Sombras do Passado

🔥Capítulo 5 — “Sombras do Passado”

Capítulo 5 — “Sombras do Passado”

A manhã estava fria, envolta em uma névoa espessa que parecia esconder os segredos da cidade.

Ren e Aki caminhavam lado a lado pelas ruas do bairro industrial, onde o som distante das máquinas quebrava o silêncio.

Aki segurava uma pasta gasta de couro — dentro, havia recortes de jornais e anotações antigas.

Ren olhava curioso. — Isso tudo é sobre os Dragões de Aço?

— E sobre o meu mestre — respondeu ela, sem levantar os olhos. — Ele desapareceu há cinco anos. E agora os Dragões estão usando os mesmos símbolos que ele criava.

Ren franziu a testa. — Tu acha que ele… tá envolvido com eles?

— Não sei. Mas quero descobrir.

Eles chegaram a um antigo armazém abandonado, o mesmo lugar onde Aki dizia ter treinado quando criança.

As janelas estavam quebradas, e o chão coberto de poeira e ferrugem.

— Aqui é onde tudo começou — murmurou Aki, andando devagar.

Ren observava cada detalhe, atento. — Parece cenário de filme de terror.

Ela soltou um pequeno riso. — O mestre dizia que o medo é a primeira coisa que a gente precisa vencer.

Enquanto exploravam, Ren notou algo gravado na parede: um símbolo circular com três garras no centro — o mesmo visto nos relatórios sobre os Dragões de Aço.

— Aki… — ele chamou. — Isso aqui… é igual ao símbolo da gangue.

Ela se aproximou, tocando o desenho com a ponta dos dedos.

O toque levantou poeira, mas revelou algo escondido: uma inscrição em japonês.

Ren não entendeu, mas Aki traduziu em voz baixa:

“O fogo cria o aço. O aço molda o destino.”

Ela recuou um passo, chocada.

— Essa frase… era o lema do meu mestre.

Ren piscou. — Espera… quer dizer que ele fundou os Dragões?

— Ou alguém próximo a ele. — O olhar de Aki ficou frio. — Ele sempre falava sobre equilíbrio entre força e controle… mas parece que alguém levou isso longe demais.

Enquanto investigavam mais, Aki encontrou um cofre velho escondido sob o piso.

Ren ajudou a puxá-lo com esforço. O cofre se abriu com um estalo enferrujado.

Dentro, havia apenas uma foto — desbotada pelo tempo.

Aki pegou o retrato com cuidado.

Na foto, um homem sorridente de cabelo grisalho — o mestre dela — posava com três jovens ao lado.

Mas o que gelou o sangue de Aki foi o rosto do rapaz à direita.

Ren olhou por cima do ombro dela. — Quem é ele?

Aki respondeu com a voz trêmula: — Ele se chamava Toru. Meu irmão.

Ren ficou surpreso. — Tu nunca falou que tinha irmão.

— Porque ele morreu… — ela murmurou. — Ou pelo menos… foi o que me disseram.

Ela virou a foto e leu uma inscrição no verso:

“Projeto Aço — Unidade Renascida.”

Ren franziu o cenho. — Isso soa… nada bom.

Aki fechou os punhos. — Toru era um gênio. Mas o mestre dizia que ele queria levar o treinamento além dos limites humanos. Se ele está vivo… e com os Dragões…

Ela não terminou a frase. Mas o silêncio dizia tudo.

Mais tarde, no alto do telhado do armazém, os dois observavam o pôr do sol.

Aki estava distante, perdida em pensamentos.

Ren sentou ao lado dela, oferecendo uma garrafa de água.

— Tu tá quieta desde que vimos a foto — disse ele. — Quer conversar?

Aki demorou a responder.

— Ren… se o meu irmão realmente está com os Dragões… significa que todo esse tempo eu estive lutando contra o meu próprio sangue.

Ren olhou pra ela, sério. — Isso não muda quem tu é. Tu não escolheu o que eles fizeram.

Ela virou o rosto, os olhos marejados. — Mas e se ele acha que o que faz é certo? Se ele acredita que tá seguindo o legado do mestre?

Ren hesitou, mas depois colocou a mão no ombro dela.

— Então mostra pra ele que o verdadeiro legado é o que tu carrega. O fogo não destrói — ele ilumina.

Aki o encarou em silêncio. As palavras simples dele pareciam acalmar algo dentro dela.

— Tu sempre tem uma resposta, né? — disse, sorrindo fraco.

— Só quando tô tentando parecer esperto — ele respondeu, arrancando uma risada dela.

Naquela noite, Aki revisava os papéis enquanto Ren dormia encostado na parede.

Ela abriu um dos documentos e encontrou algo ainda mais estranho — um mapa marcado com três pontos vermelhos.

No rodapé, uma palavra:

“Forja”

Aki franziu o cenho. — Forja?

Antes que pudesse pensar mais, ouviu um ruído vindo da entrada.

Instantaneamente, sacou a pequena adaga que trazia na cintura.

— Quem tá aí?!

Uma sombra se moveu entre as colunas.

Aki se aproximou, em silêncio, até que a luz da lua revelou um rosto familiar.

Era Ryo, o ex-membro dos Lobos Vermelhos — ferido, mas vivo.

— Relaxa… não vim brigar — disse ele, mancando. — Só… avisar.

Aki estreitou os olhos. — O que tu quer?

Ryo olhou ao redor, nervoso. — Os Dragões estão caçando vocês. Eu ouvi dizer que o líder deles quer o garoto… o dos olhos de fogo.

— Ren? — Aki deu um passo à frente. — Por quê?

— Eles acham que ele é a chave pro tal “Projeto Aço”. — Ryo respirou fundo. — E… o novo líder… ele tem olhos como os teus.

Aki congelou.

— Olhos como os meus?

Ryo assentiu. — Dourados. Iguais.

Antes que pudesse dizer mais, um tiro ecoou.

Ryo caiu no chão, o peito sangrando.

Aki olhou na direção do disparo — uma figura de sobretudo preto se afastava nas sombras.

Ela correu até Ryo, mas já era tarde.

— Ryo… quem foi…? — ela perguntou, tremendo.

Com a última força, ele murmurou:

— “O… irmão…”

O corpo ficou imóvel.

Aki recuou, chocada.

O vento soprou forte, apagando as velas que iluminavam o armazém.

Na manhã seguinte, Ren acordou e encontrou Aki de pé, olhando o horizonte, os olhos vermelhos de tanto chorar.

— Aki… o que aconteceu?

Ela não respondeu de imediato. Apenas mostrou o mapa e a foto.

— Ele tá vivo, Ren. Meu irmão tá vivo. E ele é o líder dos Dragões de Aço.

Ren ficou sem palavras.

— Então… o inimigo é tua família.

Aki respirou fundo, o olhar firme.

— Sim. Mas isso não muda nada. Se ele virou o que dizem… então é meu dever pará-lo.

Ren assentiu. — Então não vai ser sozinha.

Ela o olhou, surpresa.

— Isso é pessoal, Ren.

— E tu acha que eu te deixaria enfrentar isso sozinha? — ele respondeu, determinado. — Tu me ensinou a lutar. Agora é minha vez de lutar por ti.

Aki tentou esconder o sorriso, mas falhou.

— Tu é teimoso.

— Eu aprendi com a melhor.

Enquanto o sol nascia sobre a cidade, os dois desciam as escadas do prédio, prontos pra seguir as coordenadas do mapa.

No alto, a névoa se dissipava lentamente, revelando o céu dourado.

Mas nas sombras, olhos frios os observavam.

Uma voz grave ecoou em um comunicador:

— Confirmado. Aki e o garoto estão indo para o ponto um.

— Ótimo — respondeu outra voz, com um tom frio e familiar. — Preparem a recepção.

O homem desligou o rádio, revelando o rosto.

Toru.

O brilho dourado nos olhos dele refletia o nascer do sol.

🔥 Fim do Capítulo 5 — “Sombras do Passado”

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Comments

Yuuko Ichihara

Yuuko Ichihara

Continua escrevendo, autora, você tem um dom! Sou sua fã! 😉

2025-10-14

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