Ela me odeia

Felipe olhou para aquele homem à sua frente intrigado.

_ O que você tanto me olha? Perguntou o anjo incomodado.

_ É que você não se parece muito com um anjo…

_ Por acaso você já viu outro anjo antes de mim para saber como os anjos se parecem? Questionou. _  Ou você pensa que os anjos são como nos desenhos animados, parecidos com crianças, bochechudos, que usam fraldas e arco e flecha nas mãos? zombou de Felipe que não gostou.

_ Não está mais aqui quem falou…  Então vamos conhecer a pessoa que eu tenho que ajudar.

_ Sim, vamos conhece-lá, mas antes de iniciar sua missão, terá que aprender algumas coisas.

_ Já imaginava que ia dizer isso, garanto que tem até regras para seguir. O anjo sorriu confirmando o que Felipe pensava.

_ Então vamos. Disse o anjo tocando Felipe e como em um tele transporte, eles foram parar na Faculdade onde Felipe estudava.

_ O que estamos fazendo aqui?

_ Viemos conhecer a pessoa que deve ajudar. Já sabe quem é? Perguntou o anjo.

_ Como poderia saber? Na faculdade tem milhares de pessoas entre estudantes e funcionários.

_ Imaginei que já sabia de quem se tratava pois já te disse que tinha perdido uma oportunidade de ajudá-la antes do acidente.

_ Não faço a mínima ideia de quem seja. Falou balançando a cabeça negativamente Felipe.

_ Ela está ali sentada no mesmo banco de ontem. Olhe… O anjo apontou para a pessoa. Felipe se virou para ver quem era e se assustou com quem viu.

_A Camila?

_ Sim, é a Camila. Felipe pensou na tarde do dia anterior.

_Ontem eu até pensei em falar com ela pouco antes de ser atropelado… mas eu desisti .

_ Eu sei de tudo que aconteceu ontem. Falou o anjo.

_ Deve estar havendo algum engano… Felipe ficou nervoso novamente.

_ Você devia ter falado com ela ontem, ia cumprir sua missão e não seria atropelado. Felipe estava ainda mais confuso.

_ Ela não gosta de mim, ela me odeia… como vou poder ajudá-la? O que ela tem que eu preciso ajudá-la a tomar uma decisão?

_ Você terá que descobrir sozinho.

_ Oh céus, facilita um pouco as coisas. Implorou Felipe

_ Não posso interferir em certos assuntos, já estou envolvido na sua missão mais do que deveria estar. E no caso, é seu dever. Agora eu tenho que ir. Falou o anjo.

_ Espera um pouco, e eu como fico? Perguntou Felipe desesperado.

_ Seu primeiro dia será de aprendizado, então passará o dia inteiro acompanhando a Camila.

_ Eu devo estar muito lesado, porque não entendi.

_ Você deve observá-la, aprender sobre ela. À noite voltaremos a conversar, agora o dever me chama. Falou olhando uma espécie de relógio de bolso.

_ Anjo, não pode me deixar sozinho sem saber o que tenho que fazer para ajudar a Camila... O anjo não deu ouvidos às súplicas de Felipe e desapareceu.

_ Que raiva… o que eu faço agora? Felipe estava perdido sem saber o que fazer. _ O que você tem Camila? … Tenho que acompanhá-la… deve ser só isso por enquanto. Concluiu tentando controlar a respiração para se acalmar.

Felipe passou a acompanhar Camila onde ela fosse. Descobriu que ela estudava administração. Felipe pensava que ela estudasse algo relacionado a artes. Notou que Camila  apresentava certa apatia nas aulas, parecia não gostar de estar ali.

_ Não está prestando atenção na aula porque escolheu o curso errado. Felipe falou com ela mesmo sabendo que Camila não podia ouvi-lo.

No intervalo das aulas, Camila permaneceu sozinha, não falou com ninguém, não comeu e olhar estava perdido em nada. Ela ficou caminhando entre os prédios da faculdade. No final do intervalo não voltou para as últimas aulas do dia, foi para a biblioteca onde Felipe e Camila passaram a se ver nos últimos dias. Ela se sentou no lugar de sempre e o olhar continuava perdido.

_ Não entendo o que está acontecendo com ela, essa atitude, esse isolamento…

Na saída das aulas, Felipe viu Carlos e Camila estranhamente foi em direção a ele.

_ Olá, me desculpa incomodar… Falou Camila de forma tímida com Carlos. _ Sei que você é amigo do Felipe e que ele foi atropelado ontem…

_ Sim, sou amigo do Felipe. Falou Carlos. Felipe sentiu o coração bater um pouco mais forte.

_ Ela quer saber como eu estou? Será possível que ela goste um pouco de mim? Falou com um sorriso no rosto.

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