Rubens não consegue parar de pensar em Laura, preocupado com o que poderia ter acontecido com ela.
Já era o final da tarde, ele havia passado o dia inteiro ansioso por uma ligação, queria muito saber se havia acontecido alguma coisa com aquela jovem. Já sem muita esperança de receber um telefonema dela, ele olha a hora, faltavam poucos minutos para às cinco da tarde e não havia muito o que fazer a não ser esperar, mas para a sua surpresa o seu telefone toca, era um número desconhecido e ele acredita que possa ser ela.
– Alô!
– Alô, Sr. Rubens? É a Laura – O coração dele dispara, mas ele percebe que a voz dela está um pouco estranha.
– Oi! Laura, como você está?
– Atchim, me desculpe.
– Você está doente?
– Estou um pouco gripada — Responde com a voz fanhosa.
– Por isso que você não veio trabalhar ontem?
– O Sr. me esperou? — Laura pergunta surpresa.
– Deixe o senhor de lado, e sim eu te esperei, e fiquei muito preocupado quando não apareceu.
– Eu cheguei muito tarde na madrugada de ontem e estava muito frio.
– Você vai vir conversar sobre a proposta que eu tenho a te fazer? – Ele pergunta torcendo que ela aceite para sair daquela vida.
– Eu ia perguntar se há possibilidade de esperar eu... cof cof cof me desculpe. — Laura tenta recuperar o fôlego — É que eu preciso estar melhor para poder ir aí.
– Eu entendo, e sim você pode se recuperar primeiro. Esse número é o seu telefone?
– Não, é de uma amiga. Eu não tenho telefone.
– Tudo bem. Então você me liga para combinarmos – Ele queria muito vê-la, queria saber se ela precisava de algo, mas não sabe como dizer isso – Se preferir, eu posso ir conversar com você – Ela não responde, e ele resolve acrescentar – Pode chamar sua amiga para ficar com você enquanto conversamos.
– Não precisa se incomodar.
– Não será incômodo algum, é que eu gostaria que soubesse qual trabalho que temos a te oferecer.
– Tudo bem, mas minha casa é muito simples, espero que não repare.
– Jamais eu faria isso.
– Pode ser amanhã... atchim... é que hoje estou um pouco indisposta ainda.
– Combinado, amanhã eu vou até você, não esquece de passar o endereço – Eles se despedem e encerram a ligação, logo ela passa o endereço para ele.
Rubens recebe o endereço, é um bairro simples, a uns 30 minutos de carro, mas a pé, puxando uma carrocinha, o trajeto se transformaria em uma distância enorme, ele imagina ela andando aquela distância toda a pé e sozinha.
Ele pega as suas coisas e vai para casa. Mas Laura não sai de sua cabeça, ela não deve ter mais que 20 anos, e assim como ela, inúmeras pessoas fazem aquele trabalho, mas ele nunca tinha parado para pensar nisso. Ela parecia só catar papelão, mas existiam pessoas que catavam garrafas plásticas, latinhas e outros matérias que podiam ser vendidos para reciclagem. Ele se questiona o que seria da natureza sem essas pessoas, e eles que vivem em suas bolhas dão tão pouco valor a essas pessoas.
Ele segue a sua rotina quando chega em casa, pelo menos ele sabia que não havia acontecido o pior, Laura estava em casa e segura. Rubens assiste noticiário, janta, assiste esporte, toma o seu banho e deita para dormir, ao deitar, olhos verdes vem em sua mente, e ele volta a pensar em Laura. Era estranho, mas ela povoava os seus pensamentos insistentemente.
Na manhã seguinte ele pede a secretária que envie alguém para comprar um celular dos mais modernos para ele presentear alguém. Ele participa de uma reunião com um cliente pela manhã, para apresentação de um comercial. O cliente fica satisfeito e é mais um contrato assinado com sucesso. Depois do almoço ele vai até a agência que faz a produção áudio visual, pois esse serviço era terceirizado, mas ele tem essa empresa de confiança que desde o início da sua trajetória lhes presta serviço.
– Olá Rúbens, que bons ventos o trazem aqui? – Quando ele chega é recepcionado por Camila, a responsável pela empresa.
– Oi Camila, como você está? – Eles se cumprimentam com um beijo no rosto
– Fiquei feliz em saber que a reunião de hoje foi um sucesso e que o cliente adorou as fotos e as gravações que foram feitas.
– Sim, o cenário estava realmente lindo, valorizando o produto direcionado as mães e os bebês.
– Mas acredito que não tenha vindo para falar sobre essa campanha – Ela fala sorrindo, sentando-se em um sofá e o convidando a fazer o mesmo.
– Tenho um desafio para você.
– Hummmm... muito bom isso, você sabe que adoro ser desafiada. Mas me diz quem é a garota?
– Temos um cliente com um produto novo no mercado, cosméticos que está cada dia mais em alta. Eu pensei em um rosto novo no mercado, acredito ser o ideal.
– Perfeito, tenho algumas candidatas que posso te mostrar.
– Eu já tenho a candidata, ela é linda e tem o rosto, os olhos e os cabelos perfeitos para esse projeto.
– É quem é essa que fez os seus olhos brilharem ao falar dela – Ele sorri e a imagem de Laura vem em sua mente.
– Laura, esse é o nome dela.
– Com certeza deve ser muito especial, pois sei que você tem bons olhos para novas descobertas. Traga ela aqui e faremos um book.
– Irei falar com ela hoje, mas queria falar com você primeiro, pois, acredito que ela não tenha experiência nenhuma como modelo e talvez nem em tirar fotos simples. — Rubens sorri — Para você ter uma noção, ela não tem celular – Ele fala sabendo ser difícil de acreditar que uma pessoa em pleno século 21 vive sem um celular.
– O que??? Onde você encontrou essa garota? Em que mundo ela vive.
– Espero que você não tenha a mesma reação dos outros ao saber – Ele se põe de pé e coloca as mão no bolso da calça – Ela é catadora de papelão.
– Realmente será um grande desafio, mas estou ansiosa para conhecer essa garota, Laura, o nome é bonito. Eu quero saber quem é essa que faz os olhos do insensível Senhor Rubens brilhar.
– Não é nada disso, eu apenas vejo que ela tem potencial – Ele responde sorrindo e acrescenta em pensamento 'e sei que é muito especial'. Eles conversam mais um pouco e depois de se despedirem ele resolve ir visitar Laura e conversar com ela sobre a sua proposta.
Ele passa em uma floricultura e compra um pequeno arranjo de flores silvestre, ele não quer dar nada exagerado para não assusta-la.
Ele encontra a rua e logo ele vê o número da casa, é uma casa simples, mas moderna com um pequeno jardim na frente e uma varanda de ponta a ponta com cadeiras convidativas, a casa tinha suas janelas com grade, era pintada de um tom cinza claro e detalhes branco nas janelas. Ele estaciona o carro e toca a companhia. Uma senhora vem atender.
– Boa Tarde Senhora, estou procurando por Laura.
– Sim, você deve ser o moço que ofereceu um trabalho a ela.
– Sou eu mesmo, eu tenho uma agência de publicidade, e gostaria de propor um trabalho para ela.
– Eu sou Emília – Ela estende a mão o cumprimentando – Ela mora lá nos fundos, vou acompanhá-lo até lá – Eles seguem por um corredor até chegar em uma pequena acomodação, não tinha varanda, apenas uma pequena janela, era pintada da mesma cor que a casa, e deveria ter um pouco mais que uns 30m².
– Laura minha filha o moço chegou – Dona Emília fala entrando na pequena casa, Laura estava sentada na cama, vestida com um conjunto de moletom, e os seus cabelos estavam presos em um rabo de cavalo, não usava nenhuma maquiagem, mas mesmo assim Rubens a achou linda quando ela foi até a porta e lhe sorriu.
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Atualizado até capítulo 58
Comments
Adriana Moura
Meu esposo compra e vende sucata, é um trabalho digno e infelizmente as pessoas são julgadas pelas funções e vestimentas 😢 Laura vai mudar de vida 😍
2024-04-15
12
Eliane Renata de Oliveira Oliveira
CEO e secretaria , blá blá blá blá.
2024-01-29
1
Eliane Renata de Oliveira Oliveira
até que em fim uma história boa já estava cansada de clichês .
2024-01-29
2