Eros
Estava cansado daquele lugar. Minha vida andava uma droga. Depois da morte da minha mãe tudo ficou sem graça.
Ser filho único de pais separados foi bem complexo para mim.
Não tinha contato com meu pai, odiava minha madrasta fútil.
Sem contar que eles me achavam exótico e o velho não entendia por que o corpo de bombeiros havia aceitado um vagabundo tatuado.
Ô povo cheio de tradicionalismo. Nojo de gente assim.
Bufei, parando a minha moto na Companhia e tirando o capacete.
Estava precisando de uma mulher, filhos, chocolate-quente para acalentar as noites.
Minha casa vazia era um saco.
— Bom dia, Tenente — Tina, oferecida, falou com voz melosa.
— Boa tarde, Tina.
Acho que era o melhor emprego da vida dela. Servir cafezinho para homens fardados.
Dava em cima de todos.
— Um café?
— Agradeço.
Não dei mais conversa e entrei na corporação.
— Tenente, o senhor não vai acreditar! — O Capitão foi até mim, pisando duro. — O Tenente João faleceu em um acidente em Santa Mônica.
— Droga!
Éramos conhecidos, servimos juntos. João era um homem calado, mas muito amigo.
— O Capitão Aragão?
— Vicente está arrasado. Gostaria que fosse ao enterro e levasse as condolências de nossa corporação.
— Sim, claro, irei.
Éramos amigos de muito tempo, Vicente Aragão tinha sido meu capitão até pedir transferência.
Um dia depois.
Meus olhos ainda não estavam acreditando no que viam.
Aquela baixinha deliciosa era namorada do João?
A mulher que virou minha vida de cabeça para baixo?
Droga!
Continuava linda, apesar do rosto triste e de suas lágrimas.
Era a mulher mais bonita presente.
Babei olhando para ela.
Fiquei distante, não deixei que me notasse.
Parecia arrasada.
— Quem é ela? — perguntei a um companheiro de farda da cidade.
— Professora Rita. É o braço direito da diretora Helena, mulher do Capitão — explicou, distraído. — Ela foi namorada do João.
— Entendi! Que pena que ele se foi — disse com pesar, lutando contra o sentimento de ciúmes que se apossou de mim.
Ele dormiu com minha baixinha.
Fez sexo, beijou aquele corpo.
Era horrível, mas ainda bem que estava morto.
Realmente eu não era um homem bom.
Eu já sabia como iria tirar o tédio da minha vida e ainda reaver o que nunca deveria ter perdido.
Olhei para ela, que estava alheia a minha presença.
Dias atuais...
O barulho do meu salto era o único som no corredor.
Todas as crianças na sala e tudo organizado como devia ser.
Helena de férias, curtindo a vida de casada, merecido.
Só minha vida que andava meio bagunçada.
Suspirei, abrindo a porta da minha sala. Joguei a bolsa na cadeira e fui buscar meu café.
— Tudo tranquilo, Simone? — perguntei, pondo a cabeça para dentro da sala da minha assistente.
Depois que assumi o cargo de direção da escola, acabei contratando a Simone para assistente, era competente, gostava de crianças e fazia poucas perguntas.
— Sim, tudo pronto para a análise das notas hoje à tarde — falou, buscando uma pasta em seus pés. — As análises psicológicas estão prontas.
Nunca consegui fazer isso com agilidade na época em que cumpria aquela função.
Helena pirava com isso, sorri ao lembrar.
— Esses seus sapatos não machucam, não?
Segui a direção do seu olhar para meus sapatos.
Vermelho, de salto fino, e me deixava com alguns
centímetros a mais.
— Não, ser baixinha é pior.
Ela sorriu e eu peguei a pasta de sua mão, seguindo para minha sala.
Odiava minha altura de 1,55m e as piadas sem graça sobre
isso.
Sentei-me na cadeira e olhei o meu celular.
“Mais tarde?”
Era uma mensagem do Eros, simples, sem nenhum “beijo” ou “saudades”. Ele era um homem cru.
Mas, estava viciada nele, assim como se vicia em álcool.
Droga, droga!
Ainda sonhava como o João, ainda tinha pesadelos com sua morte.
Ainda acordava lembrando-me de como era gostoso entre a gente.
Pensei que era o cara certo, mas foi um engano.
Então meu passado bateu à porta em forma de um loiro tatuado e muito gostoso.
Onde fui amarrar meu animal?
“Horário de sempre”
Respondi sem nenhum romance, puro e simplesmente, afinal, era só sexo.
Joguei o celular na mesa e me liguei no trabalho.
Seria bem melhor do que imaginar o que o destino me reservava naquela confusão que andava minha vida sentimental.
Comprei a pizza no caminho e bati na porta dele.
Olhei para a casa ao lado e Vince se encontrava na sacada, me olhando.
Levantou a xícara de café e sorriu.
Totalmente sem graça, sorri de volta.
— Tanto lugar no mundo e você aluga uma casa ao lado da minha empregadora?
Resmunguei assim que Eros abriu a porta.
Ele segurou a pizza, totalmente apetitoso sem camisa, usando só uma calça larga e pés descalços, o cabelo preso no estilo samurai.
O homem era um pecado.
Até esqueci minha zanga.
— Melhor localidade, baixinha.
Odiava quando ele me chamava assim.
E ele sabia, por isso fazia, para me irritar.
— Vem cá.
Chamou e cedi, indo até ele.
Sua boca era quente, seu corpo forte. Eros era magro, mas com músculos, tudo no lugar, parecia um lutador badboy.
E eu era louca por cada pedaço dele.
Minha revista em quadrinho preferida.
— Como foi seu dia, gostosa? — perguntou, me soltando com as pernas bambas depois do beijo.
— Igual a todos os dias. — Sorri. — E o seu?
— Tudo igual.
Pôs a pizza no aparador e me olhou.
— Tira a roupa — falou, duro.
— A pizza...
— Depois. Agora vou comer você.
Molhei tudo. Tinha certeza de que as Cataratas do Iguaçu perdiam para minhas partes íntimas naquele momento.
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Comments
SIDY RODRÍGUES
/Facepalm//Facepalm//Facepalm//Facepalm//Facepalm//Facepalm//Plusone//Plusone//Plusone//Plusone//Plusone/
2025-01-18
0
Irenilza Socorro
nossa que é isso kkk /Facepalm//Facepalm/
2023-09-26
3
Amanda
😏😏😏
2023-08-08
0