Sem perceber

Camila devolveu o livro na biblioteca, e ela  acompanhada de Luiza foram para a sala de aula. Sentaram em carteira próximas e  quando sobrava um tempo entre as aulas, elas conversavam sobre assuntos da faculdade. Elas se davam bem. Ao final da última aula Luiza convidou Camila para almoçar.

_ Obrigada pelo convite, mas eu posso aceitar.

_ Por que? É hora do almoço e eu não gosto de comer sozinha. Argumentou.

_ Eu tenho que ir ao hospital e já estou atrasada.

_ Hum, vai ver o Felipe? Perguntou. Felipe até ficou mais atento ao ouvir seu nome.

_ Não vou vê-lo, não somos nada um para o outro e nunca vamos ser, não faz sentido eu ir visitá-lo. As palavras de Camila foram fortes para Felipe, no sentido ruim, ele ainda tinha a esperança que ela gostasse um pouco dele.

Não somos nada…Eu sou seu anjo da guarda, mesmo que temporariamente. Falou Felipe com ela. Mesmo que você não possa me ver e ouvir, eu estou aqui e suas palavras machucam. Falou bravo.

_ Então o que está indo fazer no hospital?

_ Tenho um exame de rotina para fazer hoje a tarde, e se não for agora, vou perder o horário por isso não posso almoçar com você agora, fica para outro dia o convite.

_ Ok, vou cobrar. Falou Luiza e elas se despediram.

No hospital, Felipe acompanhava Camila enquanto ela fazia alguns exames. Quando estava indo embora, encontrou-se com Carlos.

_ Olá Camila, boa tarde. Cumprimentou ele.

_ Boa tarde. Respondeu.

_ Veio visitar o Felipe? Podemos entrar juntos. Convidou Carlos.

Que pergunta é essa Carlos? Resmungou  Felipe. Claro que ela não veio me ver, não tenho certeza se ela gosta de mim. Falou  Felipe e Carlos teve a impressão de ouvir a voz dele.

_ Você ouviu uma voz? Falou franzindo a testa.

_ Não ouvi nada de diferente. Respondeu ela.

_ Que estranho. Tive a impressão de ouvir uma voz parecida com a do Felipe. Felipe percebeu que como era amigo de Carlos provavelmente tinha alguma conexão com ele.

_ Não tem como ter ouvido a voz dele, sabe do estado dele, deve ter escutado alguém com a voz parecida. Falou Camila.

_ Verdade. Mas, não me respondeu se veio vê-lo. Falou Carlos e Felipe ficou na expectativa dela aceitar.

_ Eu vim ao hospital por outro motivo, já estou de saída.

_ Ok, então vou entrar. Falou Carlos passando por ela.

Espere… Felipe pensou que ela havia mudado de ideia e ia acompanhar Carlos, seus olhos até brilharam. Carlos virou-se para Camila. É… e como ele está? Já acordou? Perguntou ela e Felipe ficou decepcionado.

_ A situação dele continua igual, ainda está em coma, mas estável.

_ hum… Desejo melhoras para seu amigo, agora não vou tomar mais seu tempo.

_ Nós vemos por aí. Falou Carlos seguindo.

_ Devia ter convencido ela a  me visitar. Que amigo eu tenho, namorando minha irmã escondido e não consegue fazer uma pessoa ir me visitar. Falou Felipe com Carlos que novamente teve a impressão de ouvi-lo. Felipe saiu acompanhando Camila. No caminho para casa, estava escrevendo outro bilhete. Deixou sob a porta antes de Camila entrar. Assim que ela entrou viu o papel, e um leve sorriso surgiu em sua face. Ela não era muito de sorrir e Felipe olhava encantado para sua boca. Como um sorriso deixava ela mais linda, pensava ele.

“Desde a primeira vez que te vi, sei que é alguém especial. Ainda me lembro do seu sorriso sincero, do seu olhar doce e  da sua voz suave. Essa Camila anda sumida atrás de um semblante triste e preocupado. Não gosto de te ver assim,  seus olhos com lágrimas, e seu sorriso praticamente desapareceu. Gostaria tanto de ver você feliz, seja estando comigo ou não. A única coisa que desejo é a sua felicidade, mas não vou mentir, confesso que queria ser um dos motivos para que você se sinta feliz. Sei que se pergunta quem eu sou e eu queria muito te dar essa resposta e saber qual seria sua reação ao conhecer minha identidade. Sou alguém que sempre quis me aproximar mas que tem medo de não ser bem vindo a sua vida”. 

Felipe se assustou após ouvir suas palavras sendo lidas por ela.

Espera, eu quase me confessei para ela? No hospital, o coração de Felipe disparou quando ele constatou o sentimento que tinha por ela.

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