Eu não estou ficando louca. Não estou ficando louca. Preciso organizar minhas ideias. Calma Joyce calma. Eu estou numa sala escura e um homem com bom porte físico me olha fixamente, e sério. Não me parece ser policial, e nem quero saber quem é esse cara.
— Joyce. — Ele se ajeita na cadeira, apoiando seus braços sobre a mesa, sem tirar os olhos de mim.
— Que foi. — O que tá acontecendo, são muitas coisas acontecendo ao mesmo tempo, muita informação.
— Como se sente?
— Não sei, sinto medo.
— Uma mulher que mostra ter uma forte personalidade, é de admirar sentir medo.
— Preciso de respostas, estou confusa. Quero embora daqui. — Me levanto da cadeira.
— Joyce, não misture as coisas está bem? O que você viu?
— Vi um homem de terno branco. Tem uma presença forte, eu não me lembro direito.
— Um homem?
— Sim. Ele está aqui em algum lugar, ele matou o Jeff. — Ele me olha curioso, estou a beira da loucura.
— Sobre o Jeff, já não é mais da sua conta. Já cuidamos disso. Está bem?
— Quando?
— Joyce esse não é o caso, você foi encontrada desacordada, e está viva.
— Olha, eu não estou entendendo nada está bem? Tudo está rápido demais, preciso processar tudo o que aconteceu. Um homem estava morto no meu quarto, desmaiei, vi coisas bizarras. Olha, estou confusa, só me deixe em paz.
— Homem morto no seu quarto? - Atmosfera constrangedora agora se estabeleceu. Como assim não tá morto?
— Sim, o Jeff. — Confirmo pra ele
— Espera ele morreu, mas não morreu no seu quarto. — Oi?
— O que? Espera, como assim?
— Joyce, já se esqueceu? Ele foi encontrado morto no banheiro.
— Não, foi no meu quarto, estava todo sujo de sangue, vocês estão de sacanagem comigo? É pegadinha?
— Joyce calma, você está traumatizada, confundiu as coisas e é normal — Ele tenta me acalmar com suas palavras, mas o seu olhar me denuncia que estou ficando louca, odeio isso, eu não estou louca... Os loucos não acham que são de fato loucos né? Eu devo tá mesmo então...
Ele dá um leve toque na cabeça e entra em contato com alguém falando algo, tecnologia estranha e bizarra. Não entendo, meu Deus... Já estou em pé mesmo, e corro imediatamente e ele grita pelo meu nome. Abro a porta e me encontro no corredor, continuo correndo sem olhar para trás. Ele chama pelo meu nome gritando e pedindo que alguém me pare. Que merda... Alguém me pega e fica me segurando forte.
— Largue ela. — Disse o homem andando em minha direção
— Joyce, acorde — Uma forte voz na minha cabeça me causa dores horríveis nela. Que merda é essa???
O homem tirou algo do bolso dele, e encostou em mim. É arma de choque.
— Joyce, você precisa acordar.
Acordo dentro de uma banheira cheia de água, é uma água diferente, toda brilhante, com uma cor bem bonita, serve de luz para uma sala pequena e escura, toda suja. De relance eu vejo uma garota e um... Gato? E o gato falando... Mas não escuto muita coisa, tudo está embaçado demais e os meus ouvidos não captam o que eles dizem... Eles saem da sala e me encontro sozinha nela novamente e apago....
Abro os olhos, e vejo um homem com um jaleco todo estranho entrando na sala, ele usa uma máscara grande e pontuda e luvas brancas. E ele me obriga a colocar meu rosto na banheira. Não obedeço, e ele forçou minha cabeça sobre a água. Ao colocar tenho vários flashbacks, mas é tudo muito rápido e vazio, coisas que fiz que nem lembro. Tudo isso é real? Estou louca? Ele continua forçando. Perco meu fôlego, ele puxa minha cabeça. Respiro um pouco e ele torna a colocar de novo na água.
— Joyce me escuta, você está no outro Universo. Salte pra cá, use o Impulso -/— Essa voz na minha cabeça, que voz é essa?
Quem está falando comigo? Tudo fica lento, me sinto devagar de repente, uma raiva cresce dentro de mim. Meu corpo perde o controle. Tudo na sala começa a flutuar, o homem, a água na banheira, objetos caídos no chão, tudo ganha vida e flutua nesse fatídico cenário, o homem que forçava minha cabeça contra a água voa para longe. Tudo perde controle, não me sinto mais eu. E de repente tudo cai, fazendo a maior bagunça, o homem caiu já morto. E me encontro de pé seminua na sala. A loucura toma conta de tudo.
Escuto alguém batendo palmas.
— Muito bem garota. — Vejo sua silhueta, é ele.
— Você.
— Pode me chamar de Alucino.
— O que aconteceu?
— Simples, o experimento deles deu certo.
— Eles quem?
— Você sabe garota.
— Eu, eu não sei de nada... Minha mente está apagando. — Minha cabeça dói demais, eu estou ficando maluca.
— Sim, essa sala foi o que restou — Ele sempre com sorriso maléfico no rosto, sempre muito elegante na forma como fala .
— O que aconteceu?
— Explico, sua mente está confusa e viajando para outros universos, e você ganhou poderes. Aproveite.
—Poderes, universos. Quê?
— Ah Joyce, eu gosto demais de brincar com a mente humana. Assim como você eu também tenho poderes, e sabe quais são? Posso implantar memórias e lembranças falsas, posso mudar todo e qualquer cenário. Gosto de levar pessoas à loucura porque eu gosto.
— Esse tempo todo você foi? Mas porque?
— Se eu falar toda a brincadeira que tivemos, perde a graça.
— Por favor, coisas aleatórias estão acontecendo a todo momento. Tudo.. Estou cansada demais, você venceu, não sei o que você quer, acabe com isso — Imploro pra ele, mas parece que não vai rolar, sinto essa sua energia maléfica coberto de prazer em me ver nesse estado.
— Rápido demais. Joyce, você não está entendendo. A humanidade está a um passo do grande feito. Mas um feito diferente, por isso quero brincar com você Joyce.
— Quer me matar?
— Não, não, quero criar.
— Para com esse lenga lenga, logo, me mata logo.
- JOYCE! SE CONCENTRA, SALTE AGORA! - Aquela voz na minha cabeça de novo...
Tudo fica branco, me sinto nadando sobre as ondas do mar, eu escuto o som do mar, os pássaros...O cheiro da praia e a sensação da areia molhada nos meus pés. Me desperto com o susto.
— Você acordou, finalmente. — Disse uma moça, parece ser tão doce.
— Quem são.... Vocês? — De fato quem é essa gente agora? Que loucura meu Deus...
— Ela não vai se lembrar. Sabia que isso aconteceria. — A moça se mostra preocupada e olhando para mim.
— Graças ao Salaniel, você ficará bem minha irmã, é normal, eu que fiquei toda nervosa. — Ela segura minha mão e se afasta.
— Você usou o Impulso? - Disse um outro moço ao lado dela. Um homem se aproxima de mim.
— Olá Joyce, sou o Thomas, somos amigos. Eu sei, você está confusa e é puramente normal, estamos testando a máquina.
— O que? Eu... Eu...
— Calma...
— Que merda...
— Querida irmã, calma. — A moça me olha com apreço, mas eu não consigo me lembrar dessas pessoas, é loucura demais para mim. As coisas não param um segundo.
— Quem são vocês gente? — Me sinto impotente, com raiva, tudo aquilo não faz sentido na minha cabeça, o que é real? O que está acontecendo? Quem são essas pessoas? Perguntas sem respostas, não sei o que fazer.
— Joyce, você está na sua realidade. Depois de cinco anos, você finalmente voltou. — Cinco anos? O homem se mostra aliviado ao dizer isso.
Eu não sei mais o que é real ou loucura, simplesmente, não sei. Mas vendo aquele homem falando, sinto uma certa verdade, porém, tudo isso beira a loucura.
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Atualizado até capítulo 41
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