Capítulo 12

Isadora

-A partir de agora vocês serão Gustavo e Geovana Brandão. Recém casados em lua de mel rumo a Paris. -o cara cujo nome eu desconhecia, e que nos tirara da cidade, entregou nossos novos documentos com os vidros fumês do carro fechados.

Havíamos parado há uns dez minutos no estacionamento de um posto de gasolina qualquer de beira de estrada, assim que cruzamos a fronteira para outro Estado.

-Paris? -questionei franzindo o cenho. -Esse... não me parece ser um destino muito propício para um esconderijo.  -torci os lábios apreensiva, com medo de tê-lo insultado.

Revirando os olhos impacientemente, o rapaz que deveria estar na casa dos trinta e poucos anos, coçou a nuca com força antes de voltar a atenção para mim e responder em tom seco.

-Isso se chama despistar, garota. É claro que vocês dois não irão para Paris comer croassaint e tomar cházinho gelado debaixo da torre Eiffel. Porém, é necessário criar distrações, fazer com que a Tríade perca o rastro do paradeiro de ambos, para que vocês tenham tempo para sumir do mapa de verdade.

-Ah, sim. -concordei com um muxoxo constrangido. -Então para onde é que nós iremos então? -questionei-o cautelosamente.

-Argentina. De lá seguirão para o México e depois entrarão nos Estados Unidos, onde um contato de confiança de Itan irá pega-los no aeroporto e seguir viagem. -ele explicava enquanto nos entregava duas mochilas pretas e grandes, afirmando que ambas continham tudo o que iríamos precisar.

Eu acompanhava tudo com um olhar atento, Maurício se desfazia de nossos celulares e todo tipo de aparelho eletrônico que pudesse ser rastreado, colocando-os em um saco bloqueador de sinal e depositando na mão do homem sentado no banco do motorista.

-E não, não me pergunte o que vai acontecer daí em diante, loirinha. -disse levantando a mão no alto, antes que eu pudesse sequer abrir a boca para perguntar algo. -Minha parte só envolve tira-los do Brasil. A partir daí é com vocês e seja lá quem estiver esperando-os nos Estados Unidos.

-Tudo bem. -Maurício passou a mão nos cabelos. -Que horas sai nosso avião?

-Temos três horas antes da decolagem. Vocês chegarão bem no horário. Não quero marcar bobeira com os dois circulando por aí, onde há muitas câmeras e a possibilidade de alguém reconhece-los.

-Você está certo. -Maurício concordou.

-É claro que estou. Esse é o meu trabalho. -ele retrucou irônico ao girar a chave na ignição e colocar o veículo em movimento levando-nos de volta a estrada.

-O que tem nessas mochilas? -me atrevi a perguntar num rompante de coragem e curiosidade.

-Documentos novos, passagens, dinheiro vivo, roupas, esses tipo de coisas que você já deve ter visto em filmes de ação. -comentou concentrado na pista. -E já sabe, né? Nada de ligações, mensagens, áudios, sinal de fumaça... nada! Você não pode entrar em contato com ninguém além de Gustavo.

-Gustavo? Quem é esse Gustavo? -indaguei confusa.

-O cara bem ao seu lado, Geovana. Esqueceu que Maurício agora é Gustavo e você é Geovana, e que juntos vocês são um casal? Vocês dois tem que ir se acostumando logo com seus novos nomes e suas respectivas histórias se não quiserem cair em contradição e estragar todo o esquema. -ele bufou exasperado. -Ah, e outra coisa, é mais uma dica no caso. Seria muito bom que você mudasse a sua aparência. Dar uma disfarçada, cortar o cabelo, ou sei lá... Ficar um pouco diferente. Iria ajudar bastante.

-Cortar meu cabelo? -fiz um bico contrariado ao segurar as pontas longas dos fios entre meus dedos.

-Não precisa fazer se não quiser, Isa. -Maurício tocou meu cotovelo.

-Na verdade precisa sim. -o rapaz rebateu ignorando o  olhar mal encarado que recebia de Maurício.

-Eu irei cortar sim, já me decidi. Se isso é por uma causa maior, então eu o farei. -respondi desvencilhando-me do toque de sua mão, fingindo não notar seus intimidadores olhos verdes  com uma interrogação no olhar para mim.

Quando minha vida se tornou essa grande confusão e fui forçada a passar mais tempo com Maurício, eu sabia que não seria fácil dividir o mesmo ambiente que ele sem sentir minhas estruturas abalarem, porém, não imaginava o quão difícil seria ignorar os olhares furtivos, os toques descuidados, e o que tudo isso poderia me causar. Ter que lidar com a constante sensação de indecisão apertando no coração, em pensar perder aquilo que nunca foi e nunca será meu, aquilo que meu peito jamais esqueceu, era doloroso demais.

Só poderia ser uma bela de uma ironia da vida, caçoando da minha cara.

-...nada de uso de cartões de crédito, de fotos, ou postagens em redes sociais. -o rapaz estava tagarelando recomendações, porém eu mal escutava. -Estão prestando atenção? -perguntou carrancudo.

-Hum..? Sim, é claro. -meneei a cabeça assentindo.

-Certo. -ele prosseguiu. -Já sabem, não conversem muito ou confiem em estranhos. Nunca se sabe quem está por perto. Vocês dois só podem contar um com o outro a partir de desse momento. Tenham sempre em mente que isso não é uma viagem a passeio. Posso até estar soando chato e repetitivo, mas sei o que estou fazendo. Isso é o que faço da vida desde que o mundo é mundo.

-Compreendo e desde já agradeço o que tem feito pela gente. -me adiantei.

-Não me agradeça, garota. Eu estou fazendo apenas o que sou pago para fazer e, também pagando um favor que devia a Itan. Ele que é o responsável por tudo isso. -gesticulou apontando para as coisas ao nosso redor.

-Você acha que não fomos vistos saindo da cidade? -Maurício perguntou mudando de assunto.

-Aposto que após a segunda troca de carro, aquelas aves de rapina se perderam um pouco. Mas nunca se pode garantir com cem por cento de certeza, e é por isso que sempre se deve estar atento. -disse conferindo o espelho retrovisor pela décima vez. -Estamos a mais ou menos quarenta minutos a uma hora do destino final, ou seja, se tem alguma pergunta ou dúvida que eu possa solucionar, a hora é essa.

-Não vamos ser barrados no aeroporto por portar documentos falsos? -questionei uma das centenas de questões e receios que martelavam em minha mente.

-Não. A documentação é de qualidade, ninguém notará, e também podemos sempre contar com o fato de que o Brasil não é lá essas coisas com segurança e tal.

-E como eu irei passar pelo detector de metais com ... você sabe. -foi a vez de Maurício perguntar.

-Há um cara, Mateus Rodrigues, trabalha na segurança, ele irá passar seu equipamento por outro lugar, camuflado em meio ao material de limpeza da equipe que estiver trabalhando no momento, e que não precisa passar pelos detectores. Já está tudo combinado, eu mesmo falei com ele há poucas horas atrás. -ele garantiu.

-De que equipamento vocês estão falando? -questionei desconfiada, pois não ninguém havia me informado nada sobre algum tipo de equipamento que deveria ser levado.

Se fosse realmente necessário, eu também precisaria de um também, certo? Mesmo que eu não soubesse o que era.

-Nada importante que você precise saber. -disse dando seta para os outros carros e fez a curva para entrar na próxima pista.

-Maurício. -eu o chamei sentindo-me subitamente irritada.

-O que foi?

-Não vai me dizer o que é?

-Não.

-Como é que é? Porque não?

-Ele está certo. Ninguém precisa saber, além de nós dois. -deu de ombros virando-se para a janela e deixando-me perplexa com suas palavras, que um dia foram ditas por outra boca, a minha, mais precisamente falando.

Só que em um contexto totalmente diferente na época.

Por diversas vezes eu havia dito a mesma coisa durante muito tempo "Ninguém precisa saber". Agora vejo o quanto estava errada.

Eu tentava mais me convencer do que a Maurício, quando dizia aquela mesma frase quando estávamos juntos. Era óbvio que no fundo, no fundo, eu queria que todos soubessem o quanto éramos felizes juntos. Viver sobre as sombras nunca bastaria para mim, então, esse foi um dos motivos que me levou a acabar com tudo. Aquela vida não era para mim.

Eu merecia mais. Maurício tinha que me assumir. Então eu lhe dei um ultimato, disse que iria terminar o que tínhamos se ele não contasse para as pessoas. Principalmente para minha família. Eu até tentei não me sentir magoada com o brilho da incerteza que surgiu em seus lindos olhos cor de esmeralda, mas aquilo foi um pequeno golpe em meu coração.

Nós demos um tempo.

Mas ama-lo de longe era tão ruim quanto não tê-lo por perto mesmo que em meio a brigas e mágoas.

Então nós voltamos.

Hoje eu percebo, que minha maior motivação  para ter voltado com Maurício, foi por imaginar ter visto o vislumbre do calor ardente que sentíamos só de nos olharmos.

Aquele que senti no meu primeiro beijo. Com ele.

Eu tinha dezessete anos e havia acabado de entrar na faculdade. Estava no início do meu primeiro período e minha família havia marcado um churrasco para comemorar minha aprovação.

Muitas pessoas haviam comparecido no dia, como parentes mais próximos, vários amigos meus, e alguns ex-colegas da minha antiga turma do ensino médio. A maioria estava se divertindo na piscina, era  tarde de um sabádo, talvez umas duas horas, o sol estava a pino,  incrivelmente quente, porém não mais que a visão que tive ao me deparar com com Maurício sem camisa, com os pés mergulhados na água conversando despreocupadamente com Lucas Prado, o maior gato da época do colégio.

Eu até tive uma quedinha por ele no segundo ano, coisa passageira, que logo ficou esquecida no passado, uma vez que ele nunca daria bola para uma garota como eu, não do jeito que eu gostaria, é claro.  Ele nunca me enxergou com outros olhos, somente como uma boa e velha amiga estudiosa, que o ajudava nas matérias de dependência.  Mas todo esse lance de paixonite reprimida tinha ficado no esquecimento, porque no presente, eu tinha meus olhos voltados para horizontes... digamos que, bem mais superiores.

Contudo, eu não podia negar que ainda havia uma pequena pontinha de  remorso dentro de mim, que me impelia a confronta-lo, esfregando na cara dele que eu poderia ser tão linda e sexy, bem como aquelas garotas idiotas com quem ele saía, ao contrário do que ele pensava. Porque eu sabia que era isso que ele pensava de mim. A garota tagarela e inteligente, porém sem graça.

Talvez tenha sido por isso, movida pelo sentimento de vingança, que observando meu reflexo no espelho, joguei meus cabelos de lado, retoquei o gloss nos lábios, e dando uma voltinha para conferir se meu biquíni estava nos lugares certos, me dirigi em direção onde ambos estavam sentados.

Sorrateiramente aproximei-me por trás de Maurício e deslizei as mãos por suas costas nuas até parar na altura de seu peitoral.

-Olá, rapazes. -sorri de lado quando senti os músculos de Maurício se tencionarem sob meu toque. -Gostando da festa? -perguntei após deixar um beijo demorado em sua face.

-Está ótima, Isa. Obrigado por me convidar. -Lucas disse encarando-me da cabeça a ponta dos pés e deu um gole na latinha de refrigerante que tinha na mão. -A propósito, você está muito linda. Sempre soube que preto cairia muito bem em você. -ele sorriu de lado e puxou meu rosto em sua direção para dar um beijinho de cumprimento.

Um que demorou alguns segundos a mais do que deveria. Mas tudo bem.

-São os seus olhos, querido. -joguei o cabelo sobre os ombros de forma displicente e voltei a abraçar Maurício pelas costa.

Era ótimo estar por cima uma vez na vida.

-Precisa de alguma coisa, querido? -virei-me para Maurício que encarava fixamente a mim com os olhos estreitos.

-Acho que deixei meu celular no seu quarto, pode pega-lo para mim?

-É claro. Divirtam-se. -pisquei para eles e fiz o caminho para o interior de casa.

-Ei, pirralha. Não deveria estar estar lá fora com seus amigos? -Kaile surgiu em minha frente mastigando feito um ruminante, com um prato de comida na mão.

Esse meu irmão era magro de ruim, Deus me livre. Porque o garoto só sabia comer. O tempo todo.

-Eu já estou indo para lá. Só vou pegar uma coisa no quarto e volto. -respondi dando-lhe um tapa na nuca e saí correndo, rindo de sua careta mal humorada.

Chegando no quarto, procurei por tudo quanto é canto o celular de Maurício, mas não o encontrei em lugar algum. Já tinha desistido de encontrar o bendito e pretendia retornar para o primeiro andar. Estava com a mão na maçaneta para sair, entretanto fui empurrada para dentro do quarto novamente e a porta fora fechada ao meu lado, por um Maurício bastante irritado, como eu nunca tinha visto antes.

-Qual o problema, Maurício? Por que está com essa cara azeda no rosto? Sabe, isso não combina nada com um homem tão bonito como você. -disse brincalhona.

-Você quer me explicar que merda foi aquela na piscina, Isadora? -ele rosnou aproximando-se de mim.

Eita, agora estava me chamando de Isadora e não Isa? Então ele realmente estava bravo para valer comigo.

-Não sei do que está falando. -me fiz de desentendida.

-Sabe sim, Isadora. Não me provoque. -ele colocou uma mão na parede atrás de  mim, encurralando-me entre ela e seu corpo.

É, parece que aquela não tinha sido uma boa ideia afinal de contas. Maurício estava muito bravo.

-Por que deixou aquele tipinho falar com você daquele jeito? Te olhar daquele modo? Hein? Me fala, Isa. Ele não pode trata-la assim. Por que não o cortou imediatamente?

Hã?

E eu achando que ele havia se chateado por outros motivos...

-E por que eu faria isso? Lucas estava apenas me elogiando, nada mais do que isso. -revirei os olhos.

-Não, não era só isso que ele estava fazendo, Isadora. O cara estava te secando na maior cara dura.

-E daí? É o natural, ué. Sou uma garota crescida e bonita. -dei um sorriso de canto de boca .

-Mas pode ter certeza de que não é. -disse cruzando os braços, ressaltando ainda mais os seus músculos.

Arregalei os olhos chocada demais com as palavras duras jogadas em minha cara. Percebendo seu erro, ele logo desarmou a postura taciturna e tentou consertar o equívoco.

-Não, Isa. Pelo amor de Deus, eu não quis dizer isso. Você entendeu errado. -ele se apressou em dizer quando notou meus olhos marejarem. -Eu... eu quis dizer que não é nada natural aquele pivete ficar te olhando daquela forma. Mesmo que você seja linda, porque você é, com toda certeza, ele não deveria agir desse modo.

-Você me acha linda mesmo ou está apenas tentando me convencer disso, depois do que disse? -questionei-o em desfio.

-É claro que acho isso, Isa. É verdade, eu não mentiria para você, boneca. -disse acariciando minha bochecha com o polegar.

-Então prove. -me grudei ao seu peito, agarrando seus braços com minhas mãos.

-O que?

-Isso mesmo que você ouviu. Prove. Me beije, aqui e agora.

-Isadora, você só pode ter perdido o maldito juízo, garota. Não está falando coisa com coisa. -ele tentou se afastar, entretanto eu não permiti.

-Por favor, Maurício. Não me negue isto. -eu insisti.

-Isa, eu não posso... Você é só uma adolescente e...

-Já sou uma mulher, Maurício, que irá completar dezoito anos dentro de poucos meses. Está na hora de você me enxergar como eu realmente sou e...

Eu iria tagarelar sobre mil e uma coisas, expondo todos os motivos pelos quais ele deveria fazer isso, quando subitamente minha boca foi atacada pela sua, e seus lábios esmagaram os meus com certa pressão e rapidez.

Aquilo tudo era novo para mim, mas então, antes que eu pudesse me acostumar ao ritmo e as novas sensações, Maurício interrompeu o beijo, dando um passo para trás.

-Isadora, você nunca...?

Balancei a cabeça em negativa, sentindo meu rosto esquentar de vergonha.

-Ai meu Deus do céu, eu sou um bastardo filho da mãe. -suspirou exasperado e deu alguns passos afastando-se, parando perto da minha cama, longe o bastante de mim. -Você é apenas uma criança, e eu um adulto que se deixou levar pelo momento. Que maldito aproveitador, eu sou. -ele parecia transtornado.

-Nunca mais repita isso, tá me ouvindo? -dei um tapa na cara dele, que me olhou espantado. -Você não é nenhum aproveitador, assim como eu também não sou nenhuma criança. Eu quis e pedi por isso. E agora eu vou te provar o quanto ainda te quero. -o empurrei com força, fazendo-o cair sentado na cama atrás de si. -Posso não ser muito experiente, mas não sou idiota, Maurício. Eu sei que você também me quer. Eu posso sentir. -avancei espalmando minhas mãos em seu peito e me sentei em seu colo, rodeando seu pescoço com meus braços.

-Isa... alguém pode chegar a qualquer momento e nos flagrar em uma situação muito complicada e comprometedora. -ele murmurou.

-Shiii. Não há ninguém aqui no andar de cima, querido. -comecei a distribuir beijos ao redor de sua clavícula, subindo até o lóbulo da orelha e descendo até a extensão do queixo onde havia uma barba por fazer, que o deixava extremamente sexy.

-Ah, boneca! Você ainda vai me meter em grandes confusões. -resmungou em meio um rosnados e tomou minha boca em um beijo inicialmente calmo, mas que fora tomando ritmo e profundidade a medida que eu conseguia acompanha-lo.

Não me lembro em que momento aconteceu, mas em um instante estávamos de um jeito, e no outro, Maurício havia invertido nossas posições, e agora eu estava deitada de costas no colchão, ele pairando  sobre mim, com os braços ao redor da minha cintura, suas mãos apertando a minha lombar contra seu corpo quente e sólido, e seu rosto enterrado em meu pescoço, perdido entre beijos e mordidas. Sua barba arranhando a pele sensível da região, fazia subir um arrepio gostoso por minha espinha, e involuntariamente, com que eu soltasse um gemido de prazer, arqueando-me em sua direção em busca de algo mais que eu não sabia o que era.

-Por Deus, é melhor a gente parar por aqui, garota, ou então as coisas vão sair dos trilhos muito rapidamente. -ele se levantou, e ficou andando de um lado para o outro no quarto com a respiração pesada.

-Isso que aconteceu aqui. -ele gesticulou com o indicador entre nós dois. -Não pode e não irá se repetir outra vez, Isadora. Nunca mais. Que loucura! O que as pessoas iriam pensar? Meu Deus do céu. Eu estou muito ferrado.

-Maurício, para e me escuta um segundo, por favor. -pedi ficando de pé e caminhando até parar em sua frente.

-Eu nunca fui boa em fingir ou ignorar o que sinto. E não me importo com o que vão dizer. As pessoas sempre irão falar de um jeito ou outro. Mas o que existe entre a gente é raro e eu não quero perder. Só quero um pouco mais do seu carinho, entende? -entrelacei nossos dedos.

Maurício encarava-me com os lábios entreabertos, seus olhos varriam cada centímetro do meu rosto, como se me enxergasse pela primeira vez.

-Eu não consigo evitar, tudo que eu mais quero é ter você perto de mim a todo momento. Mas você fica me evitando, lutando contra esse sentimento, mesmo sabendo que isso é o que você também quer. Sei que talvez você tenha medo de se envolver, mas porque não? Por que não dar uma chance antes de descartar a ideia? Você precisa deixar acontecer. - pedi olhando-o nos olhos.

Então nós fizemos acontecer. E foi muito bom. Mas, apenas por tempo. Até que tudo acabou.

Se eu sofri? Sim, e muito. Talvez eu nunca devesse ter insistido tanto, para no final ter quebrado a cara e o coração.

O tempo passou, a vida continuou, mas as vezes eu me pegava questionando se ele ainda pensava, nem que fosse um pouco, em mim. Eu vivia me perguntando se era só eu que estava sofrendo daquele jeito. Se ele também estava igualmente triste ou se a vida tinha voltado a normalidade para ele.

Maurício até quis voltar atrás, um tempo depois, consertar as coisas e continuar de onde havíamos parado. Doeu para caramba ter dito não e dado um basta naquele ciclo vicioso. Mas era necessário.

No fim as adversidades venceram. Eu tentei. Juro que tentei, contudo, uma hora eu tive que me tocar. Não poderia ficar me iludindo eternamente. Eu estava sozinha nessa relação que deveria ser de dois. Então tive de seguir em frente, tomar vergonha na cara e ter amor próprio.

E foi o que eu fiz.

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Comments

Joelma Oliveira

Joelma Oliveira

uma coragem a muitas não tem. me incluo nisso.

2022-11-20

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