LEGADO

Me perco em pensamentos tentando entender as palavras do meu pai naquela carta,  se o seu legado não é a empresa,  o que é então? Tenho medo da resposta, apesar de meus pais me tratarem de forma estranha, nós nos amávamos e éramos uma família feliz.

Ando de um lado para o outro porque já estou sem paciência, de repente ouço um grande barulho, olho para lado e vejo que agora há uma pequena porta, vejo um homem de pé em meio a escuridão, deve ser o meu tio, ele logo fala com uma voz assustadora.

Natan- Saia!

Será se ele será sempre tão educado assim? Kkk

Lembro de tudo que meu pai me ensinou, engulo o choro, escondo  o desespero e coloco o meu olhar mais frio e arrogante, coloco o celular e a carta no bolso e saio sem demonstrar medo algum.

Caminho por um estreito corredor e chego na garagem, já em um local claro posso ver  o meu  tio, ele é idêntico ao meu pai, tem cerca de 50 anos, é bonito e muito musculoso, ele está vestido com um uniforme de general e ao seu lado há uma mulher também de uniforme, porém mais simples.

Eles me olham da cabeça aos pés como se estivessem me analisando, fico um pouco desconfortável, mas dou de ombros e falo primeiro.

Kyra- Que bom que você veio tio, eu estou morrendo de sede.

Lembrando das palavras do meu pai, ignoro totalmente a mulher ao seu lado. Ele me olha com um olhar terno e sem aviso prévio se aproxima de mim e me abraça, sentir o calor de um abraço num momento como esse não tem preço, será que ele é minha única família ou aparecerá mais?

Natan- Kyra,  você precisa ser forte, vamos agora temos muito o que fazer.

Ele segura no meu braço e caminhamos em direção ao interior da casa, ao longo do caminho nos deparamos com vários corpos espalhados pelo chão,  eram os seguranças da mansão, parece que estou vivendo um filme de terror, como dois homens conseguiram fazer isso? Eu fui treinada para lidar com vários situações difíceis, mas isso eu não esperava.

Assim que chegamos na sala, o meu tio me deixa sentada no sofá e vai até a cozinha conferir o tamanho do estrago, a mulher que veio com ele fica comigo na sala me encarando, parece tentar me intimidar.

Olho para os lados para ver se o meu tio não vem, quando tenho certeza que não,  me aproximo da mulher, a olho com um olhar frio e falo em seguida.

Kyra- O que está tentando me dizer? Eu espero que seja importante , caso contrário corto sua língua para nunca mais falar asneiras.

A mulher engole em seco e antes que ela pudesse dizer qualquer coisa o meu tio chega na sala.

Natan- Temos que limpar essa bagunça, já chamei a minha equipe.

Fico em silêncio  por um tempo,  tento compreender o significado de suas palavras, o que ele quer dizer com limpar bagunça?  Isso não foi bagunça,  isso foi chacina.

Kyra- Tio, nós temos que chamar a polícia, isso não pode ficar assim.

Assim que falo, noto que a maldita mulher começa a rir baixinho, sobe em mim um ódio tão grande que não consigo me controlar, sem hesitar caminho até ela, dou um soco na sua cara e começo a falar.

Kyra- Como ousa rir em uma situação como essa? Meus pais se foram e hoje eu perdi o meu último traço de humanidade,  meus pais eram pessoas boas e veja no que deu, eu quero vingança, não queira ser a primeira a provar do meu ódio.

Meu tio me olha com um olhar confuso, respira fundo e começa falar.

Natan- Não podemos envolver a polícia nesse caso e pare de descontar sua raiva na minha mulher, isso é por conta do legado de nossa família, a culpa é nossa.

Que raios de legado esse? Eu não tenho culpa de coisa alguma, meu pai sempre foi um homem amoroso,  mas só da porta para dentro,  porque lá fora nós nunca tivemos nenhum contato, nem uma foto e nem mesmo eu podia usar meu sobrenome paterno, eu podia sair para onde eu quisesse contanto que ninguém soubesse minha origem.

Será se tudo isso era por causa do bendito legado? Pensando dessa forma resolvo tirar minhas dúvidas.

Kyra- De que tipo de legado estamos falando? Pessoas de bem foram mortas hoje a troco de nada, eu preciso de explicações.

Assim que falo a mulher começa a rir mais uma vez, antes que eu pudesse falar qualquer coisa ela começa a falar.

Mulher- Pessoas de bem? A troco de nada? Eles eram um casal de...

Antes que ela terminasse de falar o meu tio a interrompeu.

Natan- Cala a boca Rangel, ninguém te deu o direito de falar sobre minha família. Agora vá ajudar na limpeza do local.

Ao ouvir suas palavras Rangel sai em silêncio, não ousa se quer olhar nos olhos do meu tio, eu também fico em silêncio mas o encaro  aguardando uma explicação.

Depois de algum tempo, meu tio senta  no sofá e gesticula para que faça o mesmo, caminho lentamente sento ao seu lado.

Eu não sei  para que tanto mistério  legado é algo que devemos nos orgulhar, né? Deus que situação desconfortável.

Natan-Kyra, nós somos uma família de assassinos de aluguel, seus pais matavam e eu limpava a bagunça.  Você terá  que assumir a função dos seus pais e dar continuidade à esse legado.

Isso só pode ser uma piada, não faz o menor sentido, meus pais eram bilionários e não precisavam fazer isso para sobreviver, eu não quero seguir esse maldito legado.

Kyra- Eu não vou fazer parte disso, não vejo sentido nisso, então me explique melhor e talvez eu mude de opinião, mas primeiro eu preciso matar os assassinos de meus pais.

***Esta obra está sob contrato com a NovelToon, e a pirataria, como a reimpressão sem permissão, é estritamente proibida.***

***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***