Eros
Detestava esses cursos de reciclagem.
Inchação de linguiça.
Meu sonho era ter minha oficina, poder consertar carros, motos.
Eu amava fazer isso.
Desde pequeno carros e motos velozes eram meu fascínio, minha mãe vivia rindo de mim, dizendo que poderia virar piloto de corrida. Mas, no fundo, poder desmontar e montar motores novamente era meu desejo.
Ser bombeiro foi consequência.
Mas estava juntando uma grana e logo iria realizar meu sonho, então entregaria minha farda.
Salvar vidas é para super-heróis, não era meu caso.
Estava mais para pangaré revoltado.
Badboy.
Olhei para o slide à frente junto ao falatório do instrutor.
Tédio!
Minha mente se voltou para Rita.
Minha chocolate.
Aquela mulher era uma perdição.
Consertei a calça que apertou na frente ao imaginá-la.
Ainda cometeria uma loucura.
Aquela bunda empinada e sua língua afiada eram uma combinação perfeita.
Odiava quando alguém falava do João e ela ficava com o
olhar triste.
Era certeza que o coração dela ainda batia por ele.
Perder para um defunto é foda!
Mas também, eu não sabia se existia lugar para mim na vida da Rita.
Éramos muito diferentes.
Ela, patricinha toda arrumada naqueles saltos maravilhosos.
E eu, um bombeiro que não sabia o que queria da vida.
Como dizia meu pai, “um vagabundo tatuado”.
— Algum problema, Tenente? — perguntou o instrutor, azedo.
— Tédio!
Respondi, chocando-o, diferente de todos os alunos, que começaram a rir.
Levantei, deixando a sala.
Tomaria uma advertência.
Quem se importa?
Voltei para casa naquele dia mesmo, não iria conseguir me concentrar na droga do curso, minha mente estava na patricinha com sabor de chocolate e salto agulha.
A primeira vez que encontrei a Rita foi bem engraçado. Nem ela e nem eu estávamos preparados para o impacto daquela noite.
Só queria a droga de uma bebida e esquecer a última discussão com meu pai.
Mas aquela coisa minúscula entrou no bar e não era qualquer bar, era uma espelunca caindo os pedaços, onde só havia homens.
O vestido dela dizia: SEXO.
Aquela bunda! Que bunda!
Todos olharam e assim que ela tomou a bebida e se
engasgou, percebi que a doida estava no lugar errado.
E iria arrumar confusão.
Ainda bem que consegui tirá-la de lá antes que tivesse que entrar na porrada com alguém.
Odiava violência.
No fim foi uma grata surpresa. Me vi entre suas pernas chupando aquela boceta perfeita, e viciado, passando a só pensar nisso.
Desde aquela noite ela tomou minhas terminações nervosas, o seu cheiro ficou em mim para sempre.
A patricinha me deu uma chave de coxa, mas ainda tínhamos assuntos inacabados sobre aquela noite.
Ela não conseguiu me perdoar por abandoná-la no hotel e sair sem dar satisfação.
Foi horrível mesmo, mas tive fortes motivos. Acontece que ela não queria ouvir nenhum.
E me elegeu seu amiguinho de foda.
Estava fodido!
Rita
Helena me olhava chocada.
E eu já esperava isso, minha amiga era cheia de pudores e não iria entender.
— Mas por que você queria fazer isso? — interrogou.
— Eu li nos livros, ficava excitada, tinha sonhos eróticos com a situação e desejei fazer. — Toquei meu rosto e testa. — Eu sonhava em transar com dois homens.
Helena começou a tossir.
Levantei, peguei água e dei a ela.
— Sabia que você não iria entender — resmunguei, batendo em suas costas.
— Estou em choque, na realidade. — Bebeu mais água.
Voltei para minha cadeira, nervosa.
— Queria fazer isso antes dos trinta, antes de arrumar um namorado e me casar, ter filhos, sei lá — tentei explicar.
— E acabou encontrando o Eros?
— Sim. Pesquisei o bar, dizia que era pertos de motéis, era um bar de encontros. — Suspirei. — Mas era uma espelunca cheia de homens nojentos.
— Mas o Eros estava lá.
— Sim, foi o que me salvou. Se não, estaria numa fria.
Ela riu de leve.
— Mas você transou com dois homens?
Acabei rindo de sua curiosidade.
— Não, lógico que não! Percebi que era loucura da minha mente fértil — esclareci. — Mas acabei na cama com o Eros.
— Por isso sua animosidade com ele de cara.
— Já tinha encontrando com ele na cidade, confesso. Veio com um papo de reviver o que aconteceu naquela noite. — Idiota! Achava que eu esqueceria fácil. — Até parece que vou esquecer tudo assim.
Helena me analisou e mordeu a unha, sabia que ela iria fazer uma análise psicológica das coisas, a conhecia bem.
— Bem, amiga, ele deixou você naquele quarto de hotel com o dinheiro do táxi, foi grosseiro, admito que tenha razão. — Aguardei em silêncio. — Mas ele veio para essa cidade atrás de você e... bem, o João morreu.
— Isso não tem nada a ver com o João — a calei. Não queria falar sobre aquilo. — Passado!
— Você se trancou, Rita. Pode parar — ela me interrompeu, dessa vez. — Se fosse em outra época estaria louca para namorar, assumir, grudar no Eros. — Minha amiga levantou o dedo. — Agora usa o cara de estepe.
— Nos usamos de estepe, Helena. Ele aceitou os meus argumentos e entrou sabendo o que eu tinha para oferecer. — Suspirei — Não quero namorar ninguém.
— Para! Nem todos têm uma paixão de infância como a sua e do João!
— Helena!
— Olha só. Você vai perder o Eros e eu vou dizer “EU
AVISEI” bem na sua cara. — Levantou-se ela, pegando a bolsa. — Você está sendo covarde!
Saiu, chateada.
Droga!
Por que ninguém me entendia?
E será que eu estava errada e o Eros se cansaria?
O domingo estava sem graça, Eros viajando, não tinha nada para fazer.
Pensei que deveria ter aceitado o convite para o churrasco na casa da Helena, mas, com certeza ela e o marido iriam abordar o assunto “Eros” novamente e não estava afim de discutir sobre.
— Tem um barbudo lá embaixo — minha mãe falou da porta do quarto. — Esperando você montado em uma moto.
Olhou-me feio e bateu a porta, saindo.
Não acreditei que ele havia ido até lá.
Calcei o chinelo e desci.
Parado na calçada, vestido totalmente de preto e braços cruzados.
Eu deveria estar parecendo uma louca, cabelo preso para cima, shorts curto e camiseta.
— Não estava viajando? — O meu coração batia feito louco.
Eros mexia com minha libido e emocional de um jeito insano.
Era um homem lindo, rústico e com jeitos grosseiros, mas eu sabia que tinha um coração bom, eu o vi com os filhos do Vince e com outras crianças, era um ogro derretido.
— Voltei mais cedo. — Deu de ombros. — Podemos dar uma volta?
Hum... Isso seria bom? Ou poderia causar problemas?
— Hum, não sei...
— Como amigos? — Sorriu deliciosamente.
— Ok, vou trocar de roupa.
Ele piscou e eu me derreti.
Difícil resistir a uma revista em quadrinhos deliciosa daquelas.
Voltei para casa rapidamente.
— Cuidado com esses homens tatuados — Meu pai falou quando passei. — Ainda branco de olhos azuis? Ruum! O que ele quer com uma mulher negra?
Revirei os olhos e fui me trocar.
Precisava de um canto só meu, e urgente.
Vesti uma calça colada e blusa solta, pondo um brinco grande e arrematando com maquiagem leve e um batom vermelho.
— Filha, se cuida. Vou anotar o número da placa dessa moto
— meu pai gritou e eu bati a porta.
Eu mereço.
— Vamos?
Ele continuava me olhando como seu eu fosse um pedaço de torta deliciosa.
Uau! Acho que eu tinha me molhado.
— Vamos — disse e me entregou o capacete.
Montei na moto segurando firme em sua cintura.
Os vizinhos saíram à porta para olhar. Ainda mais essa. O povo da minha rua era tudo fofoqueiro.
Ele ligou a moto e ganhamos as ruas.
Aproveitei para encostar a cabeça em seu ombro e sentir o contorno de seu corpo em minhas mãos.
***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***
Comments
Amanda
Uau, confesso que quero saber o motivo dele pra deixar ela sozinha no quarto 🤔🤔🤔🤔
2023-08-08
1