Os dias passaram tranquilamente, compramos os móveis em algumas lojas de usados, roupas para a neve e algumas outras coisas de uso diário. Estava realmente me adaptando ao Shin, aos costumes e até mesmo a língua, apenas o frio que chegava me incomodava. Pensei que a comida seria um problema, mas até gostei dos temperos picantes, apenas o agridoce não me agradou muito. Shin gostava de cozinhar o que era ótimo, pois cozinha nunca foi meu ponto forte, claro que eu ajudava, principalmente nas compras, afinal precisava aprender a me virar e ele logo voltaria ao trabalho. Depois que desmaiei ganhei um celular com o número do Shin na discagem de emergência e todas as redes sociais que usam por aqui. Meu único contato obviamente era ele, ainda não conheci ninguém, não que não tivesse interagido, mas os asiáticos são reservados, diferente dos brasileiros que fazem amizade com o “tio” da padaria, o garçom do boteco e assim por diante.
Todos eram amigáveis e prestativos, ao menos na nossa vizinhança, alguns me encaravam um pouco por ser estrangeira, mas até a isso me acostumei. Viver com Shin tinha apenas um inconveniente…
-- Sai desse banheiro Shin! Está vendo pornô aí por acaso? Affff garoto!
-- Pronto! — gritou ele.
A porta abriu e apenas uma toalha cobria seu quadril enquanto secava seu cabelo com outra, foi difícil ficar indiferente a sua pele a mostra, a cada músculo perfeitamente esculpido. O empurrei e entrei batendo a porta, no espelho meu rosto parecia em chamas. Estou ficando louca, porque estava reagindo desse jeito a um homem de toalha? Demorei no banho para acalmar meus hormônios, quando entrei no meu quarto me lembrei que não peguei minha roupa no closet, fechei o meu roupão e fui para lá, a porta do quarto do Shin estava aberta e aparentemente ele já tinha se vestido.
Naquela manhã eu estava decidida a conhecer um estúdio de dança que ficava a algumas quadras do prédio então escolhi uma calça leggin e top branco com sobreposição de saia preta, coloquei tênis, mas minhas sapatilhas estavam separadas na bolsa. Dançar sempre foi um passatempo e uma válvula de escape quando me sentia tensa, e esse era o momento perfeito para fazer isso.
Saindo do quarto dei de cara com o Shin tomando chá na sala perfeitamente vestido em Black jeans com rasgos nos joelhos e blusa branca que se ajustavam perfeitamente ao seu corpo esguio. Ele quase engasgou quando me viu, rapidamente abandonou sua xícara e veio em minha direção.
-- Onde você supõe que vai vestida assim?
Não pude deixar de rir da reação exagerada dele.
-- Primeiro eu não suponho, eu vou ao Estúdio de dança. Segundo, eu não terminei de me vestir irmãozinho. Algum problema?
-- Muitos, você está praticamente com tudo a mostra!
-- Pare de bancar o namorado ciumento moleque, esse é o tipo de roupa que se usa para prática de
dança. Claro que não andarei na rua assim, vestirei um casaco não se preocupe.
-- Vou com você!
-- Nem pensar! Shin preciso fazer isso sozinha, você volta ao escritório amanhã. Não acredita que está sendo superprotetor? Aliás, já te aviso que começarei a procurar emprego!
-- Você não precisa trabalhar e sabe disso! — Resmungou cruzando os braços.
-- Mas vou e está decidido! Lembra que prometeu não brigar mais comigo! Além disso, preciso de um pouco de autonomia, é justo, não é? Shin você é meu cunhado, um dia terá sua própria família, já pensou nisso?
Completamente contrariado se calou.
-- Eu aceito uma carona se te faz sentir melhor.
Ele realmente se deu por vencido. Vesti um moletom, um casaco grosso e comprido por cima e saímos. Ainda não começou a nevar, mas estava bem frio. Estacionamos na porta do Estúdio e antes que eu dissesse algo Shin já estava lá dentro observando o ambiente. Bailarinas passavam de lá para cá em trajes parecidos com o meu, isso estranhamente parecia tranquiliza-lo, assim como a ausência masculina no recinto.
-- Ok cara pálida, já viu alguns corpos sarados agora caia fora!
-- Está bem, você venceu, manda mensagem quando sair que venho te buscar. Se cuide.
Fiquei acenando da porta até ele sair com o carro, finalmente um tempo só meu desde que cheguei. Shin é um cara incrível, uma ótima companhia, mas eu preciso dessa folguinha além de estar meio velha para precisar de babá.
O Estúdio de dança era incrível, com diversas salas e ensinava desde danças tradicionais ao jazz contemporâneo, minha intenção não era frequentar regularmente as aulas então perguntei sobre aulas avulsas ou particulares, me informaram que isso era possível na última sala do terceiro andar e me dirigi para lá.
A sala estava vazia, era imensa com espelhos e barras em todas as paredes com exceção de uma ampla janela de vidro. Coloquei minha bolsa num canto tirei o casaco, calcei minhas sapatilhas e comecei a me aquecer nas barras quando um batalhão de mulheres entrou na sala seguidas por um professor aparentemente muito mal-humorado. Ele disse algumas coisas que não entendi muito bem, mas segui o fluxo, dei a distância de um braço e me sentei como as pessoas a minha frente estavam fazendo e o professor começou a ensinar a coreografia enquanto observávamos atentamente. Eu tinha certeza que já vira isso em algum lugar, ele repetiu por umas três vezes então todos se levantaram e a música começou.
Eu sabia, era Angel do Hoya eu conhecia muito bem aquela coreografia e comecei os passos. A música parou e recomeçou umas duas vezes então o coreografo começou a caminhar entre os alunos e aqueles que ele tocava nos ombros deixavam a sala. Quando a música terminou pela quinta vez restaram apenas duas garotas e eu, então a música parou de vez. Eu estava exausta, será que todas as aulas eram assim por aqui?
O professor parecia estar de melhor humor, nos fez um sinal de positivo e apenas entendi “Jal haesseo e
Jjang” que seriam equivalentes com o nosso “bom trabalho e vocês são as melhores”, fiquei sem entender nada do restante, mas após um aceno de cabeça ele se retirou da sala. Uma mulher entrou e veio diretamente na minha direção falando coreano desenfreadamente, eu logo disse que falava apenas inglês e enfim começamos a nos entender.
Percebi tardiamente que se tratava de uma audição, que havia passado e ela precisava dos meus dados para avisar da próxima seleção e me deu o cartão da agência caso tivesse qualquer dúvida.
“Meu Deus!? Onde me meti” era a única coisa que eu pensava e no Shin me estrangulando. Acabei nem mandando mensagem, fui caminhando para arejar as ideias…
Chegando em casa ele estava na entrada com o celular na mão, disfarçou, mas não deu muito certo. Tirei meu tênis, pendurei o casaco e joguei a bolsa no sofá esperando a enxurrada de questões, mas elas não vieram. Pacientemente ele observava cada gesto meu.
-- Parece que arrumei um trabalho! Da maneira mais absurda possível, mas arrumei!
Contei tudo ao Shin num folego só de tão atordoada que estava, ele apenas pediu o cartão e saiu discando no celular voltando alguns minutos depois parecendo mais atordoado que eu.
-- Pelo que conversei, não é um trabalho, não ainda. Você se comprometeu a participar do próximo teste. O bom é que é uma empresa seria, de renome. Como uma fotografa acabou passando em um teste profissional de dança?
-- Faço aulas desde pequena e conhecia a coreografia, sorte ou muito azar, sei lá! Calma aí! É só eu não ir certo?
-- Se trabalhará futuramente é melhor ir, você deu sua palavra, não seria ético. Por mais que eu não goste disso, é o correto.
Eu estava realmente constrangida com essa situação, me senti idiota e ignorante. Algo extremamente frustrante, Shin percebeu meu estado de espírito, afinal a convivência tem sido cada vez mais tranquila, aprendemos muito sobre a personalidade e os humores um do outro.
-- O complicado é que volto ao escritório amanhã então não poderei acompanhar. Você acredita que ficará bem?
Suspirei fundo, mas era oportunidade perfeita de mostrar-lhe que poderia me virar, mesmo essa experiência sendo absurda, não posso me acovardar.
-- Terei que ficar e, além disso, agora eles estão cientes que só falo inglês. Mas quero que me prometa uma coisa, que me ensine coreano todas as noites a partir de agora, não quero me sentir assim novamente!
-- Bom, se você está confiante que dará conta, só me resta prometer te ensinar.
O alívio foi tão grande que saltei em seu pescoço gritando obrigada sem parar, o que o fez rir da minha cara, mas pouco importava, agora eu tinha uma meta, um plano a seguir e faria dar certo.
Na manhã seguinte acordei com silêncio, provavelmente Shin já fora trabalhar e a empregada ainda estava de férias então o lugar era inteiramente meu. Na cozinha meu café estava no balcão com um bilhete “não fique sem comer”, era incrível a persistência do Shin em me fazer comer pela manhã, ineficaz, mas fofo. Coei o café e fui para a sala munida de uma xícara, zapeei um pouco na televisão, folheei algumas revistas, escutei algumas músicas, fucei no celular um pouco e metade do dia se passou quando escuto a trava da porta se abrindo.
-- Ane! Ane, onde você está?
-- Estou na sala! - berrei - Droga, droga, droga! Porque ele passou em casa? Ele disse que sempre almoça no escritório! Eu ainda estou de camisola, cadê a porcaria do roupão?
Revirei as almofadas, estava lá. Saí meio correndo meio me vestindo ao seu encontro, enrosquei meu pé
na faixa do roupão e quase cai. Foi uma fração de segundos, ele estendeu os braços para me segurar, nossos lábios se uniram e caímos os dois. Não foi um beijo, foi um bater de bocas, mas para mim parecia câmera lenta, seus lábios rosados e quentes incendiaram meu corpo adormecido.
Deus o que foi isso, seu corpo era firme enquanto o meu se tornava gelatina com seu calor, tentei me
levantar o mais rápido que pude, mas meu estupido corpo não obedecia então apenas girei para o lado.
-- Você está bem Ane? – Seu tom era de preocupação.
-- Envergonhada, mas bem e você? Bateu a cabeça, está bem?
Foi estranho, permanecemos deitados em silencio sem coragem de nos olharmos por alguns
instantes até que meu celular tocou e fui depressa atender. Era a agência me avisando do teste no dia seguinte. Shin me observava ao telefone de braços cruzados quando desliguei.
-- O que foi? – Questionei.
-- Seu roupão está do avesso e imagino que era a agência ao telefone.
-- Era sim, a audição será amanhã, irão me enviar a localização depois. Vire-se para eu desvirar o roupão.
Ele se virou, nesse instante meu celular emitiu o bip de mensagem o que o fez correr para pega-lo da minha mão me surpreendendo a ponto de derrubar o roupão no chão e correr atrás dele.
-- Ei! Me devolve isso! Pare de ser chato garoto!
Erguendo seus braços era quase impossível que eu alcançasse o celular. Ele leu enquanto eu saltava feito uma criança perto dele, quando enfim desisti e cruzei os braços recebi o telefone de volta ao qual peguei a contragosto.
-- Porque fez isso? - e me dei conta de que estava com uma camisola de renda que não escondia
nada, envergonhada apanhei o roupão do chão e o vesti rapidinho.
-- Estou olhando por segurança, o lugar é afastado, do jeito que você é atrapalhada vai parar do outro lado do mundo antes de chegar no endereço certo!
Shin caminhou firmemente na minha direção, me tomou pela cintura e sussurrou no meu ouvido.
-- Quando você vai entender, ou melhor, o que devo fazer para que entenda de uma vez por todas que
está lidando com um homem. Da próxima vez que você me chamar de garoto eu não me responsabilizo pelos meus atos... a propósito, essa camisola fica muito bem em você.
Eu me arrepiei toda, seu hálito quente no meu pescoço fez vibrar cada célula do meu ser. Seu aperto era
firme e a proximidade quase torturante da sua boca na minha pele, seu tom de voz, seu perfume, me fizeram contorcer em desejo.
-- Me larga moleque! – Gaguejei sem convicção alguma.
Com um arfar de desejo ele tomou minha boca intensamente, sua língua e mãos dançando em mim
preenchendo todo o espaço entre nos. Roupão e terno ao chão, nossas peles cada
vez mais quentes e mais próximas, rasguei sua camisa, sentindo seu peitoral perfeitamente esculpido, escutei o cinto cair enquanto desfrutava dos seus lábios, a calça também se fora quando ele me pegou no colo e levou para o quarto.
O seu corpo era simplesmente divino, esguio, definido, a boxer preta em contraste com a pele e o cabelo claro o deixaram ainda mais sexy. Meu corpo gritava por ele, nossos lábios se soltavam apenas a procura do ar, minha camisola era tudo o que separava nossos corpos, um frenesi tomou conta de nós. Eu não sabia o quanto estava sedenta por toca-lo, bagunçar seu cabelo, abraça-lo, sentir o gosto do seu beijo, da sua pele, e como era bom.
Seu desejo era visível e palpável, se estava sedenta ele estava faminto, me devorando com as mãos, a boca, me despindo dolorosamente, lentamente e explorando cada pedaço meu. Seu corpo sobre mim me incendiava em ganancia e luxúria, não podia esperar mais.
-- Shin! – Supliquei em extasiante agonia cravando minas unhas em suas costas.
Ele sorriu de satisfação e suavemente começou a tomar posse do meu corpo me fazendo gemer em incrível suplicio, eu queria mais, queria tudo, queria que ele invadisse meu corpo, minha alma, meu coração, que entrasse tão fundo que se perdesse em mim e assim o fez. Nos perdemos um no outro, colados, em pleno êxtase, o ápice do prazer. Tão mágico e único, nos encaixávamos perfeitamente, um quebra-cabeças que montamos até a exaustão e caírmos no sono.
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Atualizado até capítulo 57
Comments
Margareth Lopes
Perfeito...😏
2024-04-17
1
Dona Cida Oliveira
Uau 😍
2023-12-06
1
Maria De Fatima Carvalho
💯💯💯👏👏💘💘💘
2022-10-15
1