Naquele ano uma das tendências era o uso de aplicativos de encontros em que ambos os lados precisavam ser curtir para assim ter um combinação perfeita e começarem a conversar.
Marie sempre achou que os aplicativos de encontros de modo geral eram coisas pra pessoas deprimidas e sem amor próprio, e acima de tudo: pessoas abertamente superficiais. Ela estava cansada de ver reportagens e boatos de pessoas que haviam sido enganadas e levadas a fins trágicos nesses apps e não queria se imaginar submetendo a tal, embora a alguns meses atrás nem precisasse.
Brenda como uma boa amiga e júnior que era decidiu insistir que Marie se inscrevesse em um app que estava em alta, o Anonimus.
Esse programa tinha uma peculiaridade, você tinha a opção de não colocar fotos, fazia uma áudio-descrição ou um texto falando do seus interesses e singularidades, ou poderia colocar apenas as fotos sem nenhuma informação adicional, eram opções bem restritas e misteriosas, Marie não gostava nada disso.
Pedro já havia se decidido a pagar sua dívida na aposta mas não imaginava que seus amigos seriam tão sacanas. Esse tal de Anonimus que estava na moda era uma roleta de loucas e ia pra outro nível de sadismo, além de colocar fotos suas não poderia por mais nada, e os amigos optaram por não ver fotos das mulheres, apenas ler suas informações, como ele iria saber com qual doida ele teria o azar de combinar? Não fazia ideia, mas sabia que eles estavam cuidando de tudo e que tinha em torno de 13 mulheres lhe dando corda.
Marie não fazia ideia do que estava acontecendo, só queria saber porque diabos Brenda tinha lhe ligado eufórica às 2 da manhã falando que Marie tinha tirado a sorte grande, uma gato maravilhoso e aparentemente rico tinha dado combinação com ela e que ela precisava dela hoje sem falta pra passar as informações obtidas durante o papo.
Então, estava ela esperando no início da tarde numa cafeteria a sua louquinha aparecer.
- Amigaaaaa, não vou nem te dar esperanças porque não sei se o boy é fake ou não, mas parece ser real então, marquei com ele qualquer coisa só conversar não arranca pedaços, né? Disse Brenda.
- Primeiramente, boa tarde Brenda, tudo bem? Eu dormir bem, obrigada, e você? Não, não tenho nada pra fazer no sábado, então podemos nos encontrar sim, não precisa de cerimônia.
- Ah Marie, você pode ser até uma velha, depressiva e uma solitária eterna, mas meu projeto de vida é te fazer brilhar como você era nas fotos do tempo da Rainha Elizabeth novinha, poxa, eu sei que você só quer viver em paz, mas uma diversão leve é muito bem aceitável, não?
- Por que me ofender, bebê? Eu posso ser mais velha mas não sou uma barata, não precisa ofender. Vai me mostra as fotos desse cara aí pra ver se eu vou na sua ou vou pra casa.
- Não precisa disso, estamos só conversando, ele deve ser meio louco ou muito problemático, mas ele parece ser real, na conversa me passou só o primeiro nome mas quando pedi uma foto numa pose meio louca ele mandou, então confirma minha suspeita de ser uma pessoa real, e pelo tempo de resposta não foi Photoshop.
- Ok. Você perguntou idade, altura, gostos qualquer coisa?
- Você vai tirar as teias de aranha, não pegar currículo, vai encontrá-lo hoje na 15 E 7th St, às 21:00.
- Por que tão tarde? Sou coruja não em...
- Por favor mulher, você tem como dormir amanhã de manhã, vai ser domingo, e lembre-se use proteção, leve o celular e me mande a localização de 10 em 10 minutos, ok?
- Pode me lembrar porque vou fazer isso mesmo? Ainda acho que vou aparecer no noticiário amanhã com o meu corpo numa vala...
Caramba! Pedro só pensava em como ele era idiota, seus amigos não perguntaram nem idade nem nada e ainda marcaram num pub conhecido e caro, velho se fosse pra gastar ele poderia pegar uma das modelos ou mulheres que encontra no bar, ele não sabe nada da garota, só que ela vai reconhece-lo.
Ter que vir de camisa vermelha foi o golpe, mas ia engolir essa, ele ficava bem em qualquer roupa mesmo.
No horário marcado Pedro entregou suas chaves ao frentista e foi pra sua mesa, pelo menos ele agora sabia, depois de protestos que ela estaria de cabelo em coque e uma casaco vermelho. Só torcia pra não ser uma velha, não que não gostasse de coroas, mas uma mulher que se descrevia como na média não lhe parecia nada bem.
Marie tinha pelo menos o privilégio de escolher a própria roupa, e não iria ir bagunçada, longe disso, mas não iria se arrumar toda pra um estranho, não colocou saltos, mas uma sandália rasteira bem linda que sua mãe dará no ano anterior, um dos seus vestidos largos e longos lhe pareceu confortável, não soltou o cabelo pois era o que havia combinado, uma casaco vermelho e uma maquiagem leve, pronto, estava produzida e aceitável, não faria ninguém passar vergonha.
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Atualizado até capítulo 68
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