MATAREI POR JUSTIÇA

Ele permanece em silêncio por algum tempo e depois falou com muita calma.

Alex- São suas ferramentas de trabalho, leia o manual e descubra a finalidade de cada uma delas.

Assim que ouço suas palavras pego uma pilha de papéis que estão dentro do armário de vidro, procuro o manual e começo a ler, fico revoltada com o que leio, quem eles pensam que são para escolher como as pessoas devem morrer? A gravidade do crime define a forma que o indivíduo irá morrer.

Kyra- Quem elaborou esse maldito manual?

Ele me olha com um olhar incrédulo,  será se ele quer que eu respeite esse benfeitor?

Alex- O Seu bisavô, agora leia o capítulo sobre as ferramentas.

Ele fala já um pouco impaciente, eu rapidamente faço o que ela pediu, vou lendo com muita atenção, as facas são para realizar desmembramento, o bisturi e a gilete servem para dissecar o corpo da vítima, o líquido das seringas inibi a voz e os movimentos  e o gel esconde as digitais por 2 horas.

Kyra – E se eu levar mais de 2 horas, posso colocar o gel novamente? Danifica a pele?

Uma conversa como essa eu jamais imaginei ter com alguém,  isso é surreal e com certeza eu levarei um tempo para assimilar tudo isso.

Alex- Pode utilizar quantas vezes for necessário. Esse gel está disponível apenas no mercado negro, sendo assim tente usar a menor quantidade de vezes possível.

Permaneço em silêncio e continuo olhando a papelada que meus pais me deixaram, olho cada página e enfim encontro a bendita lista. Vejo que há 20 nomes, 16 já está marcado com um marca texto, resta 4, duas mulheres e 2 homens.

Kyra- Por que temos que matar mulheres?

Falo e entrego a lista a ele, o Alex dá olhada nos nomes e fala em seguida.

Alex- Elas são traficantes de crianças, elas trabalham em um internato e se aproveitaram da pandemia da Covid-19 para venderem as crianças “mortas", como era proibido abrir os caixões ficou mais fácil enganar as famílias, mas elas mexeram com a neta de um magnata e agora terão que morrer.

Ouvir suas palavras me fizeram tomar uma decisão.

Kyra- Não matarei por dinheiro.

Assim que falo Alex começa a rir, se aproxima de mim e começa a falar.

Alex- Isso é engraçado, uma assassina de aluguel que não por dinheiro, pelo que matará então?

Ele fica tão perto de mim que tenho vontade de beijá-lo, me contenho e dou uns passos para trás tentando manter minha sanidade e começo a falar.

Kyra- Matarei apenas por justiça, vi aí que vocês matam por coisas banais como traição e política e com isso eu não concordo.  Inclusive eu vou acrescentar algo a esse legado de merda,  assim que estiver tudo pronto, farei uma reunião e conto tudo para vocês.

Ele me olha de um jeito estranho, eu fico me perguntando como esse homem conquistou a confiança do meu pai,  ele mudou de comportamento várias vezes em menos de 2 horas, será que eu também serei tão dissimulada assim como o Alex? Como saber o que ele pensa, se ele muda em fração de segundos?

Ele ficou em silêncio e então eu resolvo mudar de assunto.

Kyra- Façamos o seguinte, você mata as mulheres e eu os homens, faremos isso em dias diferentes para que um possa dar apoio ao outro.

Dou uma pequena pausa e depois continuo.

Kyra- Começaremos no sábado, amanhã é sexta-feira e será o dia perfeito para matar o assassino dos meus pais, olhei nas imagens e percebi que apenas um cometeu o crime e o outro lhe deu cobertura,  então esse último deixarei vivo por enquanto.

Ele me olha da cabeça aos pés e dá um sorriso pequeno, mas que diabos de homem estranho é esse?

Kyra- O que há de tão engraçado?

Cruzo os braços e aguardo sua resposta, ele fala sorrindo.

Alex- Estou gostando de ver, quem sai aos seus não degenera rsrs.

Será se isso é um elogio? Porra de elogio, eu queria que isso fosse apenas um pesadelo, mas não é,  então eu tenho que ser calculista e me manter viva a qualquer custo.

Kyra- É nessa hora que eu devo agradecer?

Falo e dou um sorriso tão falso quanto uma nota de 3 dólares.

Alex- É sim. Agora me conte o seu plano.

Vai sonhando que um dia eu agradecerei por isso,  bastardo. Fico bufando de raiva,  mas resolvo deixar pra lá e começo a contar meu plano.

Kyra- Serei uma linda mulher estrangeira, alcoolizada, sozinha e precisando de ajuda pra chegar em casa. E quando ele estiver no “meu apartamento” será seu fim.

Falo e faço cara de malvada, usarei todo tipo de arma e eu não medirei esforços para alcançar meus objetivos.

Alex- Do que você precisa?

Saio do cofre, sento em uma poltrona, dou uma cruzada de pernas de forma sedutora e começo a falar.

Kyra- Um apartamento simples e um garçom falso dentro da Imperal dance. Vou te dá instruções de tudo que quero dentro do apartamento e onde colocar cada item.

Falo de forma clara e objetiva, já incorporei e aceitei minha nova realidade e farei tudo com maestria.

Então começo a contar meu plano detalhadamente, eu terei que ser certeira e como boa assassina que serei no futuro, elaborei também um plano B, meu pai me treinou como uma soldado, sei lutar, atirar, tenho força, sou inteligente, mas tenho uma maldita fraqueza, eu choro com facilidade, mas utilizarei isso a meu favor. Assim que conto meu plano B o Alex cai no chão de tanto rir, bastardo rsrs.

Kyra- Você é apenas um rostinho bonito e não passa de um idiota,   para de sorrir ou eu quebro os seus dentes.

Assim que o homem ouviu minhas palavras ele parou de sorrir abruptamente e ficou pálido.

Também pudera, fiz a minha cara mais fria e arrogante, será se é assim que devo fazer quando for matar as pessoas? É com certeza.

Alex permanece em silêncio, então eu continuo.

Kyra- Não há nada de errado com o plano. Você está rindo só porque eu terei que chorar caso o plano A não dê certo? Como você é imbecil, meu choro é lágrimas de crocodilo e quando o homem baixar a guarda eu o mato sem hesitar. Não subestime as mulheres, eu provarei meu valor. Agora sai daqui e vá fazer meu jantar.

Ele fica me olhando por um tempo e sai sem dizer nada. Eu fico pasma com sua reação.

Kyra- Será se ele foi fazer meu jantar?

Falo comigo mesma, a verdade é que eu me sinto estranha em dividir a casa com um estranho, eu só espero que isso não dê em merda rsrs.

Depois de um tempo pensando em qual disfarce vou usar amanhã, decido que serei uma ruivinha de nacionalidade brasileira.

Kyra- Vou direto no seu ponto fraco, fique quente porque que eu chegarei fervendo HAHAHA.

Falo sozinha e saio rindo em direção a cozinha, resolvo saber o que o Alex está aprontando, assim que chego o vejo usando um avental e mexendo nas panelas. Pelo menos isso deve ser real rsrs.

Kyra- O que teremos para o jantar?

Alex- Estou arriscando em um lasanha kkk

Ele fala sorrindo e eu retribuo o sorriso, sento no balcão e fico o observando, ele é tão lindo, mas não de verdade, eu não confio muito nele.

Depois de uma hora enfim a lasanha ficou pronta, eu o ajudo a por a mesa e começamos a comer, ambos ficamos em silêncio, essa atmosfera ambígua está me deixando louca.

Kyra- Desculpe se fui grossa com você,  mas você sabe muito bem que vivemos em um mundo de aparência e nem todos que choram sente de dor.

Ele me olha de forma estranha e começa a falar.

Alex- Tudo bem,  mas faça de tudo para que o plano A dê certo.

Eu balanço a cabeça em concordância e continuo a comer, assim que termino vou lavar a louça e limpar o fogão, assim que termino tudo me despeço do Alex e vou para o meu quarto.

Assim que chego vou direto tomar um banho, visto uma camisola, escovo os dentes e deito para dormi,  mas não consigo pois eu tenho uma dúvida martelando em minha mente, então resolvo ir até o quarto de Alex e perguntar a ele.

Assim que chego, dou leves batidas na porta,  dou dois passos para trás e aguardo a porta se abri. Depois de alguns segundos a porta se abri.

Alex – Oi Kyra, aconteceu alguma coisa?

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