ela nos seus braços.

– Você não está mais sozinha Laura – Eles se encaram com a sensação que o tempo parou, ele lhe dá um beijo suave – Vamos dormir, boa noite! – Ela queria que ele a beijasse como antes, mas sabe que ele a está respeitando. Depois ele beija a sua testa e a acomoda nos seus braços e dormem despreocupados com o amanhã.

Quando ele acorda ela ainda está dormido, ele fica a olhando, ela está deitada em seu braço, se ele levantar vai acordá-la, mas ele precisa ir embora, ele ainda vai passar em casa para trocar de roupa. Mas ele não consegue acordá-la, ela está dormindo tão bem, ele afasta alguns fios de cabelo do seu rosto, mas nem assim ela acorda, ele beija a sua testa e nada, ele faz carinho em seu rosto e nada. 'Como ela dorme fácil'. Ele sente vontade de beijar os seus lábios, já que ela não acorda mesmo, mas ela pode acordar e ficar chateada, ele não quer perder a confiança dela. 'Ela dorme muito', ele pensa e começa a rir sozinho, ele resolve se levantar com cuidado. Ele puxa o seu braço cuidadosamente, ajeita ela no travesseiro e nem assim ela acorda. Ele vai ao banheiro, faz as suas necessidades e troca de roupa. Ele não coloca a gravata e deixa as mangas da camisa dobrada. Ele olha-se no espelho  e fala com ele mesmo – Laura, Laura, você é apenas uma garota ou uma feiticeira?

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