CAPÍTULO 5

O meu pai sai e bate a porta, fico mais uns minutos encarando o nada, poderia fazer-me de orgulhosa e não aceitar o dinheiro, mas preciso pensar no bebê que cresce na minha barriga primeiro, não sei para aonde ir, e terei muitos gastos, então resolvo olhar a quantidade, são muitas cédulas azuis, começo a contar a quantidade no pacote e em cada maço com elástico tem 10mil, e tem 10 maços, ou seja 100mil, provavelmente é boa parte do dinheiro que ele estava juntando para ampliar mais a oficina e quem sabe abrir uma nova.

Divido o dinheiro nas malas, mochilas no meu bolso e carteira, vai que, né? Ainda mais eu que sou azarada.

Chamo um carro pelo aplicativo e quando vejo que já está pra chegar começo a descer duas malas, no caminho não cruzo com ninguém, e eu agradeço ao Universo por isso, deixo as malas no canto e subo para pegar o resto das coisas, quando já estou descendo novamente olho no celular e vejo que o motorista já está chegando só falta dobrar a esquina, fico no portão esperando e quando vejo o carro confirmo a placa espero parar, mas antes ouço passos olho e vejo a cobra filha se aproximando.

—Oh tadinha da sonha monga—Diz e resolvo ignorar— qual é a sensação de perder tudo pra mim? Eu fiquei na sua casa, seu pai me apoiando, seu querido amor vai se casar comigo, vou dar um filho a ele e você coitada, sem era e nem beira com um bastardinho de merda sem nem ter onde cair morta, vão ser dois passando fome.

Se ela está grávida eu nem lembro mais, o tapa que eu dei renovou as minhas energias, na mesma hora seu rosto ficou vermelho e seu olhar estava um verde tão escuro que quase eu fico com medo. Mas pelo pequeno bebê eu até mataria essa vaca e jogaria o corpo em um bueiro qualquer (mentira eu não mato nem aranha) mas vai que ela fique careca sem nem perceber.

—A sensação é de estar me livrando de restos- ela me olha espantada, pensava que eu não ia reagir, pra ela sempre fui a "Ana banana" — Afinal só estou deixando as sobras para a porca, pode ficar com o resto, eu não me importo, afinal reciclar faz bem para o planeta—digo e vou  indo na direção do carro.

O motorista está nos olhando espantado coitado, ele parece aliviado quando dou um pequeno sorriso pra ele, Osh homi

—Boa noite, senhorita Ana? — Me pergunta ainda no banco do motorista nos encarando

—sim, me perdoe por isso, e muito obrigada por não ter cancelado. — Digo aliviada, ainda estou com ódio, tristeza, mas o coitado não tem culpa.

—Imagina —Fala com um sorriso gentil, o homem tem por volta de 40 anos, tamanho mediano um pouco mais alto que eu que tenho 1,65. —Precisa de ajuda com as malas?

Fala olhando as malas ao meu lado e misericórdia quase eu beijo os pés desse homem, estou morta de cansada

—Sim por favor, obrigada —falo já agradecendo.

Já no carro em direção a rodoviária conversamos sobre a família dele, é casado a 15 anos com a Claudia, perdeu o emprego a 3 anos e desde então virou motorista de aplicativo, pelo pouco que conversamos da para ver claramente que é um homem apaixonado pela mulher e os filhos, não é como o cretino do Nathan.

Conversamos mais um pouco olho no relógio e vejo que já é 21h se eu tiver sorte vai ter um ônibus pra capital ainda hoje, mas sorte não é o meu forte.

Chegamos olho que ainda tem um movimento na rodoviária, seu Guilherme (o motorista) me ajuda com as malas após eu fazer o pagamento, agradeço e me despeço.

Dou pelo menos 10 passos e já trombo com uma jovem aparentemente da minha idade, ela estava prestando atenção no celular e eu sou desatenta por natureza então não ouve tempo de desviar e a coitada vai direto no chão.

—Droga, meu Deus me perdoe, não te vi, acho que tô com a cara na bunda —ela diz e eu agradeço mentalmente por ela não achar que a culpa foi minha e eu ter que começar outra briga.

— Não tem problema, também estava distraída. — falo ajudando a coitada a se levantar 

Ela olha-me sem jeito e da um sorriso, reparo nela e vejo que tem cabelos loiros e olhos castanhos escuros, um pouco mais alta que eu.

— Bom, quer ajuda com as malas?— Diz olhando para as malas, que eu já tinha esquecido— Tenho tempo antes do meu ônibus sair.

— sei nem como te agradecer, eu preciso comprar uma passagem ainda—falo e suspiro, esse dia parece que não tem fim.

— não tem problema— fala sorrindo, essa menina só sabe sorrir? Que legal eu também. Duas iludidas se duvidar.

Depois que a simpática desconhecida ajudou-me a chegar na bilheteira para comprar a passagem foi atrás de comida, espero um dia poder vê-la de novo. Não vejo a hora de sentar numa poltrona e poder ver se ainda tem chocolates ou batatinhas na minha bolsa, sempre tem, assim espero.

Compro uma passagem para São Paulo capital, o meu começo será lá.

Vejo que o ônibus vai sair 22h e já são 21h40.

Procuro o ônibus e vejo que já tem gente embarcando então sigo com as malas para lá, confiro se é o mesmo, então embarco, até que sentada enfim .

O assento não é de todo ruim, estico as pernas e Procuro uma posição confortável, encontro e suspiro, coloco a mão por cima da minha barriga e fico pensando no meu pequeno, grande motivo para lutar e seguir em frente.

Fico um tempo pensando no pequeno bebê e converso com ele

— Olha pequeno bebê, eu espero do fundo do coração que você puxe para mim, seria muita palhaçada da sua parte parecer com o seu doador.

Fico um tempo em uma conversa imaginária com o meu pequeno bebê até que a minha barriga ronca, coitado penso, menos de 10h que descobrir ser mãe e já tô deixando o meu pacotinho passar fome.

Abro a bolsa e encontro 3 barras de snickers, meu chocolate favorito, e dois pacotinhos de doritos e uma garrafinha de água já pela metade. Sim, eu sempre ando com esse kit emergência dentro da bolsa.

Vou comer primeiro o doritos só vamos chegar na capital pela manhã,  não lembro direito, mas parece que serão somente duas paradas.

Tô acabando de comer meu doritos na força do ódio, pensando em nada para falar a verdade, quando alguém se joga do meu lado.

— Desculpa, cai com tudo, foi sem querer, na minha cabeça eu me sentei vem devagarinho.– diz e vejo as suas bochechas vermelhas e um sorriso envergonhado.

— Não tem problema— falo sorrindo também, aposto que com o rosto mais vermelho que tomate, mais por conta de todo o choro que passei desde as 17h.

—Ah! meu Deus, você deve pensar que tô te perseguindo, pela segunda vez em menos de 1h esbarro em você— fala me reconhecendo e acho graça do seu jeito.

— não tem problema, coisas inesperadas acontece o tempo todo, eu que o diga — falo ironizando— me chamo Ana Fernandes—digo a estender a mão

— Luísa Soares— fala aceitando o comprimento — você está a ir para capital?

— Sim, preciso recomeçar- falo pensativa.

— faz 4 meses que vim para a capital recomeçar também — ela diz também pensativa.

— E foi difícil?- pergunto interessada.

— é sempre difícil, mas a gente tenta do jeito que pode— diz e dá o seu costumeiro sorriso.

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Comments

Valdercina Rodrigues

Valdercina Rodrigues

Tomara que elas se torne amigas e que ela encontre alguém que amae é seja feliz longe dos traidores até o pai dela virou as costas pra filha.

2025-03-30

0

Gloria Katia Baffa

Gloria Katia Baffa

Desejo que elas fiquem amigas

2025-03-08

1

jeovana❤

jeovana❤

vão ser bem amigas

2024-12-15

1

Ver todos

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