— Você casando? – Relinchou ele
— Sim, tu não acreditas que eu possa casar?
Ele soltou um relincho e pateou o chão em concordância
— Ventania!
Ele relinchou como se estivesse rindo. Passei a mão no rosto e ele me cutucou com o focinho, no que eu olhei, ele fez sinal com a cabeça em direção ao lombo, me convidando para montar nele. Montei e nós seguimos num trote manso, até que o Preto falou.
— E eu?
Eu ri e falei
— Vou pegar a Luna pra ti.
Eu e o Ventania seguimos para onde a Luna normalmente fica, em conjunto com outras éguas. O Ventania relinchou e a Luna relinchou em resposta e começou a se aproximar lentamente.
— Te anima a montar a pelo?
— Posso tentar.
— Como assim “posso tentar”? Tu não é gaúcho? Gaúcho que se preze monta a pelo.
Ele deu de ombros, senti o Ventania se preparando para relinchar em tom de risada, bati com o pé na lateral do corpo dele e ele mexeu a orelha em tom de reclamação. Fomos para o galpão onde ficava os arreios e eu falei sem descer do Ventania
— As coisas dela são aquelas do canto.
— Cada um tem a sua?
— Aham, sabe fazer ou até isso o "gaúcho" não sabe?
Ele sorriu, e começou a encilhar a Luna. Passamos uns bons dias no haras, deu pra se divertir e se amar um pouco. Voltamos para São Paulo e de volta a rotina entediante da cidade grande, eu não via hora de ir morar no haras. Eu secava o cabelo quando tive uma ideia, liguei para a Polaca e contei pra ela que iria até o apartamento dela.
M: Oi Preta!
L: Oi! Tu tá em casa?
M: Sim.
L: Só vou terminar de secar o cabelo e vou aí
M: Vem eu to entrando no banho, mas você é de casa.
L: Já já to aí.
M: Ok!
Terminei de secar o meu cabelo e peguei as chaves do apartamento da Polaca, na saída parei diante do espelho e acariciando a minha barriga falei.
— Meus amores, meus guris, prometo sempre fazer o melhor por vocês.
Cheguei ao apartamento da Polaca e segui direto para o banheiro, onde a encontrei
depilando as pernas.
— Faxina.
Ela riu
— E aí como estão as coisas?
— Bem, os bebês estão bem, pilhados igual a mãe deles, mas bem.
Ela deu um sorriso aliviado, começamos a conversar e rir enquanto ela tomava banho.
— Você tá diferente. — Disse ela enrolando o cabelo com a toalha.
— Eu diferente? Justifique a sua resposta.
Ela riu
— Sei lá, eu vejo nos seus olhos que aquela Leandra bagunceira que adorava sair, curtir se acalmou, tem uma nova Leandra aí, uma Leandra que eu não conhecia.
— Eu vou ser mãe né? Não dá pra ser do jeito que eu era sendo mãe.
— Ih já tá falando no passado.
Eu sorri sem jeito, ela começou a se vesti enquanto íamos conversando, até que a
campainha tocou, ela terminou de ajeitar a roupa e nós seguimos até a porta.
— Deve ser o Preto.
— Por acaso ele sabe que você tá aqui?
— Nope. – Falei mexendo a cabeça em negação.
Ela passou a mão no cabelo e olhou pelo olho mágico
— É ele. — disse ela
— Deixa eu me esconder.
— Não faz isso. — Disse ela numa voz suplica
— Já to fazendo
Do quarto onde eu estava pude ouvir o Preto perguntando por mim já com um ar de preocupação na voz.
— A Preta tá aqui?
— Calma Gui.
— A Preta tá aqui? Eu sai e ela tava em casa e voltei ela não tava, e o elevador não tava trancado, o celular dela tava em cima da mesinha de cabeceira
Eu senti a preocupação dele aumentar e senti um nó na garganta, o que me fez resolver aparecer pra ele.
— Aqui meu Preto.
— Preta, eu cheguei e não te encontrei, vi o teu celular na cama, mas tu não tava, fiquei preocupado, pensei que o...
Ele perdeu a fala
— Desculpa, não quis te deixar preocupado.
Comecei a fazer carinho nele e ele deu um sorriso tímido.
— Não faz mais isso.
— Não vou fazer mais.
Ele me deu um selinho demorado e depois disso eu falei
— Se eu sair e o meu celular ficar em casa é porque eu tô aqui azucrinando as ideias da Polaca.
Ele me encarou com a sobrancelha erguida.
— É Gui, nós estamos sempre juntas.
Ele deu um suspiro aliviado. Nós três ficamos conversando e rindo por um bom tempo.
***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***
Atualizado até capítulo 37
Comments