Sorte

A semana passa e a rotina dos dois continua a mesma, a diferença é que Rubens não consegue tirar de sua mente,  a figura de uma jovem de cabelos castanhos e longos e um par de olhos verde esmeralda. E  Laura vive rindo sozinha imaginando um homem com cabelos negros e olhos como jabuticabas, e muito cheiroso, o seu príncipe. Só que parecia que ele já tinha a sua princesa, mas ela nem ligava, era só um sonho mesmo.

Era sexta feira, mas Laura não estava muito disposta a ir trabalhar, ela está nos seus dias e não está se sentindo muito bem, está sentindo um pouco de cólica, mas ela sabe que um dia a menos de trabalho irá prejudicar o seu orçamento, e por ser sexta, era um dia que conseguiria uma quantidade maior de material. Laura resolve então não se dar ao luxo de ficar em casa, ela se "arruma" como de costume, coloca a sua toca de lã,  escondendo os seus longos cabelos, sem os prender direito, e sai para coletar os seus papelões. Ela estava em frente a um prédio comercial ao lado da lixeira pegando o papelão, os amarrando e os colocando no carrinho quando alguém passa por ela e puxa a sua touca de lã, fazendo com que os seu cabelos caiam  como cascata, pois ela não os tinha prendido direito.

– Idiota, só porque tem dinheiro pensa que é melhor do que os outros. – Laura fala irritada com a ousadia da pessoa

– O que foi pivete? Pensei até que fosse um menino, com essas roupas maltrapilhas – O rapaz responde, zombando de suas vestimentas

– E você é um engomadinho sem noção. Posso parecer um pivete, mas estou trabalhando – Ela responde o fuzilando com os seus olhos verdes

– Isso é trabalho? Isso é catar lixo – Ele ri debochando dela, apontando para o papelão que já estava amarrado no carrinho

– Melhor catar lixo, do que ser o próprio lixo, seu imbecil. Pois é o que você é um lixo de ser humano – Laura continua o enfrentando, mas a pessoa que havia começado tudo, a olha com extrema raiva e tenta se aproximar dela, e ela recua, pois ele era um rapaz grande e forte

– Olha aqui pivete...

– O que está acontecendo aqui? – Uma voz firme e rouca interrompe a discussão.

– Não é nada chefe, esse pivete que entrou em meu caminho – O rapaz fala parando já perto dela.

– Você é um mentiroso, mas não vale a pena discutir com você, pois provavelmente o seu chefe vai te defender, já que eu não sou ninguém para vocês.

– Desculpa jovem, mas você não me conhece para me julgar.

Laura que ainda não tinha visto o dono daquela voz, resolve olhar e o seu coração dispara, ela não consegue desviar os olhos, e sua boca fica seca. É o seu príncipe, mas ela está na defensiva, pois se sente acuada.

– Não preciso conhecer, olha as suas roupas, não tenho tempo a perder com vocês – Ela vira as costas para eles, e fica tentando prender os cabelos. Rubens faz sinal com a cabeça para o rapaz ir embora.

– Que ódio desse mauricinho, vou sujar o meu cabelo todo – Ela sente alguém tirando as suas mãos e puxando os seus cabelos como se fosse os prender.

– Você tem um elástico? – Rubens pergunta e ela ainda em estado de choque, lhe estende um, e para surpresa dela ele prende o seu cabelos em um rabo de cavalo e faz um coque em seguida.

– Obrigada! – Ela agradece tímida, mas precisa perguntar – Onde você aprendeu?

– Cresci com uma irmã mais nova, e muitas vezes precisava prender o cabelo dela, por causa das nossas brincadeiras – Rubens responde sorrindo.

– Obrigada mais uma vez – Ela agradece colocando a sua touca de novo – Agora preciso correr, senão vou acabar muito tarde –  Ela continua cantando o seu papelão, e ele fica parado a olhando, até que ela para de repente e lhe diz com um sorriso tímido – Desculpe por te julgar como se fosse igual ao seu funcionário. Mas é porque geralmente é assim, ninguém nos ver.

– Eu que peço desculpas, pois realmente acho que é verdade o que você está dizendo, pois eu mesmo só parei por ver que ele estava te coagido, e não achei certo, principalmente por você ser uma jovem – Ele para e fica a olhando e resolve continuar – Muito linda por sinal – Ela sente o seu rosto corar, mas não responde, apenas continua juntando e amarrando os papelões.

Rubens estava saindo da empresa quando viu um de seus funcionários coagido uma catadora de papelão, mas não era qualquer catadora, será que era ela?

– Não pode ser! Será essa a jovem do shopping? Esse cabelo, essa cascata tão linda. 

Rubens se aproxima e pergunta o que está havendo, quando aquela jovem o olha ele sente o seu coração falhar nos batimentos. 'Não pode ser, é ela. É muita sorte!' Ela estava discutindo com um dos seus funcionários, e ele resolve intervir na discussão, pois, não achou certo o que estava acontecendo, mas ela o julga ser igual a quem estava a coagido, sem nem o conhecer. Mas Rubens precisa reconhecer que ela não esteva errada, afinal ele já tinha a visto ali inúmeras vezes, sempre  próximo a lixeira, mas nunca tinha olhado para ela, e talvez nem olhasse se não fosse os seus cabelos que ele viu se soltar e cair em forma de cascata. Quando ele a vê tentando prender os cabelos reclamando ele se compadece, pois as suas mãos estavão sujas, mesmo ela usando luvas não tinha como manter as mãos limpas.

Ele resolve ajudar, e percebe que os seus cabelos são cheirosos e macios. Ele já havia feito isso inúmeras vezes no cabelo de sua irmã Anadely,  então foi fácil prender primeiro em um rabo de cavalo e em seguida concluir com um coque. Ele ainda fica a observando arrumar os papelões, até que ela lhe pede desculpas por tê-lo julgado sem o conhecer. Ele também lhe pede desculpas e em seguida lhe faz um elogio, mas ela não responde, ele fica a olhando mais um pouco e logo vai embora, lhe desejando boa noite.

Ele chega em casa e a imagem daquela jovem não lhe sai da cabeça, o seu carrinho ainda estava quase vazio, será que ela trabalhava até encher? Que horas ela chegaria em casa? Será que os seus pais trabalhavam com isso também? Quem era aquela jovem?

Laura, reconhece o seu príncipe assim que o vê, que voz era aquela, ela nunca tinha tido um namorado, mas aquela boca, que vontade de beijar. Ela sorri sozinha, andando pelas ruas empurrando o seu carrinho já cheio de papelões amarrado. 'O que eu estou pensando? Mas sonhar é tão bom' Ela começa a cantar e volta feliz para casa, pensando em como seria ser beijada pelo seu príncipe.

Mais populares

Comments

Jucileide Gonçalves

Jucileide Gonçalves

Sonhar é muito bom mesmo o problema é acordar do sonho para a realidade, mesmo sendo um sonho sem que esteja dormindo 😃😃😃😃😃😃😃😃

2025-03-01

0

Eliene Lopes

Eliene Lopes

de novo ele deixa ela escapar? disse que acharia ela no entanto não toma atitude? iiiii tô vendo que é fraquinho

2025-01-24

1

🧚🏻 Rô

🧚🏻 Rô

Que fofa é a Laura🥰

2025-01-09

0

Ver todos

Baixar agora

Gostou dessa história? Baixe o APP para manter seu histórico de leitura
Baixar agora

Benefícios

Novos usuários que baixam o APP podem ler 10 capítulos gratuitamente

Receber
NovelToon
Um passo para um novo mundo!
Para mais, baixe o APP de MangaToon!