Transformação

Estou correndo no meio da floresta para fugir de tanta humilhação.

— O que eu fiz para merecer tudo isso?

Chego no meu lugar preferido, subo na árvore e observo o reflexo da lua no Rio.

Começo a escutar uma voz feminina:

— Sally, também estou triste, e com raiva do nosso companheiro.

— Quem é você?

— Sou Petra, sua loba.

— Ele não é mais o nosso companheiro.

— Ele é, pois, ainda não nos rejeitou.

— Ele escolheu a Lucily. Ele não nos quer. Eu só quero parar de sentir essa dor.

— A dor pior, seria, se ele tivesse nos rejeitado.

— Como assim, ele nos rejeitou.

— Não Sally, ele tem que dizer isso em voz alta. Quando diz que rejeita o seu companheiro, em voz alta, o vínculo é quebrado.

— Então, por que ele não fez isso?

— Não sei, mas acho que isso não é nada bom.

Agora, desça dessa árvore, você precisa se transformar, é a lua de sangue. Se não se transformar, ficaremos fracas.

— Tudo bem, posso tentar, eu não sou uma inútil.

Eu desci da árvore, olhei para ver se não tinha ninguém por perto, tirei minhas roupas e coloquei no tronco da árvore.

— Vamos lá Sally, não tenha medo.

Os meus ossos começam a estalar, os meus sentidos ficam muito mais aguçados, o meu corpo começa a doer muito, é como se, os meus ossos, estivessem se quebrando. Pelos brancos começam a aparecer, vejo patas enormes.

— Essa sou eu Sally, Petra, sua loba.

Vejo o reflexo no Rio.

— Uau! Você é linda! Incrível!

— Nós somos, Sally.

— Está vindo alguém, precisamos transformar-nos. Digo, a minha outra forma.

— Ele está bem longe, é só o seu olfato. Feche os olhos e imagine você em frente a um espelho.

Então, consigo transformar-me novamente. Visto a minha capa e vou correndo, para casa, antes que, alguém me encontre.

Tenho que aceitar a minha vida daqui para frente? serei sempre uma serviçal?

Não tenho escolha, se fugir, me tornarei uma renegada, e ninguém aceita um renegado na sua matilha.

Vou para o meu quarto, eles ainda não chegaram. deito-me e choro bastante, até adormeçer.

No dia seguinte, sou acordada pela mamãe.

— O que pensava, sua idiota? Por que tirou a capa?

— O Mason deu-me de presente, eu pensei...

Ela pega a capa vermelha e faz pedacinhos.

— Não, é um presente! Você não pode...

— Eu posso! Agora use a sua capa preta, irá trabalhar para sua irmã e futura Luna enquanto viver.

Pego as minhas coisas e desço, Mason está me esperando.

— Eu sinto muito irmã.(Ele fala com os olhos cheios de lágrimas)

— Não é sua culpa irmão.

Olho para o lado e vejo Lucily.

— Pegue as minhas malas e coloque no carro, serviçal!

— Eu posso fazer isso Lucily.

— Não contrarie a sua futura Luna beta, ou esquecerei que você é meu irmão.

Pego as coisas dela e coloco tudo no carro preto a frente. O que me dói, é ver o meu companheiro ao volante, observa tudo e não me defende.

Lucily vai com o Alfa, e eu, em outro carro, com o meu irmão.

Ao chegar na casa da matilha, Lucily ordena-me arrumar as suas coisas no quarto do Alfa.

Isso me dói, não consigo segurar as lágrimas, o quarto é imenso e tem o cheiro dele.

Estou sozinha no quarto quando Hakan entra, abaixo a minha cabeça, coloco a última peça de roupa que precisava arrumar, e vou saindo. Mas, ele segura a minha mão.

— Senhor, eu...

— Quero ver você.

— Eu sou um monstro, não vai querer olhar para mim, vai ter pesadelos.

— Não me diga o que fazer, criada. Você apenas me obedece.

Ele tira a minha capa, então, começo a sentir o seu cheiro delicioso novamente.

Penso que ele deve sentir o mesmo, pois, os seus olhos estão escuros.

Os meus cabelos e olhos estão castanhos, por conta da tinta e das lentes.

— Você é bonita e vai servir para algo também, além de limpar e cozinhar.

— Eu preciso ir...

Antes que eu termine a frase, ele toma os meus lábios, eu tento resistir, mas, o vínculo de companheiro é mais forte.

Ele empurra-me na parede, com uma mão na minha cintura e outra na minha nunca. O beijo se torna selvagem.

— Hakan! O que faz com essa criada?

Ele me solta.

— Desculpe querida, é a força do vínculo, sabe que, ela não significa nada para mim.

Pego a minha capa e saio chorando novamente, sei que, a minha irmã não vai deixar isso barato.

Ela fez questão de colocar o meu quarto ao lado do deles. A noite, fico a escutar eles fazerem amor, isso é humilhante.

Os dias seguintes são só trabalho e humilhação.

Desde daquele dia que Hakan me beijou, eu tento evitar ele, mas, isso se torna cada vez mais difícil, por conta do vínculo, mas, farei o possível, para ficar longe o bastante.

A minha irmã fica a pressionar ele, quer logo a cerimônia que a torna Luna.

Todos os dias sofro e sou machucada, queria ter tido a chance de ter escolhido meu companheiro.

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