O sol batia em seu olho por apenas uma fresta da janela, alguma coisa vibrava próximo e não conseguia saber se era seu estômago ou celular. Sua cachorra já dançava ao lado da cama como se suplicasse por um favor. “ Já vou abrir a porta pra você filha”, Meg pareceu entender e saiu em direção a porta do quarto. Que horas seriam? E porque a cabeça doía tanto? Apalpou seu móvel ao lado da cama e achou finalmente seu celular, marcava 9:17, o despertador perdido vibrava e aumentava seu barulho, até ser cancelado. Deu uma leve espreguiçada e levantou-se indo em direção a porta. Sua cachorra dava pulinhos ofegantes quando abriu a porta da lavandeira. Ela abriu o pote de ração e pegou com um copinho a quantidade que Meg comia todos os dias. Pegou seu pote de água e encheu um pouco mais.
“Hoje vai dar sol, vamos pra praia depois?” Quando Meg ouviu a palavra praia veio saltitando em direção a comida o que fez Olívia rir.
Colocou água pra esquentar. Precisava muito de um café. Foi em direção ao quarto e pegou novamente seu celular. Havia 3 mensagens, uma de Joaquim e outra de Vitória dizendo que tinham chegado bem. A outra era de sua mãe, um áudio de seis minutos. Suspirou fundo e resolveu ouvir quando estivesse melhor da cabeça. Foi ao banheiro e voltou para a cozinha terminando de passar seu café o suficiente para uma xícara grande.
Ligou a TV e desanimou quando percebeu que era sábado de manhã, e não teria nada passando em especial. Na realidade ela não sabia o que passava sábado de manhã pois nunca acordava esse horário. O programa que passava mostrava uma reportagem sobre as florações dos ipês no inverno, mostrando as ruas cobertas por eles de Curitiba . Tomou um gole do seu café e sentiu a sensação quente tomando conta de seu corpo e a energia se recompondo lentamente.
Sentindo seu corpo aquecer, lembrou da noite passada. Pensou novamente naquela garota e como seus pensamentos iam todos em direção a ela. “Estou ferrada”, pensou. Deu um gole grande em seu café e foi até a cozinha onde fez um pão na chapa para comer.
Decidiu tomar um banho, a dor de cabeça já estava melhorando mas a água quente iria ajudar. Foi ao banheiro e tirou sua roupa. Ligou o chuveiro e esperou um pouco pra entrar até começar a sair o vapor. Enquanto isso, olhou-se no espelho de frente para a pia. Percebeu que seu cabelo era um caso perdido devido ao vento da noite anterior e seu lábio inferior estava rachado devido ao frio. Olhou-se tentando enxergar algo a mais, algo além, mas só encontrou seu reflexo confuso até a imagem desaparecer no vapor do espelho.
Entrou finalmente em baixo do chuveiro. A água quente caia em suas costas provocando uma sensação de bem estar. Olhando para cima com os olhos fechados, colocou sua cabeça dentro do chuveiro, passou as mãos em seus cabelos para facilitar a água entrar em seu couro cabeludo. O banho trazia o conforto que precisava.vq
Mas o que era pra amenizar seus pensamentos, trouxe à tona uma forma de calor que há algum tempo não sentia. Apoiou as duas mãos na parede fria e espremeu os olhos na tentativa de sumir o que pensava e desejava. Mas não conseguiu, as gotas quentes escorrendo pelo seu corpo faziam despertar algo além de seu controle. Ainda apoiada com uma das mãos na parede e de olhos fechados, deslizou a mão pela sua barriga até chegar no meio de suas pernas e começou a se tocar. Em sua cabeça repassava os poucos e pequenos detalhes que havia memorizado de seu desejo mas que já eram suficientes, repassou as veias nas mãos de May, a sua boca e seu sorriso de canto, pensou na sua voz e teve a sensação que ela sussurrava em seu ouvido, um arrepio subiu de suas costas até seu pescoço. Sua respiração ficou cada vez mais ofegante e explodiu dentro de si, sentiu seu corpo estremecer e ser tomado de um prazer intenso. Suas pernas formigaram e aos poucos foi recobrando a consciência. Abriu o chuveiro mais um pouco e deixou a água se tornar um pouco mais fria. Uma sensação de vergonha passou pela sua cabeça, como se o que sentisse fosse algo errado. Mas sabia que não era, sorriu por dentro e por fora e decidiu aproveitar aquele instante, ainda ofegante e dispersa.
Terminou seu banho e ainda dentro do box enrolou uma toalha em seu cabelo. O espelho estava embaçado, e passou a mão na camada fina de água. Conseguiu ver um pouco seu rosto e notou o tom avermelhado de suas bochechas. Sorriu para seu reflexo e começou a escovar os dentes.
Fazia muito tempo que não se sentia assim, e percebeu que a sensação morna que sentia até o dia anterior não lhe pertencia mais.
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Atualizado até capítulo 55
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