Capítulo 03

Narração: Leandra

— Acho bom.

Fiquei olhando para ele com o canto do olho como se estivesse brava e ele caiu na gargalhada.

— Já disse que tu ficas linda quando tá com essa cara?

Eu não contive o riso e falei

— Não, tu não disseste isso ainda.

— Pois é tu ficas linda com cara de brava.

— E eu digo o mesmo de ti.

Ele olhou pela janela do passageiro e eu pude ver pela penumbra, que o rosto dele havia ficado levemente rosado. Sorrindo balancei a cabeça e liguei o rádio, logo a música Country Boy tomou os auto falantes. Ele deu um pulo e ficou me olhando.

— Que foi? — perguntei

— Country?

— Porque não?

— Sei lá, tu tá sempre pilchada, imaginei que iria sair uma gauchesca.

— Tem de tudo, menos funk, funk só rola quando eu tô bêbada.

Ele riu.

— Que foi? Não tem porra nenhuma naquela merda de música, se é que podemos chamar aquilo de música.

Ele me encarou com a sobrancelha erguida, paramos numa lanchonete e eu peguei água quente e erva mate.

— Lanchonete de beira de estrada me lembra o nosso primeiro encontro. — Disse ele

— Encontro em que eu fiquei furiosa contigo por acabar com o meu almoço.

Ele riu alto. Após descansarmos um pouco seguimos de volta para a estrada, ele ia cevando o mate, enquanto íamos conversando e rindo, e claro trocando algumas carícias, é praticamente impossível, para não dizer impossível, de não ficar acariciando a perna dele e a sua nuca enquanto eu ia dirigindo. Pelo canto do olho pude ver ele sorrir enquanto cevava mais um chimarrão, dei uma apertadinha na coxa dele antes de trocar a marcha.

Narração: Guilherme

Entre uma entrega de mate e outra nós íamos rindo, eu olhei para ela e ela olhava pelo pára-brisa, e sorrindo, preciso dizer que me apaixonei de novo?  A Preta é do tipo de mulher que não leva absolutamente nenhum desaforo para casa, nem ao menos me deixa dirigir a desgraça do carro dela! Sabe aquela mulher autossuficiente? Essa é a Leandra, mas é justamente isso que nos faz gostar dela, ou como no meu caso, se apaixonar por ela e querer casar.  Chegamos ao haras e o Ventania veio troteando, até nós, a Preta desceu  do carro e começou a conversar com ele, ela abriu a porteira e entrou, ele se aproximou dela, e lhe deu uma espécie de abraço, ele envolveu a cintura dela com a pata dianteira e ela abraçou o pescoço dele.  Eles ficaram assim por alguns minutos até que ela voltou para o carro e sentando no banco do carona pôs o braço para fora, com o carro em movimento o Ventania ia nos acompanhando ao lado do carro,  ela chegou a andar com o carro em velocidade reduzida para ele poder acompanhar o carro com tranquilidade.  Esse cavalo parecia um cachorro, mas, na verdade, eu seria até capaz de dizer que por pouco ele não nasceu humano.

Narração: Leandra

Estacionei o carro na frente da casa e desci, com o Ventania ao meu lado.

— Tem algo diferente no ar — Relinchou ele

— Tem muita coisa diferente meu guri.

Ele mexeu as orelhas tentando captar algo.

— Eu estou grávida.

Ele soltou um relincho de desconfiança e se aproximou lentamente de mim.

— Tá vindo mais dois guris para eu amar igual a ti.

Ele encostou o focinho na minha barriga e fez carinho. Eu dei um sorriso, e falei.

— Tá vendo aquele cara ali?

— O que tem ele? — Relinchou ele intrigado

— Eu e ele vamos casar.

— Casar? — Relinchou ele incrédulo

— Aham, por quê? — Falei colocando as mãos na cintura

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