BRAÇO DIREITO

Terei que me manter firme, sei que agora que meus pais estão mortos eu só tenho esse casal 2000 como família, meu pai sempre dizia que a morte é imprevisível, chega de mansinho e nos  leva embora e  joga todos que nos amam num abismo sem fim, é assim que eu me sinto, sem saída e sem esperança.

Depois de muito tempo refletindo sobre o que fazer da vida, vou na cozinha tomar um pouco de água e comer alguma coisa, mas estar nesse lugar me faz sentir uma dor imensa no meu peito,  é como se alguém cortasse meu coração em mil pedaços, sentir tal  sensação me faz lembrar que tenho uma missão a cumprir, vingar a morte dos meus pais.

Pensando dessa forma resolvo ligar para o braço direito, meu pai disse que ele é de confiança, mas  a verdade é que eu me sinto desconfortável em dividir o mesmo teto com um homem desconhecido, apesar de ser do jeito que sou, um pouco afoita, eu ainda sou virgem e não é de bom tom dividirmos a casa, além disso ele deve ser um velho rabugento como o tio Natan.

Pego o telefone que o papai deixou para mim, procuro o contato e ligo em seguida, depois de alguns toques enfim atende.

Por 📱

Homem- O que a senhora deseja?

Eu já estava ficando gamada na sua voz sedutora, mas daí ele vem com esse papo de senhora e corta o meu barato rsrs. Se ele soubesse que sou uma linda loira de 1,75cm , olhos verdes, cintura fina, bunda grande, coxas grossas e seios médios ele ainda me chamaria de senhora? Acho que não, senhorita é mais adequado.

Kyra- Quero que descubra tudo sobre os assassinos de meus pais. Quero um relatório com provas de todos os crimes que eles cometeram.

 Eu não sei como essa família trabalhava, mas quero deixar sempre um relatório junto ao corpo para que todos saibam o motivo do assassinato. O homem passa um tempo em silêncio, suspira e começa a falar.

Homem- Sim senhora,  eu farei isso ainda hoje.  A senhora precisa de alguma informação em específico?

Por que será que ele suspirou? Será se ele me  acha chata? Cretino, dou de ombros e começo a falar.

Kyra- Preciso saber se eles frequentam alguma boate, se sim, quero dias e horários, descubra também se eles sabem lutar,  não quero ser pega de surpresa.

Alguns segundos depois e nada do homem dizer nada, então eu digo.

Kyra-  Perdeu a língua senhor braço direito?

Pergunto com uma voz irritada e logo o homem me  responde .

Homem-Desculpe senhora, só estou analisando a serventia das informações solicitadas.

Meu Deus que homem idiota, ele não sabe com quem está lidando, eu ainda não sou má, mas sei fingir que sou.

Kyra- Você está pensando demais,  você não tem medo que eu arranque a sua cabeça?

Mas que inferno, esse homem vai me dar trabalho, como um imbecil desse pode me ajudar em algo? Quanto mais penso nesse maldito braço direito mais eu fico com raiva, deve ser um tiozão que desacredita nas habilidades dos jovens.

Homem- Tenho mas sei que não fará isso, sua família não mata ninguém sem motivo sólido.

Ao ouvir suas palavras fico imaginando quais serão os critérios que determina quem vive e quem morre.

Kyra- Chega de balela e faça o que eu pedi, assim que estiver com tudo em mãos traga-os para mim, meu tio disse que teremos que viver na mesma casa, vou logo avisando que se você se aproximar de mim, eu não respondo pelos meus atos. Tchau senhor braço.

Falo com uma voz seca, na verdade eu já cansei dessa merda toda, talvez eu precise procurar outra pessoa para me ajudar, eu não sei se é o caso mas talvez esse homem seja um pouco burro, eu vou falar com meu tio sobre ele.

Homem- Tudo bem,  e a propósito esse braço tem nome, me chamo Alex.

O homem falou com uma voz tão sedutora que fez meu corpo estremecer, mas que diabos está acontecendo aqui, será se ele quer que eu volte atrás a respeito do que eu acabei de falar,  mas nem ferrando eu faço isso. Assim que ouço suas palavras fico em silêncio e logo em seguida desligo o telefone.

📴

Assim que encerro a chamada, vou para a cozinha, faço um sanduíche e um suco de maracujá, como rapidamente e vou para meu quarto, como tudo aconteceu durante a noite eu não dormi nada, então tomo um banho e tento dormir mas não consigo,  porque quando fecho os meus olhos vejo os meus pais dilacerados no chão, estou cheia de dúvidas e ninguém para respondê-las.

Kyra- Como esses homens conseguiram entrar e sair sem que ninguém pudesse detê-los? E se eu morrer tentando vingar meus pais? Não importa, eu não tenho ninguém para chorar por mim.

Converso sozinha e percebo que realmente eu não tenho ninguém que me ame, se eu morrer não farei falta a ninguém, nenhum colega de faculdade sabe pelo menos meu nome de verdade,  não tenho e nunca tive namorado e os meus tios banalizam a morte, então eu vou pular de cabeça nessa nova realidade.

Fico perdida em  pensamentos e acabo dormindo sem perceber.

Acordo por volta das 15:00h  e vou direto tomar banho frio, quero me livrar dessa dor de cabeça que tenta a qualquer custo me matar.  Escovo os dentes e visto somente uma mini camisola já que estou sozinha em casa.

Desço as escadas e vou para a cozinha procurar algo para comer, como só havia frutas e bolachas, resolvo então fazer uma macarronada e assim que termino tudo ouço  o barulho da campainha.

Kyra- Por que o meu tio tinha que dispensar os empregados?

Então, vou atender a porta bufando de raiva, assim que chego me posiciono por trás da porta para que a pessoa não perceba que estou quase nua rsrs.

Assim que abro a porta me deparo com um homem lindo, loiro, olhos verdes, dono de um corpo de tirar o fôlego, eu o olho da cabeça aos pés e assim que que me recupero começo a falar.

Kyra- Quem é você?

Noto que o homem está com várias pastas nas mãos e ao seu lado há uma enorme mala. Ele me olha com um olhar confuso e começa falar.

Alex- Nos falamos ao telefone hoje pela manhã,  eu sou o Alex. E a senhora é?

Lembro de como foi cansativa a nossa conversa mais cedo, então resolvo que não vou facilitar para ele.

Kyra- Já morreu.

Ele me olha com um olhar confuso, depois de alguns segundos ele resolve perguntar.

Alex- Quem morreu?

Ele parece um pouco preocupado, me esforço para não rir de sua cara, faço uma cara séria e começo a falar.

Kyra- A vontade que eu tinha de poder dizer aos meus colegas o meu verdadeiro nome,  eu tinha tanta vontade que todos soubesse que sou uma Smith, agora eu tenho vergonha desse sobrenome.

Falo e não consigo conter às lágrimas, eu sempre sonhei em ser apresentada a sociedade como uma legítima senhorita Smith, não é por status, e sim porque eu sentia orgulho do nosso grupo,  pois tem empresas voltadas  a vários setores, saúde, educação e tecnologia de ponta, inseminação artificial e muito mais, mas depois de saber desse maldito legado eu sinto vergonha dessa família.

Fiquei tão imersa em minha dor que havia esquecido do homem que está de junto a porta,  então seco minhas lágrimas e falo em seguida.

Kyra- Entre e  pode ficar a vontade,  eu vou me trocar  com licença.

Falo e saio sem olhar para atrás,  tenho certeza que ele está olhando para cada parte do meu corpo,  mas eu não estou nem aí,  Deus sabe que eu não tive a intenção de seduzi-lo e isso basta.

Depois de me vestir adequadamente volto para a sala e me sento no sofá,  Alex está de cabeça baixa lendo algo, suspeito já saber do que se trata e resolvo confirmar.

Kyra- Esses são os relatórios que te pedi?

Ele balança a cabeça em concordância, senta ao meu lado, me  entrega todas as pastas e começa a falar.

Alex- Sugiro que não olhe esse artigo se estiver de estômago vazio.

Ao ouvir suas palavras me lembro da minha macarronada que está esfriando na cozinha,  então me levanto e coloco a pasta em cima da mesa e o convido para comer comigo.

Kyra- Você quer almoçar comigo?

Ele me dá um sorriso e começa a falar.

Alex- Aceito sim, obrigado.

Ele sorrir para mim, nossa senhora e que sorriso lindo, eu sempre me achei estranha porque eu nunca me senti atraída por nem um homem e/ou mulher, mas agora estar perto do Alex  me faz perceber que algo  está diferente.

Fomos para a cozinha, nos servimos e começamos a comer, esse silêncio está me deixando louca, então resolvo puxar assunto.

Kyra – Alex,  quantos você já matou?

Ele para de comer abruptamente e me olha com um olhar penetrante e fala em seguida.

Alex- Por que quer saber? Por um acaso vai tentar me superar?

Nessa hora eu fiquei com muita vergonha, eu não deveria ter perguntado essas coisas. Então,  resolvo apenas ficar em silêncio.

Depois que termino de comer,  me levanto e vou lavar a louça, de repente sinto alguém bem perto de mim, Alex se aproxima do meu ouvido e fala baixinho.

Alex-17 malditos.

Engulo em seco e permaneço em silêncio,  lembro das palavras do meu pai, ele dizia que vivemos em um mundo de aparência, onde todos somos lobos vestidos de cordeiro.

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