Love Me Harder

Love Me Harder

The Pain Makes Me Sane

Capítulo 1

Nada na vida de Sasuke era como ele desejara.

Aos vinte anos, quem olhasse podia achar que o rapaz tinha tudo o que alguém tão jovem pudesse sonhar.

Afinal ele era parte de uma família importante e influente, estudava em uma das melhores faculdades do Japão, possuía uma beleza invejável e de tirar o fôlego de qualquer um, além de claro, tudo o que o dinheiro podia comprar.

Era simplesmente perfeito.

Mas mesmo com tudo isso, Sasuke estava muito longe de ser feliz.

E estava a cada dia mais cansado de representar aquele papel exigido ao se carregar o sobrenome Uchiha.

Não que tivesse sido assim sempre.

Apesar de toda frieza que o moreno parecia carregar nos olhos, houve um tempo em que ele nada mais era do que uma criança doce e muito carinhosa.

Sua mãe e seu irmão mais velho o enchiam de amor e carinho. E como toda criança cheia de amor, ele era feliz e sorridente.

Apenas seu pai não era muito de demonstrar afeto, mas sua mãe dizia que Fugaku também o amava muito.

Até que no dia do seu aniversário de sete anos, após sua mãe buscá-lo na escola e prometer comprar um delicioso bolo, eles sofreram um acidente de carro.

Mikoto morreu na hora, mas Sasuke sobreviveu com apenas um braço quebrado.

Desde então tudo mudou.

Tinha passado a ter mais contato com o seu pai, mas ao contrário do que imaginou, Fugaku nunca havia dado nem mesmo a mais remota demonstração de carinho.

O homem, parecendo sentir em muito a perda da esposa, tinha passado a exigir demais de Sasuke, reclamando sobre ele ser um garoto fraco e que nunca seria brilhante como seu irmão mais velho, Itachi.

Dizia que Sasuke iria acabar sendo a vergonha para os Uchiha com aquele jeito sensível e frágil. Além do mais, quando estava realmente irritado, fazia questão de jogar na cara do garoto que preferia que sua esposa tivesse sobrevivido ao invés dele.

O garotinho chorava quase todas as noites, mas conforme foi crescendo foi aprendendo a se portar como era esperado de um Uchiha: sempre o melhor da turma, de uma frieza glacial, nunca deixando seus sentimentos atingirem a superfície para os outros, nunca demonstrando fraqueza.

Mesmo assim nada disso parecia ser o suficiente para seu pai.

Fugaku ainda conseguia enxergar seu eu verdadeiro: frágil, carente, submisso.

Aguentava tudo calado e sempre tentando fazer as vontades do seu pai.

Mas quando se trancava em seu quarto, pegava a pequena navalha escondida entre suas roupas em uma gaveta e fazia a única coisa que por alguns segundos mandava todos aqueles sentimentos ruins para longe.

A lâmina deslizava devagar por sua pele branquinha e ele quase sorria satisfeito quando o sangue brotava, maculando-o.

Como amava a sensação... a dor causada pelos cortes em seus braços.

Era sua única salvação ou era o que pensava.

Até o dia que ele surgiu em sua vida.

 

-

 

Sasuke terminou de arrumar sua camisa e checou rapidamente seu reflexo no espelho do banheiro. Estava perfeito, como sempre. A roupa sem nenhum amassado e a manga longa da camisa social escondendo os cortes em seus braços.

Suspirou e se apressou. Seu pai detestava que se atrasasse para o jantar. Ainda mais hoje que receberiam uma visita importante.

Desceu as escadas da mansão em que morava e foi para a sala, como sabia que seu pai queria que fizesse.

Quando conseguiu ser aprovado na faculdade, Sasuke achou que finalmente poderia sair dali. Iria morar no campus, assim como Itachi havia feito quando ingressara na Toudai. Mas seu pai não tinha permitido isso.

Fugaku o detestava, mas queria Sasuke constantemente por perto só para esfregar isso em sua cara todos os dias. Ele nunca deixaria o filho mais novo ir assim tão facilmente.

Assim que chegou na sala viu seu pai conversando com um homem alto e loiro. Devia ser o tal empresário que faria negócios com as empresas Uchiha, do qual Fugaku tanto falara durante os últimos dias.

- Ah, Sasuke, finalmente você desceu. – Seu pai reclamou, naquele tom frio e olhar severo. – Minato, esse é meu filho mais novo, Sasuke.

Sasuke viu o homem loiro se virar para cumprimentá-lo com um gentil sorriso. Ele o cumprimentou acenando educadamente com a cabeça e viu o outro homem alargar ainda mais o sorriso.

- Namikaze Minato. – O loiro se apresentou. -  Soube que você estuda na mesma faculdade que meu filho, Sasuke-kun. – Disse, parecendo contente com aquela coincidência. – Você é o melhor da turma de Administração, não é mesmo?

O Uchiha mais novo apenas concordou, não esboçando reação alguma. Já estava cansado dos amigos do seu pai o bajulando.

- Deixe-me apresentá-lo ao meu filho Naruto... Ele está na biblioteca do seu pai junto com a minha esposa. Kushina adora livros. – Pegando Sasuke completamente de surpresar, Minato o segurou pelo braço, levando-o até onde ficava a biblioteca como se conhecesse bem a casa.

Sasuke estranhou aquilo e lançou um olhar rápido ao seu pai, achando que o mais velho se incomodaria com toda aquela intimidade e invasão, mas o homem sequer ligara, concentrado em acender um charuto.

Eles entraram na biblioteca e o moreno por muito pouco não paralisou ao se deparar com aqueles imensos olhos azuis mais adiante. Achou até que tinha parado de respirar brevemente, mas nem por isso deixou de sustentar aquele seu semblante distante e um pouco esnobe.

- Veja, Naruto... Esse é Sasuke, ele também estuda na mesma faculdade que você. – Minato disse, empolgado, só então soltando o moreno.

- Eu sei, otou-san... – O rapaz chamado Naruto se pronunciou sem disfarçar o pouco caso em seu tom de voz. – O melhor da turma, o perfeito Uchiha Sasuke... – Comentou com certo deboche e um sorriso de lado.

- Naruto... – Minato parecia que iria repreendê-lo, mas sua mulher interferiu.

- Deixe que os garotos se entendam, Minato. – Ela disse, se aproximando do homem ao lado de Sasuke e sorrindo para o rapaz moreno. – Vamos lá conversar com Fugaku-san sobre o contrato. – Falou, já puxando o marido para fora da biblioteca.

Minato ainda tentou interferir, mas acabou se deixando levar por Kushina, achando que a sós os dois poderiam conversar melhor e se tornarem bons amigos. Quem sabe assim, Sasuke sendo o garoto responsável que era, colocaria um pouco mais de juízo naquela cabeça teimosa e temperamental do seu filho.

Quando notou que estavam a sós, o Uchiha olhou para aquele loiro com certo desprezo. De fato, muitos na faculdade pareciam odiá-lo, já que o Uchiha não se misturava com absolutamente ninguém e mesmo assim era o mais brilhante do curso. Naruto deveria ser mais um daqueles idiotas perdedores que sentiam inveja dele.

- Se soubesse que era com a sua família que meu pai iria fechar negócio, nem tinha vindo aqui. – O loiro comentou, largando um livro qualquer em cima de uma mesinha. – Aposto que nem lembra de mim.

- Por que lembraria de um perdedor como você? – Sasuke falou pela primeira vez, seus olhos escuros perfurando os azuis de Naruto.

Mesmo assim, o ataque veio tão rápido, que quando deu por si estava sendo pressionado contra a parede violentamente por aquele loiro truculento.

Acontece que Naruto era do time de polo aquático da faculdade e tinha um porte físico bem desenvolvido, ao contrário de Sasuke, que ainda que não fosse fraco, tinha um corpo mais esguio.

- Do que você me chamou, seu maldito?

- Per-de-dor. – Sasuke repetiu lentamente, sem medo algum daquela intimidação.

- Sempre soube que você era esse merdinha metido e esnobe... – Disse com desprezo, uma das mãos apertando com força o braço do Uchiha, um pouco acima do pulso. – Você se acha melhor do que todo mundo, não é?

- Melhor do que você com certeza eu sou. – Ele respondeu, sem saber por que estava provocando o outro. Normalmente não dava a mínima para aquele tipo de coisa, mas para falar a verdade estava até gostando de sentir aquele corpo pressionado ao seu.

Só que sua fala irritou ainda mais o rapaz loiro, que sem medir a força, apertou mais o braço de Sasuke.

O moreno até que estava aguentando bem antes disso, mas de um jeito estranho, a dor e a pressão do corpo de Naruto contra o seu, estava o deixando mais empolgado do que deveria e ao notar isso, Sasuke tentou se afastar, irritado.

O que não adiantou muito, porque Naruto acabou o pressionando mais contra a parede, fazendo as costas do Uchiha baterem com força ali.

- Já quer chamar pelo papaizinho, é, seu bastardo? – Naruto perguntou, quase rindo enquanto Sasuke tentava afastá-lo.

- Me solta, seu imbecil! – Ordenou, mas quando o loiro pressionou o tórax contra o seu com força, se impondo, Sasuke acabou baixando a cabeça e mordendo o lábio. Aquilo não ia prestar, pensou, ao notar seu corpo reagindo a Naruto.

Tentou se soltar de forma mais enérgica, mas Naruto o pressionou contra a parede ainda mais e com a fricção percebeu justamente o que Sasuke não queria que ele percebesse.

- Mas o quê...? – Naruto olhou para baixo e se afastou um pouco, confirmando o que havia sentido o cutucar. – Oh, meu Deus você está...

Aproveitando a surpresa do loiro, Sasuke o empurrou e se afastou. No entanto antes que alcançasse a porta, sentiu seu braço ser envolvido por aquela mão firme e forte e foi mais uma vez pressionado contra a parede em uma jogada bruta.

- Quer dizer que o senhor-sou-melhor-que-todos-os-outros, fica excitado ao ser pressionado assim por um homem? – Naruto perguntou, com um sorrisinho malicioso e debochado.

- Me larga! – Sasuke ordenou outra vez, porém sua voz soou baixa e pesada.

Naruto aproximou o rosto e o moreno arfou quando ele manteve a boca a centímetros da sua.

- Tive uma ideia ainda melhor, bastardo... – murmurou, rouco e Sasuke tentou desviar os olhos e empurrá-lo.

Mas quando Naruto pressionou sua boca em um beijo forte e bruto, o moreno parou de lutar contra aquilo e se entregou quase imediatamente.

A verdade é que Sasuke já havia percebido há tempos que, além de se sentir atraído por homens, essa atração só acontecia quando se tratava de homens que conseguiam se impor a ele de algum modo. O que era bem raro de acontecer, já que ele sempre se mantinha por trás daquela máscara fria e sem expressão e nunca deixava ninguém se aproximar muito.

Só que dessa vez não tinha conseguido se controlar e estava na biblioteca da sua casa, beijando aquele troglodita idiota e absurdamente lindo, correndo o risco de ser flagrado por Fugaku.

Sua razão gritava para chutar Naruto bem forte no meio das pernas, mas o que fez foi se entregar ainda mais naquele beijo violento, adorando a mão dele apertando sua cintura e seu braço com força, dominando-o apenas com essa imposição.

Naruto tinha conseguido submetê-lo tão rápido e com apenas um beijo, que chegava a assustar.

Nem mesmo percebeu o gemido baixinho que deixou escapar quando o loiro cessou o ósculo e pressionou o quadril contra o seu, só então abrindo os olhos e se deparando com os olhos azuis o fitando divertido.

- Quem diria, hein? Uchiha Sasuke tão excitado com outro homem, que está quase implorando pra ser fodido. – Naruto disse, zombeteiro, mas diferente do que imaginou, Sasuke não retrucou a provocação. Ao invés disso, abaixo os olhos.

Foi então que percebeu que o corpo do moreno estava um pouco trêmulo e isso fez Naruto se dar conta de que estava passando dos limites. Que apesar de Sasuke ser um idiota, metido e arrogante, não tinha nada que agir daquele jeito com o rapaz moreno.

Naruto então se afastou um pouco, um tanto confuso com aquela sua reação. Foi quando ao soltar o braço de Sasuke, notou a camisa branca e de manga longa manchada de sangue acima do pulso.

- Mas que porra... – Naruto não concluiu a frase, sem saber o que dizer diante daquilo.

O moreno, tão acostumado com a dor, nem mesmo tinha reparado que Naruto tinha feito seus cortes voltarem a sangrar quando ele apertou seu braço. Só percebeu quando escutou o loiro e o viu olhando para seu pulso. Arregalou os olhos e recolheu o braço contra o próprio abdômen, escondendo as machas de sangue.

Naruto viu o Uchiha o olhar assustado, como se tivesse sido pego fazendo algo muito grave e sem dizer nada, apenas com um olhar que beirava a suplica, Sasuke saiu da biblioteca, deixando o outro rapaz sozinho e confuso com o que havia acontecido.

Rapidamente Sasuke subiu para seu quarto, mesmo sabendo que se caso notasse sua ausência, seu pai lhe diria coisas horríveis.

Ele trancou a porta e se livrou da camisa suja rapidamente, enquanto já caminhava até o banheiro. Iria precisar lavar os cortes novamente e colocar bandagens dessa vez.

Mas antes se ajoelhou em frente a privada, quando sentiu a bile subindo por seu esôfago, debruçando-se e vomitando, ainda trêmulo.

Sua vida era mesmo um inferno, pensou, ao se erguer e começar a lavar a boca e o rosto.

Não duvidando nada que se aquele idiota loiro percebesse o que acontecera naquela biblioteca, usaria aquilo contra si.

E então Sasuke sabia que não conseguiria aguentar muito mais tempo.

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Comments

fujoshi

fujoshi

ameia,não sou fã de ler historias em textos aqui no noveltoon,gosto de chat story mis curti essa obra

2024-09-12

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