Já era quase meio dia quando saiu de casa com a bicicleta e sua cachorrinha sentada em sua cestinha. Meg adorava passear de bicicleta com a dona e chamava a atenção dos turistas que caminhavam. Percorreu três quadras pela orla até chegar em seu ponto favorito, era um local próximo a erosão onde ela e Joaquim tinham conversado na madrugada anterior, a faixa de areia era um pouco menor e mais vazia. Parando a bicicleta, tirou Meg da cestinha e seguiu empurrando a bicicleta até a parte escolhida para sentar. Abaixou o pézinho de sua bicicleta e tirou de sua bolsa a canga ainda da noite anterior colocando-a na areia. Sua cachorra rapidamente sentou em cima dela. Apesar de gostar de sair, Meg era uma cachorra que não gostava de se movimentar.
As ondas daquela região eram mais fortes e no inverno era quase impossível ter coragem de entrar no mar gelado, apenas alguns surfistas eram avistados em forma de pontinhos ao longe no mar. O sol do meio dia estava agradável e o vento tinha dado uma trégua. Tirou a jaqueta e a camiseta na esperança de pegar um bronzeado e apesar de ser sábado, havia poucas pessoas circulando pela praia.
Ainda pensando em seu banho, deitou em sua canga e deixou o sol esquentar o seu corpo. Não que ela não se desse prazer quando queria, mas sabia que os pensamentos em May tinham sido gatilhos que faziam seu corpo estremecer. Achava-se meio louca por pensar em uma pessoa que nem sabia quem era, mas por isso Olívia podia formar a pessoa que quisesse dentro de sua cabeça, e por isso a tornou tão desejável dentro de si. Além claro de sua voz, ela tinha adorado sua voz.
Tentando espairecer um pouco a cabeça, pegou seu celular e mandou mensagem para Vitória e Joaquim, “Estou na praia com a Meg, lugar de sempre”.
“Vem Meg! Vamos até a beirinha do mar pelo menos” A cachorrinha olhou com cara de dó, mas seguiu sua dona, chegando o mais próximo que pode, a pelo menos 10 metros de distância da água. Olívia riu e continuou em direção ao mar, ele tinha acabado de recuar e chegava uma nova onda em forma de marolinha. Ela esperou um pouco e deixou-se sentir a água gelada do mar em seus pés sendo invadida por um frio cortante. Olívia sentiu-se mais viva do que nunca e por alguns segundos permaneceu assim.
Quando olhou para trás, viu que sua cachorra retornará para a canga e a olhava apreensiva. Resolveu voltar para acalmar o coração de Meg e quando estava já próxima a canga escutou alguém gritando o seu nome. Era Vitória. Usava um vestido branco com um cardigã rosa por cima. Ela sempre chamava atenção por onde passava. Seus cabelos cacheados eram cheios e conforme ela andava seus cachos subiam e desciam com leveza. O sorriso dela era largo e seus lábios volumosos, com certeza era sua característica física mais encantadora. Mas sua personalidade se destacava, era determinada e muito comunicativa, com certeza seria uma excelente psicóloga quando se formasse.
“Oi guria, tudo bem, como você está?” perguntou Vitória se aproximando e largando sua bolsa próximo a canga.
“Estou bem, como foi o término da sua noite?” Perguntou Olívia com um sorriso sacana no rosto.
A amiga riu alto e disse “Foi ótima, digamos que não senti frio essa noite.”
As duas riram e Olívia quis saber um pouco mais.
“Então, ele me levou até meu prédio e chegando na porta fui me despedir mas ele me envolveu em seus braços e me deu um beijo longo e quando eu estava já caidinha ele me perguntou se eu não gostaria que ele subisse. Nem pensei direito, disse sim. E aí amiga, você sabe como é né, foi legal, ele dormiu lá e hoje de manhã saiu cedo”.
“Que bom que deu tudo certo." Olivia sorriu feliz de verdade pela amiga.
“E a sua, como foi?” perguntou a amiga.
“Foi boa também, não que nem a sua, mas foi legal ter ido ontem... Eu, meio que conheci uma pessoa, na verdade não conheci, ela não me conheceu” conforme a frase foi saindo da sua cabeça, Olívia se sentia meio burra agora que tinha dito em voz alta. Realmente May nem sabia de sua existência, o que tornava mais absurdo o que tinha acabado de dizer.
“Como assim guria, me conte direito, quem é essa pessoa?”
“Acho que não conhece, na verdade acho que só me interessei por causa da música” Disse tentando despistar a amiga.”
“Você tá afim do João? O cara que tocou ontem? Amiga conheço ele, acho até bonitinho, a voz é boa mas sei lá, achei que ele não fazia seu tip...”
“Amiga não é ele!”
“Oxe, então quem é? Ele tocou a maior parte do tempo e depois um menino, quer dizer, acho que era uma menina, cantou uma música só, daquela banda antiga...” Vitória arregalou os olhos e olhou para a amiga que escondia seu rosto vermelho com as mãos.
“Guria! É aquela menina não é mesmo?!”
Olívia assentiu com a cabeça ainda escondendo o seu rosto.
“Joaquim disse que ela estuda a noite, por isso não a conhecemos, mas não é nada demais, só gostei da voz dela.” Disse tentando esconder o que já não era mais segredo.
“Mas a gente precisa descobrir mais coisa sobre ela amiga, já procurou as redes sociais?”
“Sim, achei mas não tem muita coisa, Joaquim disse que o boy dele a conhece mas não soube me dar detalhes” disse Olívia.
“Bom, eu vou tentar descobrir pelas minhas fontes também” disse Vitória piscando com um olho só para a amiga.
“Mas acho que fiquei só impressionada com a voz dela, não é nada demais, ela nem sabe quem eu sou..”
“Mas então ela precisa saber, pare com esse sentimento de derrota! Você é maravilhosa Olívia, precisa trabalhar essa auto estima, qualquer um ia querer te conhecer.”
Ela tinha razão, esse sentimento de autopiedade não a levaria a lugar algum. Mas a prática era mais difícil que a teoria.
“Hello, hello, hellooo” ouviram uma voz conhecida não tão distante. Era Joaquim vindo de bicicleta ao encontro delas. Meg levantou-se e correu felizinha para recepcionar o amigo.
“Oi Meg!” Disse Joaquim estacionando a bicicleta, agachou-se e fez um carinho na doguinha.
“E aí gurias, tudo bem? Vitória, como foi sua noite com aquele boy maravilhoso?” Perguntou o amigo sentando no meio delas.
A amiga então contou novamente sua noite para ele, que se deliciou a cada detalhe.
“Terminou melhor que a nossa né amiga” disse Joaquim cutucando Olívia.
“Mas amiga, lembra que eu te falei que ia arranjar alguma coisa pra agitar sua vida? Então arranjei! Marcos me convidou pra uma festa hoje, lá na praia do canto. Vai ser em uma cobertura top! Estamos os três convidadíssimos” disse o amigo abraçando as duas.
“Ai Joaquim, não vou poder ir, combinei com o André, ele quer me levar hoje a noite em um restaurante fino”. Disse Vitória com cara de gente rica.
“Ai amiga, só te perdoou porque é aquele boy maravilhoso, mas então seremos só a gente” disse Joaquim pegando na mão de Olívia.
“Tem certeza Joaquim, não vai me abandonar que nem dá ultima vez? Não tenho nem roupa pra isso”
“Claro que não amiga, vai dar tudo certo” piscou ele para ela.
“Posso te emprestar uma roupa amiga, você se arruma lá em casa, o que acha?” perguntou Vitória.
Olívia hesitou um pouco, mas disse “Como falar não?”
Eles a abraçaram.
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Atualizado até capítulo 55
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