Loucas, Malucas e Complicadas

Otávio tinha acabado de sair correndo com seu carro para a casa de Sofia, nem se lembrou que eu tinha vindo de carona com ele e me deixou aqui, parado de frente a boate. Pelo que tinha entendido depois dele ter atendido o celular, foi que sua noiva estava com algum problema com a festa de noivado e estava muito louca para saber a onde o loiro tinha ido a essa hora da noite. Acho que deve ser algo bem grave, já que não falta muito para o noivado dos dois, mas o que me interessava mesmo era saber o que ele iria dizer a Sofia . Com certeza não a verdade.

Fiquei observando a boate, enquanto esperava Angela. E as poucos vir a fila das apostas desaparecendo e alguns clientes indo embora aos montes, e pela cara deles não estavam nada contentes. Aposto que a essa altura o proprietário do lugar já deveria está arrependido de ter aceitado minha proposta. Era um saco que agora a boate tinha sofrido um declínio, mas era ótimo saber que meu plano estava indo conforme o planejado.

Fiquei aguardado por mais alguns minutos, até que finalmente vi Angela vindo em minha direção, toda contente e dizendo adeus a boate. Realmente dizendo com todas as palavras.

— E então, onde está o loirinho?.— questionou colocando sua jaqueta jeans e olhando para os lados.

— Ele teve que ir resolver um problema. Tem um táxi nos esperando, precisamos combinar algumas coisas antes de ir por meu apartamento.

— Tudo bem, eu não moro muito longe daqui, então podemos ir lá.

Eu acho que dei uma viajada. Ela estava me chamando para ir na casa dela, a mais de 00h da noite?! Isso me parecia muito problemático.

— Eu não acho uma boa ideia.— coloquei minhas mãos no bolso da calça, tentando esconder o quanto isso tinha me pegado de surpresa.

Desde quando eu tinha me tornado alguém que fica nervoso pelo convite de uma mulher e que recusar o convite dessa mulher? Por favor né Victor!! Você não é de se deixar abater por qualquer mulher.

— E porque não? Não teve ter nada aberto essa hora, além de bares. E não acho que seja o lugar para conversar. Para de ser chato!

Ela pegou no meu braço e me arrastou até o táxi que tinha pedido. Eu acho que ela não era o tipo de mulher que aceita um não como resposta, diria mais que gosta de está no comando. O que significa que era uma garota problema e que não era bem o tipo de pessoa que estava procurando para me relacionar.

O caminho até a casa dela foi totalmente em silêncio e enquanto não chegávamos ficava mexendo na tapa do meu isqueiro. Meu velho hábito. Quando o táxi parou, quase tive um ataque, era uma rua completamente escura, sem nenhuma alma viva na mesma, fora que as casas ao redor pareciam que podiam cair a qualquer momento. Estava me sentindo em um possível local de assassinato. E acho que o táxi concordava comigo, já que não quis me esperar e apenas pegou seu pagamento e foi embora o mais rápido que pode.

Que saco!

— Não se preocupe, tenho um amigo taxista, é apenas eu ligar e ele vem correndo.— ela me tranquilizou, ao me ver olhar a rua sem vida humana.

— Vou agradecer por isso.

Tínhamos parado em frente a um prédio que pelo estado já deveria ter sido demolido a muito tempo. Quando aceitei vim com ela ou melhor forçado a vim, pensei que ela morasse em uma casa ou apartamento, mas quando entrei com ela no prédio. Descobri que o prédio na verdade era uma pressão e que Angela pagava por um quatro no segundo andar.

Assim que ela abriu a porta do quatro, que nem de chaves precisava, já que a porta nem tinha tranca. Era impossível não olhar para tudo aquilo meio assustado.

O quatro mal conseguia caber três pessoas juntas sem se tocar. Havia um pequeno banheiro ao lado da cama, sem porta. Um guarda-roupa de duas portas, que parecia está sendo devorado pelos cupins. As paredes estavam com algumas infiltrações, fora a que parecia ter sido pintada a séculos.

— Me desculpa o estado do lugar, mas é o que tenho a oferecer.— com certeza ela já tinha percebido meu estado.

— Não tem problema.— Me sentei na cama e ela me seguiu.— Podemos começar agora?

— Claro, vamos as regras...

— Como assim?! Pensei que você tivesse apenas uma condição.

Eu sabia que estava tudo indo fácil demais, aquela condição estava muito boa para ser verdade. Mas sempre que tinha que ter algo para complicar tudo. Essa era parte onde eu me dava muito mal.

— Sim, mas agora vamos às regras.— ela se ajeitou em cima da cama, cruzando as pernas e pegando um papel da mesinha de cabeceira.— Vou escrever elas nesse papel e você me diz se concorda.

E assim ela fez e não demorou menos de 5 minutos para que me entregasse.

O peguei um pouco hesitante e comecei a ler:

Nada de namorar, ficar ou beijar outra garota durante o namoro. Não é namoro por amor, mas ainda é namoro.

Nada de beijos desnecessários.

A parte A (ele) terá que se responsabilizar em levar a parte B (ela) ao um encontro, uma vez na semana.

Ninguém pode saber do antigo trabalho da parte B.

Depois do fim de 2 meses, não existirá mais "nós". O relacionamento estará oficialmente terminado.

Não me parecia nada mal, principalmente a última condição. Mas a dois e a três primeiras me deixaram um pouco incomodado. Não tinha nenhum problema de ficar sem me envolver com nenhuma mulher, era exatamente isso que eu queria evitar. Mas as outras...

— Eu não conc...

— Ótimo que você concorda comigo.— ela me interrompeu de propósito.— Você tem algo a acrescentar?!

Se ela não ia deixar eu dialogar com ela, então não havia necessidade de me perguntar o que eu achava. Mulheres são complicadas.

— Que saco!.— coloquei meus abraços trás da cabeça, relaxando.— Eu só tenho uma coisa. Que você vá morar comigo.

— O quê?!!.— ela soltou um grito, que quase me fez cair da cama.— Isso é uma loucura! o que você acha que vão pensar, quando a gente mal começa a namorar e já vamos morar juntos?!

— Na verdade, faz 1 mês que disse a minha mãe que estou namorando, mas como nunca apareci com ninguém, ela não acreditou. Logo, para ela, já estamos namorando a 1 mês.

Parece que não tinha mentido em vão. Isso acabou virando ao meu favor de qualquer jeito no fim das contas.

Não poderia deixar Angela continuar morando nesse lugar. Se minha mãe perguntasse a onde ela morava com certeza iria querer visita-la e isso só geraria mais problemas. Mas se ela viesse morar comigo, ela poderia dizer que vendeu seu apartamento ou dar qualquer desculpa para dona Elisa que ela acreditaria. Só o fato de Angela aparecer como minha namorada, já vai a deixar tão alforreca que nem vai pensar em mais nada.

— Eu aceito isso, mas teremos que dormir em quatros separados. Não quero ter nenhuma surpresa durante a noite.— esperar, ela estava tentando dizer que eu poderia tentar algo contra ela?!

— Não vejo nenhum problema.— Suspirei, me deitando na cama despreocupado.— amanhã mesmo você pode mudar para meu apartamento.

Sentir ela levantando da cama, mas não prestei atenção no que iria fazer, meus olhos já estavam fechados. Estava completamente exausto. Essa noite tinha sido estressante e cheia de surpresas e pareciam que não tinham parado ainda.

Sentir minha cabeça e meu corpo sendo espancados por alguma coisa e no mesmo instante levantei.

— Agora fora!!! Já chamei o táxi e ele está lá fora!!.— Angela estava me batendo com um travesseiro.

— Mas o que você está fazendo?!

— Essa não é hora de um homem está no quatro de uma mulher!!!

Como assim?!! Não tinha sido ela a me arrastar até aqui?!!

Mulheres com bipolaridade estavam em outro nível...

Sem poder contestar, ela me arrastou até a porta e sem dizer mais nada, me jogou do lado de fora e bateu a porta na minha cara. Nunca tinha sido enxotado antes da casa de uma mulher, na verdade acontecia mais o contrário disso. Eu realmente não entendia as mulheres, são todas loucas, malucas e complicadas.

— Que mulher mais problemática...

E fui sussurrando essas palavras para mim mesmo durante todo o caminho até meu apartamento e a superfície da minha cama.

Agora eu estava oficialmente namorado. E com uma garota totalmente fora do padrão do que eu aceitaria para ser minha namorada, vai entender.

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