Capítulo 17

O final de semana havia terminado, embora Gael tivesse descansado, ele se sentia exausto, principalmente depois de sua conversa com o secretário Ricci.

Hoje ele chegou à loja mais cedo do que o habitual, limpou o chão e organizou as coisas, os funcionários foram chegando e o dia transcorreu normalmente.

Quando chegou a noite, Gael recebeu uma mensagem de texto de Jerson, na mensagem dizia para ele ir imediatamente.

Gael fechou a loja rapidamente e dirigiu-se ao prédio onde Jerson morava.

Depois de passar pela recepção, Gael subiu no elevador até o último andar onde estava o apartamento de cobertura, quando bateu na porta, uma senhora abriu rapidamente, ao ver Gael, a senhora sorriu e o recebeu calorosamente.

"Bem-vindo jovem Gael."

"Boa noite, senhora Julia."

Gael sorriu igualmente, a senhora Julia era alguém que ele conhecia desde muito jovem, ela era responsável por cuidar de Jerson há muito tempo, embora estivesse encarregada apenas do cuidado de Jerson, a senhora Julia também cuidava de Gael, se não fosse por ela, Gael teria morrido de fome quando era criança.

"Como você está?"

"Estou bem."

Gael segurou as mãos da senhora e as segurou, suas mãos ainda estavam quentes como antes, mas o passar dos anos podia ser sentido nelas.

Enquanto conversavam na entrada, de repente, ouviu-se risadas altas, a senhora Julia olhou para Gael com pena e o levou rapidamente para dentro, quando chegaram à sala, havia um grupo de jovens conversando animadamente.

Como Gael havia imaginado, esses jovens eram amigos de Jerson, Jerson organizava essas reuniões regularmente e chamava Gael.

Gael se aproximou e os cumprimentou.

"Boa noite."

Ao ouvirem a sua voz, todos olharam para ele, Jerson levantou a mão e fez um sinal para a senhora Julia.

"Leve-o para a cozinha."

A senhora Julia assentiu e dirigiram-se para a cozinha, enquanto se afastavam, o som das risadas ficou mais alto.

Gael foi até a mesa e começou a preparar os aperitivos.

"Você não precisa fazer isso, já está tudo pronto."

Antes que Gael pegasse a faca para cortar algumas frutas, a senhora Julia o interrompeu e apontou para a outra mesa, onde havia todos os tipos de aperitivos prontos.

"Oh, eu não tinha visto."

Gael largou a faca e quis limpar a cozinha, mas já estava tudo limpo e arrumado, ao vê-lo, a senhora Julia sorriu e aproximou uma cadeira.

"Sente-se, você deve estar cansado."

Ao ver que não havia nada para fazer, Gael se sentou.

"Obrigado."

"Como você tem passado esses dias?"

"Bem, muito bem."

Embora ela perguntasse várias vezes, Gael sempre respondia da mesma forma, a senhora Julia suspirou e trouxe um copo de leite com alguns biscoitos e entregou a Gael.

Gael agradeceu, pegou o copo de leite e o bebeu junto com os biscoitos, desde criança, Gael comia qualquer coisa sem reclamar, mas sempre gostava de tomar um copo de leite com biscoitos de amêndoas, e a senhora Julia sabia disso, então sempre que tinha a oportunidade, assava os biscoitos e os dava a Gael.

Enquanto o observava comer, ela se lembrou do menininho que havia visto naquela casa, sempre tão tranquilo e amável, embora agora ele tivesse crescido, ainda tinha aquela beleza que o caracterizava.

"Você se tornou mais bonito."

Gael levantou os olhos e viu a senhora Julia sorrindo para ele, sempre que se encontravam, a senhora Julia lhe dizia essas palavras, Gael achava que eram apenas por amabilidade e sempre agradecia.

"Obrigado."

"É a verdade, não encare minhas palavras como amabilidade, se não fossem verdadeiras, eu não diria."

"É mesmo?"

"Claro, desde criança você sempre foi tão bonito."

Ele havia ouvido algumas pessoas dizerem que ele era bonito, mas Gael não levava isso a sério, mesmo quando sentia alguns olhares, pensava que era apenas por ser ômega.

"Eu não acredito que seja assim."

Depois de falar, Gael voltou a comer os biscoitos, a senhora Julia podia entender por que Gael pensava dessa maneira, quando você cresce ouvindo palavras cruéis e sendo ridicularizado por sua aparência, é difícil esquecê-las e isso gera insegurança, ela conhecia perfeitamente aquelas pessoas que haviam gerado essa insegurança em Gael.

"Às vezes é bom deixar as lembranças para trás, especialmente se forem dolorosas."

Gael deixou os biscoitos e olhou para a Senhora Júlia.

"Às vezes é difícil."

"Nada pode ser fácil no começo, mas você deve tentar. A distância é importante, você precisa se afastar das pessoas que te machucam e ter tempo para se curar."

"Eu sinto que estou em dívida com eles, não posso me afastar tão facilmente."

A Senhora Júlia balançou a cabeça.

"Não, você não tem nada a pagar para sua tia. Você já ajudou o suficiente. Você tem que viver sua vida, estar aqui só te deixa preso e você não consegue avançar para o seu futuro que com certeza será ótimo. Você está deixando seus sonhos para trás e afastando as pessoas da sua vida."

No fundo do seu coração, Gael sabia disso, mas era difícil para ele fazer isso.

"Não é fácil aceitar minha realidade, eu sei. Eu sei que pode ser frustrante me ver assim, mas para mim é ainda pior, eu sou tão patético."

Gael se apoiou na mesa e cobriu o rosto com as mãos, ele queria chorar, mas não queria fazer uma cena.

A Senhora Júlia estendeu a mão e deu umas batidinhas nas costas dele para acalmá-lo.

"Você não é patético, todos nós temos que lutar na vida, embora algumas lutas sejam mais difíceis, a vitória sempre chega."

Gael concordou e pegou o copo de leite.

Depois de terminar de beber o leite, Gael pegou alguns pratos com petiscos e saiu para a sala com a Senhora Júlia, eles colocaram os pratos em uma mesinha que estava no centro e se afastaram. Quando estavam se afastando, um dos convidados levantou seu copo e o agitou.

"Sirva-me mais."

A Senhora Júlia se aproximou e tentou pegar o copo, mas o jovem o afastou.

"Que ele faça isso."

Com um sorriso, ele apontou para Gael. Gael se aproximou, pegou o copo, o encheu e entregou para o jovem.

"Senhora, você pode sair. Fique ele."

Disse Jerson. A Senhora Júlia olhou preocupada para Gael, mas como não podia fazer nada, saiu.

Gael ficou em pé um pouco longe para não atrapalhá-los. Sempre que Jerson o chamava, essas coisas aconteciam.

Logo a conversa recomeçou, um dos jovens olhou para Jerson e perguntou.

"Como vão as coisas com aquele Alfa?"

Jerson colocou o copo na mesa e sorriu confiantemente.

"Tudo está indo muito bem, acredito que em breve teremos boas notícias."

Ao ouvir suas palavras, todos os jovens aplaudiram.

"Então, você já experimentou?"

Um dos jovens com cabelos loiros levantou as duas mãos e fez um gesto obsceno com os dedos, todos começaram a rir como se estivessem acostumados a falar dessas coisas, apenas Gael se sentiu envergonhado.

"É grande?"

A conversa suja continuou e eles pareciam se divertir.

"Deve ser, porque ele é dominante. Embora todos os alfas sejam grandes."

As risadas continuaram, Jerson pegou o copo e deu um gole.

"Tudo a seu tempo."

"Você não deveria esperar tanto tempo, senão alguém poderia te tirar ele."

Disse um dos amigos.

"Quem teria coragem? Se alguém chegar perto dele, vai ter que se enfrentar comigo primeiro."

Disse Jerson com muita confiança. Embora Gael tenha ouvido que Jerson ia até o escritório de Dante, não havia rumores sobre eles saindo juntos, se fosse assim, ele teria sabido, pois todas as novidades se espalham pela loja.

Pensando nisso, Gael se lembrou do rosto daquele homem. Era difícil esquecer aquele sorriso. Enquanto pensava nisso, Gael se lembrou que tinha recebido um cartão com o número de celular de Dante.

"Bom, acho que vou conseguir de alguma forma. Não existe nenhum alfa que resista a um ômega."

"Embora as feromonas sejam de grande ajuda, para alguns ômegas elas não têm efeito nenhum."

"E ainda mais se você for horrível e um mendigo."

As risadas ficaram mais altas, claramente essas piadas eram para Gael.

Depois de controlar seu riso, um jovem com várias perfurações nas orelhas disse.

"Jerson, seria bom você fazer um teste para ter certeza."

"Que teste?"

"Eu ouvi falar de um teste para saber se você pode gerar bebês alfas. Ter um bebê alfa é um seguro de vida."

A conversa continuou até tarde e Gael se encarregou de atendê-los.

Quando chegou a hora de ir embora, a Senhora Júlia deu a Gael recipientes com comida e algumas coisas para ele guardar na sua cozinha.

A longa noite tinha terminado.

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