Narração: Leandra
— Acho bom.
Fiquei olhando para ele com o canto do olho como se estivesse brava e ele caiu na gargalhada.
— Já disse que tu ficas linda quando tá com essa cara?
Eu não contive o riso e falei
— Não, tu não disseste isso ainda.
— Pois é tu ficas linda com cara de brava.
— E eu digo o mesmo de ti.
Ele olhou pela janela do passageiro e eu pude ver pela penumbra, que o rosto dele havia ficado levemente rosado. Sorrindo balancei a cabeça e liguei o rádio, logo a música Country Boy tomou os auto falantes. Ele deu um pulo e ficou me olhando.
— Que foi? — perguntei
— Country?
— Porque não?
— Sei lá, tu tá sempre pilchada, imaginei que iria sair uma gauchesca.
— Tem de tudo, menos funk, funk só rola quando eu tô bêbada.
Ele riu.
— Que foi? Não tem porra nenhuma naquela merda de música, se é que podemos chamar aquilo de música.
Ele me encarou com a sobrancelha erguida, paramos numa lanchonete e eu peguei água quente e erva mate.
— Lanchonete de beira de estrada me lembra o nosso primeiro encontro. — Disse ele
— Encontro em que eu fiquei furiosa contigo por acabar com o meu almoço.
Ele riu alto. Após descansarmos um pouco seguimos de volta para a estrada, ele ia cevando o mate, enquanto íamos conversando e rindo, e claro trocando algumas carícias, é praticamente impossível, para não dizer impossível, de não ficar acariciando a perna dele e a sua nuca enquanto eu ia dirigindo. Pelo canto do olho pude ver ele sorrir enquanto cevava mais um chimarrão, dei uma apertadinha na coxa dele antes de trocar a marcha.
Narração: Guilherme
Entre uma entrega de mate e outra nós íamos rindo, eu olhei para ela e ela olhava pelo pára-brisa, e sorrindo, preciso dizer que me apaixonei de novo? A Preta é do tipo de mulher que não leva absolutamente nenhum desaforo para casa, nem ao menos me deixa dirigir a desgraça do carro dela! Sabe aquela mulher autossuficiente? Essa é a Leandra, mas é justamente isso que nos faz gostar dela, ou como no meu caso, se apaixonar por ela e querer casar. Chegamos ao haras e o Ventania veio troteando, até nós, a Preta desceu do carro e começou a conversar com ele, ela abriu a porteira e entrou, ele se aproximou dela, e lhe deu uma espécie de abraço, ele envolveu a cintura dela com a pata dianteira e ela abraçou o pescoço dele. Eles ficaram assim por alguns minutos até que ela voltou para o carro e sentando no banco do carona pôs o braço para fora, com o carro em movimento o Ventania ia nos acompanhando ao lado do carro, ela chegou a andar com o carro em velocidade reduzida para ele poder acompanhar o carro com tranquilidade. Esse cavalo parecia um cachorro, mas, na verdade, eu seria até capaz de dizer que por pouco ele não nasceu humano.
Narração: Leandra
Estacionei o carro na frente da casa e desci, com o Ventania ao meu lado.
— Tem algo diferente no ar — Relinchou ele
— Tem muita coisa diferente meu guri.
Ele mexeu as orelhas tentando captar algo.
— Eu estou grávida.
Ele soltou um relincho de desconfiança e se aproximou lentamente de mim.
— Tá vindo mais dois guris para eu amar igual a ti.
Ele encostou o focinho na minha barriga e fez carinho. Eu dei um sorriso, e falei.
— Tá vendo aquele cara ali?
— O que tem ele? — Relinchou ele intrigado
— Eu e ele vamos casar.
— Casar? — Relinchou ele incrédulo
— Aham, por quê? — Falei colocando as mãos na cintura
***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***
Atualizado até capítulo 37
Comments