Carmen e Dalila estavam arrumando os quartos.
— Como eu te disse no verão passado, o General Herbert estava louco de amores por mim. Agora, nem quer saber de mim, está de olho na oferecida da Lina — comenta Dalila, indignada.
— Ela não percebe que é só uma diversão nas mãos dele, ou então finge que não vê — responde Carmen, pensativa.
Dalila, então, tem uma ideia para infernizar a vida de Lina.
— Que tal você colocar seus sentimentos em uma carta?
— Como assim? Eu não sei escrever, e não vejo como isso pode ajudar — responde Dalila, intrigada.
— Podemos pedir que alguém escreva. Uma carta de amor expressando seus sentimentos. O General vai ficar comovido.
Dalila aceita a ideia, e as duas vão procurar Ana, que estava na cozinha.
— Vocês querem que eu escreva uma carta? — Ana fica surpresa.
As pessoas que tinham condições de pagar os estudos, ou que treinavam para o exército, recebiam instrução. Quando criança, o Padre Luiz percebeu o interesse de Ana em aprender, ao vê-la curiosa com um livro na mão.
— Quando o padre me viu com o livro que ele usava para ensinar, perguntou o que eu queria. Eu disse que queria saber qual era a sensação de colocar em papel aquilo que se fala. Ele disse que estava admirado comigo e que iria me ensinar a ler e escrever — relembra Ana. — O que vocês querem que eu escreva?
— Os sentimentos de Dalila para o General Herbert! — responde Carmen, animada.
Ana pede papel e lápis a Alceu, que os usava para fazer listas, e as três se sentam em volta da mesa.
— Bom, me diga como se sente — pede Ana.
Dalila começa a falar sobre seus desejos, sobre como o General era um homem viril e de como ela foi feliz em seus braços. Ana acha aquilo tudo muito vulgar e suaviza as palavras.
“General Herbert, sinto em meu peito o calor do amor. Fico ansiando pela sua presença e sofro ao pensar que possa rejeitar o carinho que lhe dedico. Espero que meus sentimentos sejam compreendidos por esta carta e que você sinta a felicidade que só uma mulher apaixonada pode lhe oferecer.”
Ana lê a carta em voz alta, e todas ficam admiradas.
— Que ótimo trabalho! Estou emocionada! — diz Dalila, com os olhos cheios de lágrimas.
— Fico feliz em ajudar — responde Ana, com um sorriso no rosto.
— A melhor oportunidade para entregar essa carta será no espetáculo do circo, já que todos costumam ir — sugere Carmen.
À noite, as ruas estavam animadas, com música alegre, luzes coloridas, e alguns artistas se apresentavam, chamando a atenção para o espetáculo que estava prestes a começar.
Dandara, Zélia e Selena caminhavam juntas, com Ana e Lina logo atrás. Elas compram as entradas e entram.
— O que mais me impressiona é o espetáculo do mágico. Como ele consegue? Parece até magia de verdade — diz Lina, com os olhos brilhando.
— É só um truque. Eu gosto mais dos acrobatas, que ficam saltando e se segurando no ar — argumenta Selena.
— Eu gosto mesmo é dos palhaços — diz Dandara.
Depois, Ana compra duas maçãs e dá uma a Lina.
— Obrigada! Que bom que você tem dinheiro sobrando — diz Lina, agradecida.
De repente, Lina avista o General Herbert junto com outros soldados um pouco mais à frente e se esconde atrás de Ana.
— Por que tanto medo? Ele não parou de te incomodar? — pergunta Ana.
— Depois do que você disse, sim, mas, por via das dúvidas...
— Entendo... Mas acho que isso vai mudar — comenta Ana ao ver Carmen e Dalila se aproximando.
— Boa noite — cumprimenta Carmen.
Lina se recompõe, mas as outras olham feio.
— O General está logo ali. Você vai entregar a carta, Carmen? — pergunta Dalila, ansiosa.
— Sim — responde Carmen, já se aproximando do General.
— Agora as coisas serão diferentes! — comenta Dalila ao ver Herbert lendo a carta.
Os soldados ao redor ficam empolgados.
— General, posso ler a carta depois? — pergunta um deles.
— Não, isso é assunto meu — responde o General, pensando. "Que caligrafia bonita, e que lindas palavras." — Quem escreveu essa carta?
Carmen aponta para Lina, e os olhos do General se iluminam.
— Ana, o que está acontecendo? — pergunta Lina, confusa.
— É que o General Herbert está lendo a carta que escrevi para ajudar Dalila.
— E parece que funcionou! Ele está vindo até aqui — diz Dalila, ajeitando o cabelo.
— Oi, meu amor! — diz Dalila ao General, que a ignora e pega nas mãos de Lina.
— Lina, sou todo seu para receber o seu carinho.
— O quê? Eu não estou entendendo — diz Lina, balançando a cabeça.
Dalila a empurra, e Lina acaba fugindo com ela indo atrás.
Carmen ri da situação, enquanto Herbert, sentindo-se envergonhado, fica com raiva.
— O que foi isso tudo que acabou de acontecer? — pergunta o General, entre os dentes.
— Meu Deus, ele está furioso — pensa Ana, assustada, tentando sair de fininho.
O General percebe e a chama.
— Eu me lembro de você, a serva que me respondeu outro dia...
Ana se ajoelha.
— Meu senhor, peço perdão pela atitude de minhas companheiras. Dalila está com ciúmes de sua afeição por Lina, pois morre de amores em seu coração e não consegue agir com razão. Lina é só uma menina assustada e muito inocente, que não sabe como se comportar diante de sua excelência. Por favor, não fique com raiva de minhas colegas.
Os outros soldados se aproximam.
— Senhor, essa serva o ofendeu. Podemos lhe dar um castigo? — sugerem.
Essas palavras fazem o General sentir um aperto no peito.
— Não... Ela não tem nada a ver com isso. Saia logo daqui — ordena ele, dando as costas.
Ana se levanta.
— Obrigada — diz, já se retirando e indo atrás de sua avó.
— Será que a Dalila conseguiu pegar Lina? — pensa Carmen, comemorando. — E a chata da Ana que quase foi castigada, que sorte ela teve.
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Atualizado até capítulo 79
Comments
Diovana Araujo
que confusão doida 🫢
2024-10-30
1
Cleusa Arlete Morais Caldeirão Caldeirão
Aiii meu Deus que confusão.
2023-06-21
5
Ana Cristina
Estou adorando 😍😍
2023-05-03
5